Picross e4 - Análise
À volta com os números.
À quarta edição de Picross, a sua produtora, a Jupiter Corporation, parece mais apostada em proporcionar novos desafios e puzzles do que propriamente em mudar as regras do jogo. De facto, Picross está muito bem sedimentado quanto à sua mecânica, capaz de fazer lembrar as palavras cruzadas mas que em vez de serem usadas letras para preencher os quadrados são colocadas sombras. Se já tiveram a oportunidade de jogar algum título desta série na N3DS ou na NDS, aperceberam-se da simplicidade das regras e da qualidade do desafio, mesmo que Picross e4 seja essencialmente o mesmo.
Essa acessibilidade naturalmente desperta interesse pelo jogo, sem deixar de proporcionar grandes desafios e algumas dores de cabeça nas tabelas com mais quadriculas, nomeadamente os novos puzzles de 20x15. A apresentação é minimalista e nem sequer há transformações em termos gráficos e na interface, pelo que quase tudo mantém-se. De resto, os menus revelam-se altamente intuitivos, com uma navegação simples e com modos de jogo devidamente segmentados. No fundo, o ponto decisivo está nos puzzles e nisso a Júpiter não facilitou, retomando alguns modos de jogo relevantes.
Estando longe de ser uma novidade, Picross e4 é aquele tipo de jogos que cabe bem em tempos apertados. Podemos rapidamente parar de jogar, gravar a posição e prosseguir noutra altura sem ter que passar por loadings demorados. Tudo é bastante intuitivo e facilitado. Mesmo para os principiantes, os tutoriais esclarecem completamente as regras, ainda que o melhor seja mesmo começar por experimentar os "puzzles" mais fáceis. A aprendizagem vem daí, da dedicação imediata. O novo modo de navegação é um auxiliar precioso naqueles puzzles mais complexos, numa opção que realça uma linha a resolver imediatamente. Outra opção, mas já conhecida, é a que leva ao preenchimento automático de uma linha.
Dependendo do tamanho do puzzle (5x5 ou 20x15), cada linha horizontal ou vertical pode ter mais do que um ou dois números. O preenchimento automático de uma linha abre possibilidades de resolução de linhas ligadas com a que se encontra preenchida, mas se falharem no preenchimento de espaços são penalizados em minutos. Existe um tempo limite para completarem o puzzle, mas se optarem por jogar sem tempo limite, não são fornecidas indicações sobre eventuais erros, pelo que podem perder mais tempo até que o jogo vos indique que concluíram o desafio.
Para lá das grelhas tradicionais, que uma vez preenchidas revelam objectos pixelizados, o jogador pode dedicar-se a outros modos de jogo. Um deles é o Micross, que oferece a particularidade de o levar a resolver uma grelha através das regras normais do jogo mas em que cada quadrado é também um desafio. Se o resolverem ficam a saber se assinalam o espaço na grelha superior com sombreado ou com uma cruz. É como se tivessem a pintar um quadro, progressivamente. De quadrado em quadrado até ao espaço final e à descoberta da imagem em fundo. Este modo pode ser mais demorado e até terminarem o quadro muito tempo terão que investir.
Já o Mega Picross, transita do jogo anterior e obriga o jogador a pensar em duas linhas tendo por base as mesmas regras e um conjunto de números que ditam os espaços a preencher. O critério de resolução não é tão linear como nos puzzles normais, pois agora há várias soluções possíveis e o encaixe pode implicar alterações posteriores.
Essencialmente, Picross e4 é um novo caderno de puzzles que vem juntar mais desafios a já uma longa lista que conseguiu ganhar sucesso junto de um conjunto de jogadores bem solícito a este género. Mas não se pode dizer que é uma edição transformadora. O jogo continua com o mesmo design minimalista e os modos de jogo são essencialmente recuperações, ainda que o conteúdo seja significativo e suficiente para muitas horas de picross.