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PGA Tour - Jogar a bola tal como ela está

O desafio e a serenidade do golfe.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
PGA Tour regressa em boa forma, com uma produção bastante realista, profunda e recheada de conteúdos, servindo-se de um grande número de licenças representativas de torneios de golfe. Adequado tanto para jogadores casuais como para veteranos, proporciona um desafio extenso e promotor de autenticidade.

Ao cabo de alguns anos de ausência, a franquia PGA Tour está de regresso, com uma nova edição recheada de torneios, provas e competições oficiais para todos os amantes e profissinais do golfe. Rebaptizada de EA Sports PGA Tour - Home of the Majors (doravante PGA Tour), promove tanto a simulação do golfe como permite a jogadores casuais, amadores e até desconhecedores da modalidade, a participação com sucesso neste grande jogo. Como sucede com outras licenças detidas pela Electronic Arts verifica-se uma apresentação que põe logo em destaque os relvados e campos das provas oficiais, com os troféus realisticamente apresentados.

Do ponto de vista da montra e dos efeitos visuais, bem como da jogabilidade, estamos perante um jogo altamente realista, apontado para a simulação mas ao mesmo tempo dotado de provas e desafios que permitem aos menos conhecedores começarem a praticar o desporto por esta porta de entrada virtual. PGA Tour não é fácil de dominar. É profundo, vasto e algumas vezes temos que melhorar a nossa progressão através do típico sistema tentativa e erro, o que torna o avanço mais lento, eventualmente desgastante.

Por outro lado, a componente realista, a frescura dos relvados, os ambientes relaxantes e a própria natureza da competição estimulam um prazer genuíno em cada tacada, em cada avanço no tee, como se estivessemos a palmilhar aquele relvado fofo, verdejante, sob uma brisa ou ligeiro vento californiano.

É importante salientar que o golfe é um desporto com uma linguagem própria. O jargão é muito técnico, sofisticado, especialmente com abundantes termos em inglês, pelo que se recomenda a todos os interessados uma leitura atenta dos glossário disponível na página online da federação portuguesa de golfe. A quantidade de desafios que vão encontrar, desde situações reais vividas pelos profissionais em competição, até às provas de treino do tipo academia, é suficiente para vos conectar com a linguagem e os termos, mas para uma rápida adaptação essa é uma leitura conveniente.

Porém, mesmo nestes desafios, a progressão é lenta e nem tudo é transmitido da melhor forma. Por exemplo, o swing, que consiste na pancada que permite bater a bola para longe, não tem um “tutorial”. Usam apenas o analógico para puxar para cima, levantando o taco, e depois pressionam para baixo, a tempo de desferir uma pancada poderosa. Há um ponto ideal de reversão que se não for alcançado no melhor momento pode projectar a bola para fora do “green”.

Se o “swing” pode ser visto como a mecânica base e o elementar para começar a jogar depressa golfe, de imediato descobrimos que esse é apenas o primeiro passo consistente a dominar. O conjunto de opções que passamos a dispor, desde dinâmicas do campo, 20 diferentes tipos de pancadas, tacos, posições a tocar na bola, percursos, altitude, velocidade e spin, são apenas alguns dos factores que entram em equação quando queremos atingir os melhores resultados. É possível começar a jogar num estilo arcade, quase imediato com o domínio de alguns princípios - o jogo providencia-nos a melhor opção para aquele momento, mas à medida que progredimos e passamos a mexer nos tacos, a gerir o “timming” e a intensidade das pancadas, a escolher o melhor tipo de pancada para cada situação, abeiramo-nos de um sistema mais complexo e difícil de dominar mas eventualmente mais gratificante graças ao maior controlo. O caminho para o profissional de alta competição é árduo e não pode ser de outra forma, mas no aprender e na progressão nas baixas camadas também se anixa uma boa dose de diversão. PGA Tour consegue inculcar bem esse desafio.

Constituído por vários modos de jogo, do “quick play” com variantes single e multi, até torneios diários, competições online, tabelas de liderança e os tais desafios para quem pretenda progredir com consistência. Passando pelas provas oficiais, até ao modo carreira que vos pode levar, por via de um sistema capaz de lembrar os jogos de role play, acumulando pontos de experiência, até aos Majors, onde compete a nata do desporto, há todo um conjunto robusto de sólidas opções, onde não faltam os pequenos detalhes como o equipamento, também ele licenciado para transmitir uma sensação realista. Com 30 percursos (Augusta National, St Andrews, Pebble Beach, Riviera Country Club, …), dos quais 28 são reais e dois são fantasia, os Majors estão presentes: Masters, PGA Championship, US Open e o Open Championship, bem como o LPGA e o Amundi Evian Championship.

A entrada nos Majors não é imediata. O nível de qualidade de competição nesse segmento é de tal modo elevado que para lá chegarem terão de cumprir várias temporadas, num exercício de acumulação de experiência através de sucessivos testes às vossas habilidades de aproximação, “putting”, “swing”, entre outras. Só com estatísticas elevadas é possível vencer os melhores. A actualização dos desafios e o decurso das provas em simultâneo com os maiores torneios promove um acompanhamento a par e passo gradual e satisfatório, mas é um modo que leva tempo e assenta muito na simulação para quem pretenda trabalhar as mecânicas do golfe e dominá-las. PGA Tour pode rapidamente tornar-se num sorvedouro de horas já que a progressão está longe de ser rápida.

ambiente nos percursos é do mais fidedigno. Os produtores fizeram scan aos campos e percursos, representando todas as inclinações, altimetrias, zonas de areia e relvado denso, o que significa que todas as dificuldades estão lá. É por isso que para cada percurso é imperativo ajustar a jogabilidade, alterar as pancadas, os tacos e até efectuar bastantes movimentos de spin. A audiência reage aos nossos acertos e desacertos, ainda que o ambiente seja quase sempre ameno. Os jogos decorrem num ritmo lento, tão pausado que por vezes conseguimos escutar os pássaros e quase se torna audível a ligeira briza e outros sons que nos chegam da natureza. A luminosidade, os contrastes e detalhes do nosso jogador, bem como os seus movimentos, estão igualmente bem detalhados, com uma modelação do atleta e seus movimentos bastante convincente.

É pena que se verifique um exagero da repetição das mesmas posturas depois de efectuada a tacada. Por outro lado e ao tempo da análise, a ligação aos servidores ainda não é perfeita. Já detectei vários erros, nomeadamente o bloqueio de conteúdos como a academia ou então a impossibilidade de seleccionar determinado modo de jogo. Alguns desses erros superam-se saindo do jogo, desligando a consola e voltando a entrar.

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PGA Tour é um belíssimo jogo de golfe, rico em conteúdos e vocacionado para a simulação, assente numa progressão gradual, com base num interessante sistema de acumulação de experiência prévio aos maiores torneios. A captura dos movimentos, “swing” e outras possibilidades de contacto com os percursos é bastante realista e todo o ambiente consegue impressionar pelos detalhes e grau de polimento, não faltando comentários bastante assertivos e em reacção ao vosso desempenho. Ainda há arestas que podem ser limadas e certos ajustes podem tornar a experiência melhor. É um bom regresso, pela parte da EA Sports ao mundo do golfe, com licenças e torneios para manter a comunidade a par e passo dos “majors”.

Prós: Contras:
  • Diversidade de tacadas
  • Percursos realistas que requerem diferentes abordagens
  • Quantidade de torneios oficiais
  • Ambiente realista
  • Comentários
  • Progressão com base na experiência
  • Desafios baseados nos eventos reais
  • Alguns bugs no acesso aos conteúdos
  • Repetição desnecessária de algumas cinemáticas

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