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Phantasy Star Portable

Fantasia estelar para os amigos.

Para todos os que tiveram o prazer de conhecer de perto a última consola da Sega, a Dreamcast foi certamente fantástica. Podia aqui enumerar mil e uma razões mas apenas me interessa mencionar uma em especial, o online. A primeira consola a oferecer navegador de internet e modos online nos seus jogos, foi capaz de oferecer divertidas experiências e já naquela altura mostrava grande potencial na habilidade de manobrar as mecânicas para o maior objectivo de todos, agradar ao jogador. Um dos grandes exemplos foi Phantasy Star Online que ao incorporar no género RPG as potencialidades e funcionalidades permitidas pelo online foi o que pode ser considerado como uma ideia magistral por parte da companhia Japonesa. A cargo da Sonic Team e produzido por Yuji Naka, a incursão pelo online da série Phantasy Star certamente marcou aqueles que a jogaram e se há quase uma década representava os primeiros passos no género para as consolas e uma fonte de inovação, actualmente tenta recuperar fulgor à boleia do fenómeno Monster Hunter.

Avassalador no Japão e despertador de curiosidade no resto do mundo, o franchise da Capcom conquistou tudo e todos e o seu desempenho na portátil da Sony foi simplesmente enorme demais para não ser notado por tudo e por todos. Enquanto muitas companhias são forçadas a aplicar alterações a franchises seus bem conhecidos para ir ao encontro daquilo que os fãs tanto adoram na série da Capcom, a Sega pode dizer que tem já um franchise que partilha alguns elementos base que lhe permitem voltar a tentar a sua sorte numa categoria que acaba sempre por dar origem a jogos para nichos, para grupos restritos de jogadores.

Phantasy Star Portable é baseado em Phantasy Star Universe, lançado originalmente para Playstation 2 e Xbox 360 em 2006, e tendo em conta as limitações e restrições a que uma portátil obriga, a Sega dá-nos uma versão actualizada e bem implementada na PSP. Como não podia deixar de ser, temos um RPG de acção decorrido no futuro e onde devemos zelar pela paz das comunidades que dependem dos guardiões para as proteger. O esquema é exactamente o mesmo e percorremos os locais entrando em missões que são escolhidas na secção apropriada.

A adaptação portátil obriga a que as sequências de história e a exploração fora das missões sejam apresentadas em imagens como esta.

Tal como já se tornou habitual no género, e também na vertente online de Phantasy Star, antes de iniciar o jogo temos que criar um personagem com recurso a um editor bastante competente. As opções oferecidas são variadas e permitem a criação de um personagem ao nosso gosto. Desde cabelo, voz, cara até à roupa, podem escolher todos os aspectos principais daquele que vai ser o vosso representante neste mundo virtual. Face às limitações da consola, nesta versão não temos a possibilidade de percorrer livremente com a nossa personagem pelos mundos e cidades à nossa disposição quando não estamos em missões. Toda a exploração fora das missões é feita com recurso a imagens de fundo paradas com um menu no canto superior esquerdo a permitir a navegação entre locais. Quando uma personagem fala connosco ou quando perante uma sequência de história, temos na mesma os cenários de fundo parados com as personagens ou a surgir nos seus modelos em 3D ou então simplesmente também estáticos. Algo que em nada afecta a experiência, antes pelo contrário pois dado que estamos numa portátil, este esquema torna a navegação mais rápida e permite que rapidamente realizem as variadas acções como gestão de equipamento, compra de armas ou itens e escolher missões.

Ao aceitarem uma das muitas missões secundárias ou ao seguirem a história, que diga-se é completamente enfadonha e sem interesse, vão poder então partir para a acção. Phantasy Star Portable é um RPG de acção com combates não aleatórios e sem quaisquer transições de exploração para os combates. Os inimigos surgem em pontos específicos e todo o sistema de combate mais parece lembrar um hack 'n' slash. Podemos usar itens ou trocar de armas em tempo real, até mesmo aceder ao menu ou consultar o mapa não pára a acção, e temos a possibilidade de usar armas de fogo assim como espadas ou lanças e armas do género. Esta sensação elevada de hack 'n' slash aliada ao esquema extremamente linear e enfadonho dos níveis, resulta numa elevada sensação de repetição e aquele que é um dos maiores trunfos do jogo, a sua jogabilidade e o seu esquema, torna-se precisamente no seu maior problema. A curto/médio prazo, Phantasy Star Portable torna-se aborrecido e desinteressante, com poucos motivos que nos façam continuar a jogar mas caso tenham amigos por perto para se juntarem e jogarem em conjunto, então tudo fica melhor. Pena que a experiência fique extremamente dependente da possibilidade de jogarem sozinhos mas o jogo revela-se de pouco apelo quando sozinhos, até porque a inteligência artificial nada faz para atenuar a sensação.

Os combates continuam o mais familiar possível aos fãs do franchise.

Esta dependência da componente para vários jogadores faz com que seja o maior factor a ter em conta quando pensarem no jogo, pois nem todos vão ter dois ou três amigos por perto para elevarem a experiência ao nível recomendável, mas também poucos vão ser capazes de suportar o modo para um só jogador.

Tecnicamente Phantasy Star Portable é um jogo interessante de ver tendo em conta que estamos perante uma portátil. O design dos níveis é bastante linear e repetitivo mas mesmo assim conseguem cumprir a sua função com um nível de detalhe aceitável, principalmente nos personagens. Um dos problemas que vão encontrar no jogo está mesmo relacionado com as vozes do jogo e se a história já é de si desinteressante, o mais provável é que acabem por martelar o botão para saltar os diálogos e acabar depressa com terrível trabalho. Podem eventualmente desligar o som da consola nestas fases e assim evitar um trabalho completamente para esquecer. Já a banda sonora que acompanha o jogo é bem mais agradável e bem dentro do que estamos habituados a ver na série. Não existem temas que consigam marcar o jogador mas cumprem bem a sua função tanto na exploração como nas missões.

Phantasy Star Portable é um jogo que praticamente à partida estava destinado a pertencer a um grupo restrito de jogadores. O esquema pode tornar-se enfadonho a curto prazo mas se por sorte tiverem três ou até quatro amigos que partilhem deste vosso gosto, então a experiência torna-se largamente superior e aí podem mesmo subir a nota um ponto. Se não tiverem essa sorte, então devem lidar com cuidado face a Phantasy Star Portable.

6 / 10

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