Passar para o conteúdo principal

PES 2012

Futebol convida.

Por cada ano que passa Pro Evolution Soccer (PES) é submetido a dois testes. O primeiro é um teste à capacidade da PES Team oriunda de Tóquio e liderada por Shingo "Seabass" Takahata em acrescentar novidades e novas referências no "gameplay" do seu simulador por excelência e o segundo é o teste ditado pelos próprios fãs. Muitos deles com mais de uma dezena de anos de fidelização e que esperam que seja sempre tratado da melhor forma o seu simulador favorito.

Para os amantes deste género, este é um período decisivo. Fazem-se apostas e espera-se por algo de novo. Sobretudo que estejam disponíveis soluções mais abrangentes, tendo em vista a competição e uma melhoria sobre o sistema de jogo, sobre como a bola transita entre os jogadores e se move até ao fundo da rede. Isso é o mais importante.

PES tem-se pautado por alguma oscilação nesta geração. Enquanto que na geração anterior de consolas consolidou uma estrutura junto dos fãs, nesta geração nem todas as edições têm alcançado tal patamar, pelo menos dentro de um consenso mais alargado. Talvez seja algo que se possa perceber se interpretarmos a origem da série. Normalmente os japoneses são muito bons e eficazes quando entram numa qualquer indústria. Basta ver que no caso dos videojogos foram preponderantes no crescimento da indústria, tendo aberto uma série de ideias e conceitos que hoje constituem autênticos tratados.

Desafio com sol acolhedor no Allianz Arena.

O problema é que após essa fase inicial de crescimento muitos dos produtores têm dificuldade em conciliar esse envolvimento com inovação. Se conseguiram algo de muito bom, é esse patamar quase reduzido a uma tradição que lhes fica como referência. E por força disso perdem tempo e margem de evolução. Mesmo nalgumas franquias clássicas a margem de inovação tende a ser muito ponderada porque eles têm o medo de deixar fugir o que conquistaram. Por isso é que PES ainda continua bastante tradicional. Com olhos no presente sem esquecer o vasto e rico passado.

De resto também não vou ao ponto de dizer que o melhor da série está na PS2 ou que PES 6 ainda é uma referência. Parece-me que isso não faz sentido. Antes pelo contrário, se compararem uma versão do começo do milénio com a atual encontram uma diferença da água para o vinho. PES evoluiu e está muito melhor. O que podemos dizer é que em termos comparativos a Konami podia ter arriscado mais nos últimos anos, a sair mais depressa do tradicional e da área defensiva para jogar a ataque e encarar o futebol com os olhos postos em 2011 e por aí diante.

PES 2012 para o futuro

Com segurança podemos dizer que felizmente o está a fazer. PES 2012 é claramente outra frescura e dá já sinais muito claros dessa vontade em mudar. Uma mudança para mais e melhor futebol. Não me parece justo, porém, comparar este com outros jogos do passado da série, antes revelar que PES 2012 tem o seu espaço, tem uma parte tradicional que os fãs admiram, mas que também tem outra continuação que nos leva a crer que os próximos capítulos poderão proporcionar coisas ainda mais interessantes.

É de resto uma navegação mais atenta deste transatlântico capitaneado por Shingo "Seabass". Ele sabe para onde vai. Pode ser uma ideia generalista e algo previsível atendendo ao contexto, dizer que se pretende fazer do futebol virtual uma experiência cada vez mais realista, como que transportando os jogadores para dentro do relvado, podendo sentir e partilhar em rede esse sentimento de posse de bola, se no concreto as coisas continuarem algo complicadas e com falhas que afetam aquilo que é de esperar no decurso normal de uma partida.

Rostos muito realistas e marcados pelo suor.

O que nos faz assumir que "Seabass" está mais atento às questões, dúvidas e comentários levantados pelos fãs a cada ano que passa é precisamente a atenção que ele e sua equipa de engenheiros empregam no "coração" do jogo, à forma como o futebol se desenrola. Este ano estamos já perante uma alteração bem significativa e importante a esse respeito. Não estamos perante algo revolucionário ou totalmente renovado. Diria que numa primeira análise os acrescentos mais visíveis são o "teammate control" e "off the ball". Ambos e conjugados já proporcionam algumas dessas intenções em refrescar e apontar um rumo. Na prática mostram-se decisivos, permitindo desenvolver jogadas de uma forma mais apelativa.

Controlar dois jogadores ao mesmo tempo

O "teammate control" e o "off the ball" são as duas grandes novidades por respeito ao sistema de jogo e ambas produzem significativas alterações, com devidas consequências cada vez que são colocadas em prática. Apesar de bem implementadas, por vezes a maior dificuldade que tivemos em ambas foi o carácter opcional dos métodos. Ou seja, mesmo que permitam jogar de forma diferente, esquecemo-nos por vezes que podem ser úteis (e são-no efetivamente). O "teammate control" é talvez o mais interessante, embora não seja de fácil execução, o que significa que só com algum treino conseguirão resultados eficazes. Este sistema permite que um jogador em qualquer ponto do relvado que tenha a bola possa passá-la para uma zona mais aberta na direção de um colega que esteja por perto.

Até aqui tudo normal, sendo que a diferença está que ao controlar o jogador com a bola, o manípulo direito deverá ser apontado na direção do jogador a desmarcar e pressionado imediatamente, sendo que a partir desse instante o outro jogador desmarca-se por nossa iniciativa para uma zona preferível, devendo depois receber a bola. No princípio isto causa alguma desorientação, sendo mesmo algo difícil concluir estes lances já que ao controlarmos o segundo jogador também não deixamos de controlar o jogador que tem a bola e muitas vezes este acaba surpreendido por um defesa. Contudo, a aplicabilidade deste sistema é maior nos casos de superioridade numérica ou quando existe um ataque pelas alas.

Neste caso não estamos tão presos pela teia defensiva, havendo mais uma opção para superar as muralhas defensivas e os resultados deste sistema surtem algumas variações ofensivas já que deixamos de ficar dependentes da inteligência artificial para atacar melhor.