Passar para o conteúdo principal

PES 2014 - Análise

Konami prepara-se para a transição.

Quando olho para a estante de jogos cá em casa tenho uma clara ideia onde Pro Evolution Soccer falhou para mim. Guardo os cinco primeiros jogos da série com grande estima, depois de terem servido incontáveis noitadas e torneios com os amigos na geração anterior. Depois há o 6, o primeiro título já para a atual geração (360 neste caso) e que representou o final de uma relação intensa, marcada por compras de "day one" e muitos exames sem estudar. Só voltei a pegar num jogo da série em 2012, mas nunca mais me mereceu o mesmo compromisso que teve no passado.

Não é segredo que a série se adaptou mal à transição anterior de geração, acabando por perder a hegemonia do futebol digital, incluindo no nosso país, onde goza ainda de um incontável número de fãs. Ao longo dos últimos anos, a Konami tem vindo a prometer "O regresso do rei", mas a verdade é que se iam registando apenas ligeiras melhorias e um amplificar dos licenciamentos, e o que o jogo precisava mesmo era de um completo refundar, uma mudança nos próprios pilares que o sustentam.

Lembro-me claramente de quando comprei o PES 2 para a clássica PlayStation 2, mesmo quase sem licenças, era de longe superior a qualquer jogo de futebol no mercado, mesmo os Winning Eleven na PlayStation e o ISS 64 davam uma ideia do que estava para vir, mas para mim, a afirmação absoluta da série PES surgiu com o segundo título na PS2. Suportado pelo novo motor Fox Engine, Pro Evolution Soccer 2014 teve finalmente a coragem de se reinventar, focando-se naquilo que conquistou os jogadores inicialmente, a jogabilidade.

Consigo contar pelas mãos as horas que dediquei ao anterior (2013), mas depois de jogar PES 2014, tive que o colocar na consola para ter a certeza que não estava a delirar, sim, esqueçam tudo o que se lembram da série nos últimos anos, tirando os controlos, parece um jogo completamente novo. Carece de mais polimento também, e já lá vamos, mas esse é mais um factor que aumenta a sensação de estarmos a jogar algo diferente.

Não sei se a Konami foi forçada a reajustar o investimento para acomodar o jogo a um novo motor, mas perdeu fortemente no campo dos licenciamentos. É importante tirar isto já do caminho, o jogo conta com sensivelmente metade dos estádios, e o modo editor de estádios foi retirado também. Um representante da marca afirmou que isto se deveu a uma jogada agressiva por parte da concorrência, e que tencionam mudar esta tendência para a próxima versão. Dos estádios portugueses apenas a Luz está representada, e muito provavelmente por se tratar do estádio da final da Liga dos Campeões este ano, competição que continua oficial no jogo.

A chuva foi retirada como opção para as condições climatéricas durante as partidas, e neste caso a justificação prende-se com o facto de estar inicialmente previsto que tivesse um efeito direto não só na estética, como na jogabilidade de PES 2014. Confesso que foi um duro golpe, supostamente os equipamentos ficariam molhados com a chuva, ou sujos em caso de quedas, e mesmo a própria física da bola e o modo como tudo se comporta no campo teria em conta a quantidade de água a cair dos céus. Terá que ficar para o ano.

Este é um dos problemas dos lançamentos anuais, o apertado tempo limite que os produtores têm para que tudo esteja a funcionar de modo impecável. Assim, este episódio da chuva merece por um lado os parabéns à Konami por não ter incluído um sistema que não apresentasse o necessário padrão de qualidade, e por outro lado uma crítica por serem obrigados a retirar valor do jogo para cumprir um calendário.