Passione Rossa
Como a Ferrari continua a motorizar os jogos de automóveis.
Essa foi a base e o ponto de partida para um jogo que inovou na jogabilidade, na adaptação do género às cabines, reunindo alguns aspectos ligados à condução desportiva num veículo que ditava os cânones da beleza e características motoras.
"A ideia é tornar o impossível possível"
Em 1999 Yu Suzuki voltou aos jogos de automóveis com corpo e alma, desta vez na posse do alto patrocínio da Ferrari e já com um estonteante F355 na sua garagem privada. Novamente nas arcades, a cabina de F355 Challenge foi outra revolução. Com três grandes monitores para captar todos os ângulos de maior incidência, só quem jogou numa testemunhou a particularidade da manete de mudanças, com as ranhuras para não falhar uma engrenagem. É uma cabina avançada, com três pedais, ao gosto dos jogadores mais exigentes, ficando tudo mais autêntico quando se sentam no posto de condução.
F355 Challenge é sinonimo de um vermelho pintado com pompa e glamour para os mais duros desafios em pista, onde a Ferrari sempre somou sucessos e batalha por um arranque na linha da frente. F355 é o carro das pessoas ricas no final dos anos 90, cliente residente do Mónaco e figura em relevantes cenas cinematográficas.
Mas depois do contacto inicial com o jogo um outro valioso significado fica descoberto. F355 Challenge simula as incidências em pista de um Ferrari enquanto segue de perto as particularidades de um campeonato oficial. Nalguns países as entidades desportivas organizam os campeonatos com regras específicas. Numa tentativa de obter o máximo de informação e dados relevantes para tornar a experiência não só realista, mas fundamentalmente compensadora, Yu Suzuki colaborou com engenheiros da fábrica em Maranello, tendo mesmo visitado as instalações e ficado ciente de muitas particularidades que se escondem nos belos automóveis.
Para um jogo concebido nos moldes arcade, geralmente de acesso imediato e simples F355 Challenge permite essa entrada, na medida em que os menos experientes e novatos liguam as assistências e indicador de trajectória. Sem ajudas a diferença que resta tanto facilita as falhas como mais depressa possibilita chegar à frente. Com a perspectiva de jogo a partir do interior do veículo não dá para concentrar em mais aspectos do que o cimo do volante. A pista e o carro ganham particular intimidade.
Scuderia Ferrari – uma história pintada de sucesso
Na Fórmula 1, também se aplica aquele handicap referido pelas pequenas equipas de futebol (agora nem tanto), quando pisam o relvado de uma Luz ou antigo das Antas para rivalizar com um dos grandes. Uma espécie de David contra Golias e tudo fica complicado. Por isso passou David Coulthard há uns anos, quando começou a sentir a pressão de Michael Schumacher. O alemão pilotava o Ferrari e meteu ao bolso a diferença que o separava do líder em pouco tempo. Não tardou até os espelhos retrovisores do McLaren de Coulthard ficarem lotados de vermelho. É o peso da pressão com dois problemas acrescidos. Geralmente o Ferrari de F1 é um carro ultra competitivo e há sempre um piloto com muito talento a imprimir a dose adequada de velocidade nas curvas e rectas para almejar a bandeirada de xadrez na frente.
Em GT5 Prologue o melhor está reservado para o final. Acrescentar à garagem pessoal o Ferrari F1 2007 de Kimi Raikkonen e Felipe Massa é obrigatório e não há como esmorecer na tarefa de angariação de verbas necessárias para a aquisição. Pela primeira vez a equipa de Kazunori Yamauchi inscreveu um Fórmula 1 totalmente oficial na lista dos concessionários. É um forte passo na cobertura dos vários géneros de competição e isso fica tão mais notório quando se avança para a pista. O poder da aceleração é avassalador ( com sete relações de caixa até às 18 mil rotações por minuto) e a passagem pelas curvas faz-se de forma mais incisiva sendo possível travar tarde, embora sem margem para falhar uma trajectória quando esteja em prática uma volta rápida. A novidade de um Fórmula numa série como Gran Turismo tem um significado especial que não coincide propriamente com o de outros jogos baseados nos campeonatos oficiais. Exemplo dessa particularidade está na constante reprodução de vídeos espalhados pela rede que comparam, lado a lado,uma volta de qualificação do Felipe Massa com a volta virtual do mesmo piloto. Podia servir de mini-jogo para assinalar as diferenças.
Enquanto a Ferrari permanece intacta na busca por novas soluções tecnológicas, de estilo e design para os tempos vindouros, também os produtores das mais recentes produções jogáveis encontram nas recentes criações da marca italiana mais um desafio e um ponto de partida para a evolução. A Turn 10 e a Polyphony Digital não se furtaram ao dever de representação assim que a Ferrari anunciou o 458 Itália. A lista de carros disponíveis engorda a cada nova iteração, sem esquecer o avanço dado aos clássicos que muitos preferem conduzir , apanhados sob os mais diversos ângulos. Outros jogos como Ferrari Challenge, PGR, Outrun 2, Grand Prix Legends, 24 Hours Le Mans ostentam bólides de outras gerações em primeiro plano, mas sempre no átrio comum e dentro de uma experiência de primeira água. Não é só sobre carros luxuosos e inacessíveis ao comum dos mortais. É também sobre motorização italiana refinada, ambição e emoção em tom de vermelho distinto.