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Plants vs Zombies: Garden Warfare 2 - Análise

Batalha campal.

Mais conteúdo numa experiência essencialmente multiplayer. Falta algum equilíbrio nas classes assim como inovação nos modos de jogo.

Dois anos após o lançamento de Plants vs Zombies: Garden Warfare, a PopCap Games e Electronic Arts estão de regresso ao género "shooter multiplayer", para uma segunda vaga de disputados e calorosos confrontos entre duas representações há muito desavindas: as firmes e estóicas plantas e os desmiolados e putrefactos zombies. O que começou por ser um estrondoso sucesso em plataformas mobile, em 2010, através do emblemático "tower defense" Plants vs Zombies, deu lugar, em 2014, à maior transformação da série, uma subida à sempre competitiva mas também saturada liga dos "shooters multiplayer". Puxar os elementos da jogabilidade de um "tower defense" para batalhas tridimensionais abertas e dentro de significativos mapas, foi como que um alento para a PopCap Games, que rapidamente conquistou a sua audiência e arrepiou caminho, obtendo imenso sucesso com o seu jogo, em poucos meses.

Naturalmente, seria uma questão de tempo até ser anunciada a sequela. E assim aconteceu na pretérita E3. Sendo exclusivo de lançamento Xbox One no jogo anterior, deu lugar a uma experiência para várias plataformas ao fim de alguns meses, e agora temos a esperada continuação. Mas será que Garden Warfare 2 é melhor que o jogo anterior, ou não será antes um prolongamento, uma espécie de tempo extra?

Entre visuais muito limpos, coloridos e com uma desenvoltura gráfica acima da média capaz de agradar a uma vasta audiência, Garden Warfare 2 deixa uma saudável impressão e parece até fugir aos domínios mais comuns se pensarmos noutros jogos que bebem da mesma fórmula e design algo puídos. As mecânicas repousam essencialmente no sistema de classes das personagens, oferecendo estilos diversos, sendo por aí que detectamos algumas inconsistências. É manifesto um desequilíbrio em certas categorias, que quando chamadas ao confronto logo revelam a superioridade de um lado. A PopCap Games decidiu que 24 jogadores, distribuídos por duas equipas, seriam suficientes para espalhar o combate, mas a concentração e fuzilamentos são por vezes inevitáveis, como sucede no modo Herbal Assault, onde as personagens mais evoluídas chacinam literalmente os adversários com menos evolução, especialmente quando não jogam entre equipa.

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Garden Warfare 2 deixa uma saudável impressão e parece até fugir aos domínios mais comuns se pensarmos noutros jogos que bebem da mesma fórmula e design algo puídos"

O jogo conta com seis novos modos de jogo, a juntar aos oito oriundos da versão anterior. Muitas opções no conjunto mas nem todas promovem o melhor equilíbrio, com alguns modos a ajustarem-se melhor ao sistema de evolução das plantas e zombies. De resto, Garden Warfare 2 dá primazia aos combates multiplayer. Este é um jogo que ainda requer ligação à internet para activar, embora prescinda dela no caso dos segmentos dedicados a uma pequena e quase irrelevante campanha, constituída por aproximadamente quase 40 simples missões, divididas pelo lado das plantas e zombies.

Exceptuando os 12 mapas multiplayer, para os quais viajamos através de portais, toda a área inicial abrange os dois lados, sendo que no extremo se encontram os respectivos quartéis, onde principiamos a jornada, escolhendo uma personagem e realizando as primeiras tarefas. As fortalezas, tanto das plantas como dos zombies, apresentam uma estética diferente mas as opções disponíveis são as mesmas. Desde a cabine de personalização, passando pelo npc que nos dá acesso às missões da história, até aos pontos de activação dos modos horda e jogador, tudo é muito similar, simples e efcaz. Uma excelente "hub".

Destaque para uma máquina de venda de pequenas saquetas de cromos. O preço depende do conteúdo que pode sair em sorte. O pacote mais caro pode atingir 65 mil moedas mas é certo que com ele vão ganhar uma nova personagem. Os sacos mais baratos oferecem outros itens, entre os quais plantas ou zombies, que poderão depois colocar em vários pontos nas vossas missões, como "turrets". A história é leve, assegurada por um registo de comédia, e que mesmo não sendo longa ainda produz algum tempo de jogo. Valerá como ponto de aprendizagem e recolha de moedas. Não contem com algo muito elaborado ou sofisticado. É mais o suficiente para aquecer os combates multiplayer. A maior parte das missões consistem em ir a determinados pontos e realizar tarefas específicas, estando o objectivo bem assinalado no ecrã.

Vale a pena mencionar o modo horde, que pode ser jogado individualmente ou por via cooperativa com mais jogadores, no qual terão que enfrentar vagas sucessivas de inimigos, podendo plantar armas e outras classes de personagens. Não é uma opção muito diferente da registada noutros jogos e mesmo em Garden Warfare. Para lá do confronto com bosses, podem obter algumas vantagens se permanecerem em cena o mais que puderem.

Kernel Corn, sempre a distribuir milho.

De início são facultadas seis classes de personagens, de um lado e do outro, como Kernel Corn, Rose ou o zombie "quarterback" ou o cientista. No entanto, mais ficam à disposição, seja através dos cromos ou por via do desbloqueio de personagens. Depois, temos ainda as diferentes variantes de uma mesma classe, contribuindo para dezenas de personagens. E se quisermos, podemos ainda personalizar a personagem usando os items facultados pelas saquetas de cromos.

Cada personagem possui três habilidades, podendo usá-las, não em simultâneo mas a todo o instante, cumprido um período de carregamento após a utilização de alguma delas. É na gestão destas habilidades, conjugada com as particularidades de ataque de cada personagem, que encontramos a chave para abrir com sucesso a porta para os melhores resultados em combate. No entanto, a preocupação da PopCap Games em fazer rejuvenescer as classe ao editar novas personagens como Citron, Rose e Kernel Corn, não acompanhou um justo equilíbrio de poderes, quando equiparados com o lado zombie. Muitos combates ficam marcados por um claro predomínio das plantas. Os ataques de Rose e Kernel Corn produzem, nalgumas situações, resultados devastadores sob o adversário. O que tem menos em velocidade Kernel Corn, ganha em disparo, enquanto que Rose não só é rápida como altamente letal, congelando facilmente os adversários, deixando-os quase sem vida, à espera de um disparo de misericórdia.

Do lado zombie, Captain Deadbeard, Imp e Super Brainz constituem as novidades, facultando bons ataques e habilidades, embora com um nivelamento algo difícil de encontrar na comparação com as novidades das plantas. Levando em conta as diferentes personagens e variantes disponíveis numa fase mais avançada, torna-se quase uma obrigatoriedade explorar ao máximo as habilidades, fazendo a diferença entre uns disparos certeiros e a valiosa contribuição para o sucesso da equipa.

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Existem 12 mapas para explorar e seis novos modos de jogo a juntar aos oito do jogo anterior. Dos seis novos modos, o destaque vai para o Backyard Battleground, que consiste numa mistura de opções. É lá que encontram a vossa base, mas podem facilmente abandoná-la, passando ao confronto, num extenso mapa, progredindo para uma espécie de terra de ninguém onde encontram objectivos e mais combates. Provavelmente a distracção mais interessante, do ponto de vista da acessibilidade e comunicação com o "hub" do jogo, a área mais restrita onde gerem as vossas opções e estabelecem prioridades quanto às missões. Os restantes modos oferecem variações interessantes, embora não se afastem muito do que já vimos noutros jogos.

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Existem 12 mapas para explorar e seis novos modos de jogo a juntar aos oito do jogo anterior"

Garden Warfare 2 é claramente um jogo maior que o título inicial, de 2014. A componente individual confere-lhe mais alguma longevidade e torna o jogo mais apetecível para quem queira ter um produto do género com algo mais que "multiplayer". Não esconde as suas fraquezas, até porque o prometido está nos confrontos com os demais jogadores. O alcance não será o mais surpreendente, mas consegue o suficiente para manter uma comunidade ligada e a competir por muito tempo.

O jogo apresenta uma estética gostosa e algo invulgar diante da maioria dos "shooters". A arte das personagens, mundo e seu aspecto cómico abrem como que uma janela, deixando entrar uma frescura que se saúda, um pouco à semelhança do que sucedeu com Splatoon. Mas ainda é uma produção refém de alguns problemas de equilíbrio, a pender sobre modos de jogo que tendem a circular em torno de esquemas repisados. De resto, o "hub", a área extensa de combate e o cosmos tão específico no qual deambulam estas personagens, tornam a base um ponto de partida para alguns melhoramentos que gostaríamos de ver implementados e aí sim possamos encontrar a sequela que nos deixaria ainda mais satisfeitos. As actualizações frequentes e gratuitas poderão tornar melhor este Garden Warfare 2.

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