Phoenix Wright Ace Attorney: Trials and Tribulations
O culminar da trilogia Wright.
Esta é uma análise um pouco ingrata de escrever. Se jogaram os dois outros jogos que seguiam a carreira de Phoenix Wright, vão assumir que poucas alterações foram introduzidas, olhar rapidamente para a nota e decidir-se por comprar o jogo. Tendo em conta a forma como a história dos três jogos está entrelaçada, e que este terceiro - inovando pouco ou nada em relação aos seus predecessores – mantém o padrão de originalidade e humor que os demarca, acho que fazem muito bem.
Se desejam conhecer a conclusão de todos os assuntos tratados na série, nem pensem duas vezes. Resta-me agora dirigir o texto aos que visitaram esta página sem conhecimento prévio acerca do jogo.
Qualificar Trials and Tribulations dentro de um género não é complicado, mas certamente redutor. Trata-se de uma aventura interactiva; o texto abunda e a componente sonora e gráfica são relegadas para uma posição de apoio.
Acompanhar as investigações (e o desempenho em tribunal) de Phoenix Wright, advogado, é uma tarefa comparável a ler um bom mistério policial. No fundo apenas existe um caminho a percorrer, uma única forma de resolver cada enigma e cada caso. Linear, é certo, mas a forma como se exige ao jogador que parta para a descoberta - aponte contradições em declarações ou formule teorias acerca dos casos em discussão, por exemplo – compele uma atenção fora do normal. Todos os pormenores são importantes para poder deslindar os cinco casos que compõem o jogo.
Cada caso está dividido em dois procedimentos essenciais. Primeiro, investigar o local do crime (digamos apenas que este jogo favorece os homicídios) ou outros locais pertinentes e interrogar - ou coagir - suspeitos. Quando um suspeito se recusa a contar a verdade acerca de algo surge um “psyche-lock”, a ser quebrado através das provas certas, para que a testemunha finalmente revele a totalidade dos factos. Regra geral, tratam-se de adendas muito importantes para resolver o caso.
Seguidamente, e com base nas informações e provas que são reunidas na fase anterior, Phoenix parte para tribunal, onde tenta provar a inocência de quem o contratou. Consegue-o apontando incongruências nas declarações das testemunhas chamadas a depor ou utilizando o conhecimento e as provas que tenha à disposição. Cada declaração pode ser dissecada individualmente, sempre na busca do elemento contraditório. Encontrada a falha, surge a tão característica “Objection!” (e que pode ser despoletada com um botão ou gritando o termo para o microfone da consola).
Objecções que não sejam aceites pelo juiz acumulam-se numa barra que, ao esvaziar, nos faz perder o caso. É como que uma representação no papel da paciência do juiz para as teorias que Wright formula. Assumindo que não abusam muito do sistema para gravar o vosso progresso, a ocasional falha vai limitando a margem de manobra do advogado e traz alguma tensão ao raciocínio.
Tal como é hábito, os inesperados (ou não) efeitos de som que interrompem o som monocórdico relativo ao avançar do texto são pontos altos, contribuindo muito para todo o ambiente do jogo e até para a satisfação que o jogador retira de resolver os diferentes enigmas.
O jogo é perfeitamente apropriado para quem não esteja familiarizado com a franquia, obedecendo aos mesmos moldes dos outros dois; não conhecer toda a história que rodeia cada personagem pode retirar algum do gozo em certas situações (embora o jogo tenha o cuidado de apresentar devidamente cada personagem que regresse de um jogo anterior), mas não vos impede de apreciar o humor polvilhado por todo o argumento.
A nível gráfico podem esperar as mesmas animações 2D que já faziam parte da versão original do jogo (que só foi lançada no Japão) para GBA. Tal como já referi, as músicas e efeitos sonoros são excepcionais mas realço que conseguem cativar de tal forma exactamente porque são utilizados de forma comedida.
Phoenix Wright: Trials and Tribulations é mais um marco num nicho que merece, em geral, a atenção de todos os possuidores da portátil e uma peça indispensável para os apreciadores do género (ou da franquia). Uma conclusão digna, que apenas fica manchada pela demora em aparecer em terras Europeias.