Pikmin 3 - Análise
Delicada forma de vida.
No entanto, um dos elementos que é particularmente admirável neste jogo, é mesmo a arte e design que nos levam a um PNF-404 que, visto de tão perto, nos dá uma representação fabulosa do que pode ser um espaço natural e selvagem, onde cada objecto quase pode ser tocado e pesado - especialmente quando observamos o trabalho de carga dos Pikmin. Como sabem, estas criaturas são muito pequenas. Medem poucos centímetros, daí que se possam afogar num pequeno riacho ou cair em zonas de onde terão dificuldade em regressar. É um processo meticuloso, mas altamente gratificante da perspectiva do pormenor gráfico Temos assim riachos e correntes de água onde existe vida, onde se movimenta uma variedade incrível inimigos, mas também muitas plantas, árvores e objectos magnificamente renderizados. É admirável descobrir cada detalhe e porção de uma área. Desde as tundras geladas a este, às zonas tropicais e quentes do sul, a biosfera do planeta PNF-404 é um dos elementos mais admiráveis do jogo. É claro que isto só é possível na passagem para a alta definição, mas a animação e fluidez não oferecem o mínimo abrandamento e ainda temos grandes efeitos de luz, especialmente nas zonas interiores, como as cavernas.
Uma das grandes novidades em Pikmin 3 é a possibilidade de comando de 3 personagens. Na primeira fase do jogo, enquanto não reencontramos os colegas de missão, começamos sós a aventura, como Alph. Só depois encontramos Britanny e mais lá para a frente, Charlie, o comandante é que se forma a equipa definitiva. Cada personagem oferece uma personalidade muito própria, sendo isso evidente na forma como comentam a missão no daily log, quando recolhem ao espaço no final do dia. Alph, revela preocupação pela SS Drake, enquanto que Britanny pensa sobretudo no racionamento das frutas. Já Charlie, é o homem músculo e capataz, mas nunca larga o pato de borracha. Quem regressa neste jogo é Captain Olimar e o desastrado Louie.
Mas esta terceira personagem, controlada ao mesmo tempo, vem permitir novas opções em termos estratégicos. Desde logo, é possível dividir a equipa em três exércitos, enviando dois deles para missões - como recolha de frutos, combate contra inimigos ou quebra de barreiras -, recorrendo ao ecrã do GamePad para marcar o destino e posição das tropas, ao mesmo tempo que comandamos o nosso grupo para outra tarefa. Para mudar de personagem, basta pressionar o botão Y. Contudo, haverá outras áreas do mapa onde as três personagens efectuam diferentes ordens. Por exemplo; enviamos duas para uma zona intermédia, juntamente com alguns Pikmin, enquanto que depois passamos a controlar uma das duas personagens nessa zona intermédia, podendo atirar a outra para uma zona mais à frente, num efeito ponte. É assim que conseguimos chegar a muitas frutas escondidas.
Todavia, irão incorrer alguns riscos quando planearem uma estratégia destas. Desde logo, porque ao deslocarem automaticamente um conjunto de Pikmins comandados por uma personagem até um certo ponto, o grupo pode ser atacado por criaturas selvagens. Somos sempre informados disso, numa mensagem que causa até algum alvoroço "we're losing pikmin", e quando queremos reagir ao ataque perdemos algum tempo e Pikmins, antes de controlarmos a situação. Claro que não sendo os inimigos visíveis no mapa, arriscamo-nos a sofrer alguns danos através destas incursões. Mas são mais as vantagens que daqui resultam, uma vez que nos permitem optimizar a estratégia e ter mais resultados no mesmo espaço de tempo, pois este multitasking - possibilitado pelo acrescento de mais uma personagem - sai beneficiado devido à boa interacção e observação do ecrã do GamePad.
Ao usá-lo e ao clicar num ponto do ecrã, há uma suspensão da passagem do tempo, o que nos dá toda a liberdade para definir a estratégia. Além disso, o KopPad permite-nos conhecer mais sobre a biosfera deste peculiar planeta, assim como as suas criaturas hostis, particularmente os bosses. Através de algumas dicas - colocadas em certos pontos dentro de chips que contêm informação - acedemos a dados relevantes, sobre como e onde devemos atacar as criaturas.
Outra função relevante a partir do GamePad é a possibilidade de fotografar qualquer momento da nossa campanha - com uma perspectiva totalmente por dentro, a partir do KopPad da personagem -, podendo enviá-la, de seguida, para o Miiverse. A definição de cada fotografia é realmente impressionante, não só pelos detalhes e pormenores, mas também devido à possibilidade de efectuarmos zoom ao objecto que queremos fotografar e que nos dão belos postais deste PNF-404.
Sobre os adversários e criaturas oponentes, vemos em Pikmin 3 um reforço na sua dimensão. Isto é, para além das criaturas de dificuldade intermédia, que normalmente patrulham os acessos às frutas mais deliciosas, ou que servem de barreira a um ponto que queremos ultrapassar, encontramos bosses de grande dimensão, autênticos monstros e dores de cabeça. Estas batalhas revestem uma particular dificuldade, já que causam mais danos ao grupo de Pikmins que tenhamos, mas também oferecem momentos de particular admiração, sobretudo pelos movimentos e tipos de ataque. Por comparação com os jogos anteriores, estas batalhas estão muito mais épicas, mas também põem à prova toda a nossa capacidade para atacar recorrendo a estas plantas coloridas. Existe, no entanto, uma concessão, é que se causarem danos num boss, estes permanecem no dia seguinte, o que facilita a tarefa, se regressarem com um novo exército de Pikmins.
Sobre a actuação dos Pikmin, este ponto é conhecido pelos fãs, mas para quem não conhece vale a pena lembrar que o jogador serve-se destas pequenas flores, ou raízes de flores, para executar uma variedade de tarefas. A primeira é seguir o líder. Para isso, só teremos que apitar para uma zona onde os Pikmin se encontrem que eles logo formam uma fila nas nossas costas. Quanto mais tempo apitarmos, maior será a zona de chamamento, sendo esperável que mais Pikmin nos sigam. No entanto, estas criaturas podem ser enviadas para diversos pontos, de modo a carregar objectos, combater inimigos, deslocar objectos, destruir ligações, fabricar pontes, puxar caixas e até levantar certas barreiras. As possibilidades de acção são muitas e diversificadas, uma vez que estas amorosas criaturas fazem tudo o que lhes pedimos e respondem de forma empenhada. A afectação e sentido de pertença que vamos tendo com eles ao longo do jogo é tão grande, que nos levam a ter por eles um certo sentimento e uma sensação de tristeza, especialmente quando não conseguimos recuperar todos, no final de um dia de trabalho, para dentro da cebola de onde provêm, ficando à mercê das criaturas inimigas, num retrato amargurante.