PES 2015 - Análise
Entrada na nova geração com toda a força.
Este ano de 2014 tem sido atípico no que toca aos lançamentos anuais, pois jogos como PES 2015, a série Battlefield, e novamente a série NFS, tiveram as suas janelas de lançamento alteradas, e neste último até não teve direito a um lançamento anual. Isto revela muito do estado da indústria, onde parece estar-se a alinhar com os desejos dos jogadores, jogos melhores e mais sólidos e não apressados apenas para saírem em determinada altura prevista.
No caso do PES 2015 foi um salto do início da época futebolística (mês setembro) para uma janela de lançamento completamente estranha e sem lógica, pelo menos aparentemente. Se olharmos para os lançamentos desta semana, Assassin's: Creed Unity, AC: Rogue e Far Cry 4 na próxima, PES que sai a 13 de novembro tem muito para conquistar os jogadores, principalmente porque se afastou do seu rival FIFA 15. Mas será que resultou a nova janela de lançamento, com mais tempo para refinar o produto final? A nível de produto em si podemos desde já dizer que foi uma grande aposta, mas em termos de vendas só mais tarde saberemos se a estratégia resultou.
PES 2015 tem o dom de ser o primeiro jogo da série para a nova geração de consolas, e esta questão é também muito importante, pois a Konami, mesmo com um novo motor de jogo o FOX Engine, não caiu na tentação no ano passado de lançar um jogo supostamente next gen apenas porque sim. Esperou um ano e muito bem.
A edição analisada foi a versão PS4, onde tivemos a oportunidade de passar muito tempo com o jogo, analisando o seu crescimento em relação ao ano passado, na sua versão PS3 e Xbox 360. Aqui temos que comparar as versões, o crescimento para a nova geração. Com a chegada da versão PS4 e Xbox One temos acesso a um novo pano de habilidades dos jogadores, principalmente na fluência que tudo acontece em campo. Para além disso a Konami continua a apostar naquilo que é um videojogo sobre futebol, a sua jogabilidade.
Aqui não podemos separar a jogabilidade das características reais dos jogadores, nomeadamente no chamado Player ID muito mais refinado. É um prazer ver este elemento ainda mais real, onde cada jogador que teve o direito a esta opção está simplesmente muito bem conseguido. Não é apenas a sua aparência, que atinge na nova geração outros patamares, mas também em todo o conjunto de características, o olhar, o toque de bola, o jeito, os ombros, como anda e se relaciona com o adversário. Quem joga futebol na realidade sabe que o jogo é sobre instinto muitas vezes. Costumo de dizer aos meus colegas de equipa nas peladinhas de segunda à noite que não preciso de olhar para saber quem está perto ou no local correto. É isto mesmo que acontece em PES 2015, sendo uma enorme evolução sobre as edições anteriores.
O resultado do Player ID reflete-se na forma como jogamos. Ou seja, se estou a jogar com o Real Madrid (a minha equipa de sempre no PES a par do Manchester United), a controlar o Kroos a meio campo e vejo o Ronaldo a pedir a bola para que eu faça uma diagonal, sei que o posso fazer e o sucesso da jogada será muito maior. O mesmo acontece se vir que na área apenas tenho o Di Maria, onde um centro para a cabeça não terá tanto sucesso se o mesmo fosse para o Ronaldo. Aqui a questão resume-se em analisar o jogo em tempo real, perceber e pautar o jogo consoante os jogadores disponíveis. É claro que isto acontecia nos jogos anteriores, mas agora muito mais, e mais importante ainda é gratificante jogarmos desta forma.
Ainda sobre a jogabilidade, temos que realçar a importância do impacto entre jogadores e na forma como a bola rola em campo. Desde a E3 2014 que tive a oportunidade de jogar diversas versões de PES 2015, e apesar de verificar melhorias a cada nova versão existia algo que se mantinha, que era o enorme espaço ou buraco entre o modelo do jogador em contacto com a bola e outros jogadores. Nesta versão final tudo isso foi corrigido e no fundo demonstra que a Konami está a ouvir as críticas e a retificar o jogo no caminho da produção. Algumas alturas os corpos continuam a passar por meio de outros jogadores, mas isso não retira co contacto, ele existe e não são corpos invisíveis. PES 2015 é extremamente viciante de se jogar, pois tudo corre de forma suave, preciso e se quisermos ainda ir mais longe, corre como queremos que corra, principalmente se quiserem ser prós e usarmos sempre o passe e remate manual. Cometemos mais erros, é verdade, mas é muito mais recompensador.
A IA é mais real e apurada nos jogadores com o Player ID, pois reflectem o real, mas não deixa de ser bem satisfatórias nos restantes jogadores. A forma como eles se comportam em campo torna tudo muito mais fluído e real. Não é apenas a questão de se cingirem às tácticas pré-definidas no balneário, é muito mais no facto de se adaptarem. Muitas vezes vemos os jogadores a ajudar o seu colega mesmo sem nós o chamarmos, e a marcar alguém que se isolou. O mesmo acontece no erro, onde um jogador que entre pelas costas e o nosso defesa não tenha "visto", muito dificilmente iremos conseguir cobrir a falha.
PES 2015 tem lutado nas últimas edições para poder trazer mais e mais licenças, e este ano o foco virou-se novamente para o mercado Sul Americano, com a inclusão da Copa SudAmericana 2013 e 2014 após o lançamento numa atualização já disponível. No caso nacional continua ausente o total licenciamento da Liga, sendo que temos apenas o Sporting, Benfica e Porto oficiais. Para nosso desgosto o S.C. Braga deixa de ser oficial este ano, bem como o Paços de Ferreira. Por outro lado as grandes ligas europeias estão licenciadas, com excepção da liga inglesa. O mesmo acontece com os estádios oficiais, que se resumem neste ano a 14, e mais 5 genéricos que poderemos apenas alterar o nome.
"PES 2015 é extremamente viciante de se jogar, pois tudo corre de forma suave, preciso."
É claro que podemos editar diversos aspetos do jogo para que consigamos atingir algum nível de realismo, nomeadamente nos jogadores, clubes e respetivas ligas. A versão nova geração perdeu diversas opções de edição, nomeadamente a possibilidade de importarmos imagens para mudar os emblemas, publicidade nas camisolas e estádios. No fundo o modo edição está muito básico, onde apenas podemos mudar o nome dos jogadores, clubes e estádios, e corrigir os equipamentos com as diversas opções disponíveis. A opção de podermos mexer no editor as luvas é algo novo nesta versão. Por outro lado esta edição foi buscar ao Master League a opção de podermos personalizar o treinador de cada clube.
A Master League deste ano é colocada um pouco de lado em função do muito esperado myClub. É verdade que a primeira coisa que fiz no jogo foi iniciar a minha Master League, pois é aqui que passaremos a maior parte do jogo em modo solitário, fora dos jogos diretos contra os amigos ou online. Como acontecimento particular, o meu início da Master League, com o Sporting soou a estranho pois o início de época foi ditado com o resultado do melhor jogador do mundo, sendo neste caso virtual atribuído em larga vantagem a Lionel Messi, com Ronaldo em segundo e Zlatan Ibrahimovic em terceiro. Não esquecer que a Master League Online deixa de existir em detrimento do myClub.
O salto para o myClub deverá ser feito quando os servidores estiverem abertos. Aqui teremos toda a comunidade online de PES a jogar em conjunto, tornando-o no modo mais próximo que podemos esperar do Ultimate Team de FIFA. Mas até lá podemos já começar a amealhar os GP (Game Points) no nosso PES ID, que serão usados para adquirir conteúdos extra no myClub. Em PES 2015 tudo aquilo que fazemos em campo conta para aumentarmos o nosso GP. Quando digo tudo, é mesmo tudo. Por exemplo se fizermos um bom passe temos X GPs ganhos, e em todas as situações de jogo onde concretizamos com sucesso a ação. Este amealhar de GPs estende-se a todos os modos de jogos e até se aceitarmos partidas online. No fundo quanto mais explorarmos PES 2015 mais seremos recompensados.
Estes GPs usados para comprar conteúdo virtual poderá ser substituído pelas microtransações, com dinheiro real. É o lema do investimento por tempo versus investimento monetário. Este sistema será dinâmico, onde a Konami promete adicionar mais e mais conteúdo durante todo o ano, por isso esperem ver mais equipamentos oficiais, jogadores oficiais e porque não até equipas licenciadas? Desta forma a Konami poderá atualizar o seu jogo, é claro, sempre com um custo, que comparado com o de UT de FIFA parece ser bem mais barato, pelo menos é assim que a Konami deixa entender.
Um dos problemas do myClub, de igual forma com o UT, é que poderemos entrar na questão de pagar para ganhar o ter melhor equipa, mas a promessa da Konami é que o que iremos pagar não será difícil de atingir com os GP, sendo que quem queira gastar dinheiro real só serão aqueles que não sejam lá muito bons a jogar. Esta é a ideia base da companhia, mas o futuro do myClub ditará se isso passará para a prática.
"PES 2015 é indiscutivelmente o maior salto da série no que realmente importa."
PES 2015 chega com muitas coisas para oferecer, e apesar de ter perdido algumas opções de edição em relação às versões PS3 e Xbox 360, pois ainda continuam a existir nestas versões, é indiscutivelmente o maior salto da série no que realmente importa, na sua jogabilidade e solidez de jogo. Como já devem ter percebido, é um prazer jogar PES 2015, apesar de estar a jogar contra clubes tais como Arimelcao e Podefteza.
O motor de jogo FOX Engine mostra todo o seu poder no aspeto gráfico e trabalho de luz. E claro, não esquecer a forma como se comporta a relva e consequente efeito sobre a bola quando está a chover, ou com o tempo seco e se a relva está pequena ou grande. O efeito é notório na jogabilidade, e apesar dos efeitos climatéricos não serem o que estávamos à espera, eles influenciam realmente o jogo.
Se na geração passada PES mancou em diversos anos, muitas vezes sem definir bem o que queria ser, em PES 2015 o rumo parece estar bem traçado pela Konami, retornando à base do seu sucesso. Como jogador veterano da série, e de jogos de futebol, não poderia estar mais contente com o rumo do PES. Se a inclusão do myClub é o início da parte mais social online do jogo, não podemos nos esquecer que PES sempre foi um jogo de sala de estar, e é aí que reside muito do seu segredo e sucesso. Um divertimento puro, direto e recompensador.