Passaram 12 meses desde que a Microsoft comprou a Activision Blizzard
Reestruturação, despedimentos, novo Game Pass e estratégia multiplataforma.
Um ano após a conclusão da aquisição da Activision Blizzard pela Microsoft, o impacto desta transação continua a repercutir-se na indústria. Este negócio, finalizado em outubro de 2023 após um longo processo de avaliações regulamentares e disputas legais, transformou a Microsoft numa das maiores empresas do sector, agora com um portfólio que inclui algumas das franquias mais lucrativas, como Call of Duty e Diablo.
No entanto, a integração da Activision Blizzard trouxe grandes questões. No início de 2024, a Microsoft anunciou o despedimento de cerca de 1.900 funcionários, uma decisão que afetou profundamente os estúdios da Activision Blizzard, ZeniMax e Xbox. Entre os afetados estava o estúdio Toys for Bob, que perdeu 86 funcionários, e o encerramento da Arkane Austin, produtora de Redfall. A saída de executivos importantes, como o presidente da Blizzard Mike Ybarra e o chefe de design Allen Adham, também marcou este período de reestruturação, incluindo o encerramento de projetos auspiciosos como um jogo de sobrevivência num novo universo, originalmente liderado por Dan Hay.
Para além dos cortes, a Microsoft procedeu à reformulação da sua estratégia de distribuição de jogos. Com a inclusão dos títulos da Activision Blizzard no serviço Xbox Game Pass, a empresa reforçou o valor do seu serviço de subscrição. Jogos como Diablo 4 e Call of Duty: Modern Warfare 3 já estão disponíveis para os subscritores, enquanto Call of Duty: Black Ops 6 se juntará à plataforma em outubro de 2024. No entanto, as alterações ao modelo de subscrição também geraram polémica, com a retirada de mais de 40 jogos do Game Pass no novo patamar básico.
Ao mesmo tempo, a Microsoft demonstrou flexibilidade ao alargar a disponibilidade dos seus jogos. Títulos anteriormente exclusivos da Xbox, como Sea of Thieves, chegaram à PlayStation 5 e à Nintendo Switch, e jogos como Pentiment e Grounded seguiram o mesmo caminho. Esta decisão parece corresponder à intenção da empresa de maximizar o seu alcance e não apenas de se concentrar em exclusivos de plataformas.
Em termos de liderança, as mudanças não se ficaram por aqui. A Microsoft nomeou Johanna Faries, ex-responsável pela franquia Call of Duty, como presidente da Blizzard, e Matt Booty assumiu o cargo de presidente de conteúdo e estúdios de jogos. Bobby Kotick, o CEO polémico da Activision Blizzard, deixou o cargo no final de 2023, iniciando uma nova fase na história da empresa.
A aquisição, apesar das dificuldades internas e do impacto nos trabalhadores, deu à Microsoft uma posição privilegiada no mercado, com uma das maiores bibliotecas de jogos e uma sólida plataforma de subscrição. A longo prazo, a questão principal será a forma como a empresa equilibra os interesses comerciais com a necessidade de renovar e manter a fidelidade dos jogadores, ao mesmo tempo que terá de enfrentar os impactos das suas decisões de reestruturação.