Paper Mario Sticker Star - Análise
Folhado de estrelas.
Mario possui a curiosa habilidade (Paperisation) que permite a qualquer instante transformar a área onde se encontra, numa folha de papel, de modo a colocar-se sobre ela e colar esses stikers sobre alguns espaços quadriculados, o que lhe permite não só resolver puzzles, atravessar áreas de outro modo fechadas e até obter alguns bónus ou mais umas caixas de enigma.
Esta habilidade pode ser utilizada por Mario ao contrário, permitindo-lhe retirar stickers” e voltar a colocá-los na posição correta ou então num outro ponto do cenário. Este inovador sistema é rapidamente apreendido nos primeiros momentos do jogo, quando levantámos a fonte instalada no centro da vila depois de nos depararmos com um alerta de um Toad que parece ter ficado debaixo da “folha” aquando da restauração de Decalburg.
Os puzzles abundam em Sticky Star e umas vezes serão laterais à própria aventura, não implicando a sua resolução para que sigam até ao final do nível, mas outras vezes terão de se aplicar a fundo, investigando cada recanto e todas as possibilidades. Só assim conseguirão obter objetos secretos e específicos para usar em determinados momentos. É que existe outra especialidade, nomeadamente a possibilidade de transformar certos objetos encontrados durante a campanha em folhas, podendo ser transportadas para locais específicos a fim de lhes ser dada determinada função através da aludida técnica “paperisation”.
Numa zona da cidade Mario pode transformar uma ventoinha numa folha de papel para num nível do primeiro mundo emitir rajadas de vento diante de um moinho, de modo a conseguir desobstruir a porta. Este é só um dos exemplos do sistema de transformação de certos objetos em folhas e cuja aplicabilidade reveste-se de enorme utilidade para completar o nível. Atendendo à ausência de linearidade, da perspetiva de resolução dos puzzles, Sticky Star é uma verdadeira caixa de surpresas e força o jogador a pensar para seguir em frente. Explorar bem cada recanto do cenário é outra possibilidade e isso leva a que mais do que um percurso em linha reta, a experiência fique marcada por constantes deslocações à vila de modo a escolher os objetos corretos.
Ao longo dos níveis, Mario irá encontrar inúmeros inimigos. Umas vezes poderá abeirar-se deles e acertar-lhes logo com a marreta, conseguindo uma ligeira vantagem, outras vezes poderá ser surpreendido por algum ataque. A estrutura é muito similar à dos jogos de role play e talvez o elemento mais familiar da série. Podendo lutar contra um ou três inimigos em simultâneo, a batalha decorre num espaço 3D e implica que Mario recorra aos stikers que foi encontrando nos níveis ou que tenha comprado na loja da vila, para derrotar os adversários.
No ecrã inferior encontram-se alinhados os ataques. Atendendo ao desenho de cada um, sabemos qual a sua utilidade. Tal como nos jogos anteriores, terão de escolher o sticker em função do adversário. Não fará por isso sentido fazer o ataque com sapatos e rabo sobre a cabeça de um inimigo que possui uma carapaça de espinhos, como será útil para um cato usar a marreta lateral. Nestes combates poderão recorrer a objetos especiais transformados em folhas, nomeadamente a tesoura para causar mais dano. Convém, porém, reservar esses “stikers” para as batalhas mais importantes, que tendem a ocorrer no final de cada nível.
Contrariamente ao que seria de esperar, Mario não faz level up depois de derrotar os inimigos. O seu estado de saúde pode ser recarregado através dos corações colocados em pontos concretos do nível ou então através dos despojos dos inimigos, no entanto, para ganhar mais saúde Mario terá de encontrar corações com a inscrição mais, que significa um aumento da barra de saúde. Isto significa que os combates deixam de assumir preponderância, a menos que pensem nos despojos deixados pelos inimigos. É normal que em certos momentos da aventura não queiram combater e tentem fugir dos adversários, sobretudo se estiverem com pouca saúde e quiserem preservar os poucos stickers disponíveis para uma batalha mais importante.
O combate poderá ser o lado mais custoso do jogo, especialmente quando pretendem evitar uma luta a todo o custo. A sua morosidade parece limitar o efeito positivo da liberdade para exploração, ainda que ao congelar esse ímpeto, traga até algumas surpresas, fruto da variedade de inimigos e complexidade que alguns oferecem. Outras vezes fará sentido confrontar certas criaturas como os Sombreros Guy, que enquanto não forem derrotados entram em cena para fortalecer os ataques de Goombas ou Koopas. Refira-se que Mario poderá recorrer, dentro do seu turno, a uma máquina de slot que lhe permite ampliar o número de ataques dentro da sua vez. Pode assim ampliar até 2 ou 3 ataques, dependendo do resultado. As moedas desempenham um papel decisivo, já que é com elas que poderemos comprar duas caixas de ataque, enquadrando assim 2 poderes dentro da mesma jogada. Porém, o preço a pagar por esses espaços suplementares de ataque vai sendo cada vez maior à medida que recorrem à máquina. Por isso é que combater acaba por ser uma tarefa algo repetitiva mas útil. Por cada ataque certeiro e bem contemporizado conseguimos não só atacar melhor mas também obter mais moedas, ficando em condição de entrar na eShop para abastecer a pasta de autocolantes.
"Além disso, estejam preparados, Paper Mario Sticker Star é uma daquelas aventuras bastante longas, sobretudo se quiserem chegar a todos os tesouros."
Para lá do combate Sticky Star oferece-nos um mundo particularmente desenvolvido, visualmente atrativo e inscrito em várias temáticas, com diferentes zonas superiores e inferiores. O aspeto mais importante é a sua construção em 3 dimensões e o efeito de rotação que se vê nalgumas áreas. Num nível do mundo 2 encontrámos uma gigantesca pirâmide que nos leva a explorar cada um dos lados. Subindo os degraus quase em espiral, é como se estivéssemos diante de um Super Mario 3D Land, com objetos que se afastam e se aproximam em profundidade, isto por causa dos efeitos 3D da consola. Diga-se que a esse respeito, que Sticky Star faz um aproveitamento bastante forte dos efeitos, principalmente quando nos encontramos a explorar os níveis. E depois há todo um grau de humor (não só em cenas animadas mas também nos diálogos) e de imprevisibilidade de certas situações que fazem desta narrativa outra atracão, sem nunca chegar a ser desagradável. A música é igualmente bastante competente, adequando-se aos espaços que vamos percorrendo. Além disso, estejam preparados, Sticky Star é uma daquelas aventuras bastante longas, sobretudo se quiserem chegar a todos os tesouros.
Ao desenvolver pela primeira vez para uma portátil um jogo da série Paper Mario, a Intelligent Systems conseguiu inscrever todos os predicados dos jogos anteriores e até refinou alguns aspetos, nomeadamente no plano do combate por turnos, facilitado na 3DS por força do ecrã táctil. A Nintendo 3DS permite também reproduzir um dos mais destacados trabalhos artísticos, pejado de puzzles engenhosos e para os quais as soluções terão de ser encontradas pelos mais persistentes. Sticky Star, mesmo sendo familiar em boa parte da sua estrutura consegue ser um jogo inteligente e desafiante. Vale a pena folhear os mundos ao redor de Decalburg.