PlayStation Portal - uma opção oficial e simplificada
Boa tentativa num produto específico.
É fácil perceber que ao longo dos últimos meses, a Sony Interactive Entertainment está a expandir o catálogo de acessórios em torno da sua PlayStation 5, consola que já vendeu perto de 45 milhões de unidades em todo o mundo. Inicialmente, a PS5 existia ao lado do comando Dualsense, auriculares Pulse 3D, carregador de comandos e comando multimédia, mas a linha de acessórios está a crescer.
Entre os esforços para motivar mais consumidores a gastar mais dinheiro em produtos de suporte que expandem a sua experiência PS5, a Sony tem os controlos Access e Edge, com propósitos muito específicos e para público específico, receberá em breve os auriculares Pulse Elite e Pulse Buds, como soluções áudio para quem procura qualidade ou atributos específicos. Além disso, tem agora o PlayStation Portal, um reprodutor remoto que de igual forma, tem um público alvo específico.
Um exemplo disto está na própria equipa do Eurogamer Portugal. Temos todos hábitos de jogo semelhantes, mas com especificidades que nos diferenciam e se para mim um comando de cariz profissional como o Edge não tem apelo, um reprodutor remoto como o Portal já é outro assunto. Sou utilizador de reprodução remota há anos e já utilizei a funcionalidade em telemóveis, tablets e computadores, com ou sem Dualsense. Isto porque tenho de partilhar o ecrã principal aqui da casa, onde a PS5 está ligada. Por isso mesmo, ficou-me encarregue a responsabilidade de jogar no Portal e descobrir de que formas a Sony apresenta uma alternativa oficial para algo que já utilizava.
Como referi, é mais um produto próprio dentro de uma crescente gama de produtos específicos da PlayStation, através dos quais tenta satisfazer as necessidades dos mais pequenos grupos de jogadores. Afinal de contas, se vivemos numa era em que as pessoas compram diversos comandos para as suas consolas ou até diversas consolas da mesma família (a Nintendo que o diga), não é difícil entender o porquê da Sony estar a tentar cobrir de forma oficial estas necessidades, por mais pequenas que sejam.
Dito isto, descobri que o PlayStation Portal é uma boa alternativa oficial, mas insisto, deve ser avaliado de acordo com condicionantes muito específicas e isso vai variar de pessoa para pessoa, muito mais do que produtos de apelo mais geral. Sim, podias comprar um segundo ecrã para a tua sala, por exemplo, mas nem todos querem sacrificar a estética e decoração do seu lar, outros preferem jogar alguns jogos num ecrã mais pequeno (confesso que jogar Octopath Traveler 2 numa TV grande me fez confusão) e nem todos podem ter várias consolas ou querem sequer dividir a sua lista de jogos por várias plataformas.
Comprar um comando próprio para segurar o ecrã nas mãos não resulta para muitos pois nem todos conseguem acompanhar a informação necessária para obter o melhor e mais ergonómico comando para transportar consigo. Penso que é aqui que a Sony poderá conseguir chegar onde outras fabricantes de periféricos mobile não conseguem, na presença de um produto oficial e disponível com forte visibilidade para realçar a sua simplicidade.
PlayStation Portal (219€)
Como referido, já era um utilizador frequente da reprodução remota e esta opção tornou-se na minha preferida, mas ainda existe margem para melhorias. Apesar de chegar como um bom esforço, especialmente pela visibilidade de uma opção oficial para o cliente menos informado, muitos podem nem sequer imaginar que podem jogar PS5 a partir de um telemóvel ou tablet, outros podem nem sequer querer usar um comando mobile, o que beneficia um produto oficial do próprio fabricante da consola.
Já joguei por reprodução remota num telemóvel, tablet e PC, com facilidade e simplicidade, mas o que descobri agora numa opção totalmente dedicada a esse propósito foi qualidade superior em todos os momentos. A experiência depende da qualidade da ligação WiFi e distância claro, mas nas melhores condições, o Portal foi superior e nas piores condições, o Portal aguentou-se muito melhor.
Joguei sempre com o Dualsense ligado a outros dispositivos e desde o conforto à qualidade da reprodução, o Portal destacou-se da seguinte forma:
- Fácil de usar e conectar com a PS5: O Portal da PlayStation é um reprodutor remoto que funciona apenas para jogar jogos que estão a correr na tua PS5 através de uma rede WiFi. Com um propósito tão específico e único, é bom perceber que cumpre muito bem a sua função, melhor do que qualquer outra alternativa. Se a PS5 estiver ligada ou em modo descanso (ligada à PSN), podes ativá-la a partir do Portal e em segundos estás a jogar.
- Bom desempenho: Com um propósito específico e único, o Portal não podia falhar e tudo dependerá da tua ligação WiFi, mas nos nossos testes, o dispositivo oficial da Sony teve melhor performance do que todas as outras alternativas. Nas melhores condições conseguiu estar melhor, nas piores condições (afastado da fonte WiFi, por exemplo), conseguiu portar-se melhor em qualidade de imagem e estabilidade.
- Pode não parecer, mas é leve: olhar para o Portal e para o seu tamanho poderá não sugerir isso, mas o dispositivo é relativamente leve e não cansará as mãos da maioria das pessoas. É um bom ponto a ter a seu favor e relativamente importante para algo portátil.
- Boa ergonomia graças ao formato Dualsense: O Portal é basicamente um ecrã LDC de 8 polegadas com um Dualsense metido nas laterais, e uma vez que estás basicamente a pegar num Dualsense, já é um formato ao qual estás habituado e que se posiciona de forma confortável nas tuas mãos. É inesperadamente ergonómico e na minha experiência jamais senti aquele formigueiro que ocasionalmente sinto nas mãos se jogar Nintendo Switch em modo portátil durante muito tempo.
- Ecrã com boas cores e luminosidade: o ecrã LCD desfruta de grande luminosidade e apresenta boas cores, mesmo que sintas a falta da riqueza do contraste OLED. Cumpre as suas funções e serve para o seu propósito específico, mas é um dos aspetos pelos quais a Sony poderá melhorar numa futura nova versão.
- Todas as funcionalidades do Dualsense estão presentes: É provavelmente um dos seus maiores argumentos, a presença de todas as funcionalidades Dualsense num formato confortável e ergonómico. Alternativas como usar o Dualsense num PC ou tablet permitem isso, mas aqui tens um único dispositivo nas mãos, que podes transportar facilmente contigo enquanto jogas.
Aspectos a ter em conta
Apesar do Portal ter muito que resulta bem ao apostar na simplicidade e apresentar-se como um dispositivo oficial dedicado a um único propósito, não podemos considerar que se trate de uma vitória à primeira tentativa. O Portal merece alguns elogios, mas também chega com margem de progressão para melhorias.
Se fazes parte do clube que joga por reprodução remota e vê interesse numa opção oficial, certamente estás curioso com o Portal, especialmente como forma alternativa de jogar títulos com uma estética que combina melhor com um ecrã mais pequeno, mas existem pontos a ter em conta:
- Bateria dura cerca de 2h apenas: Não é um dispositivo pensado para longas horas de jogo, pois a sua bateria não o permite. Se és um pai que habitualmente joga 2 horas no máximo, não terás problemas com isso, mas de forma alguma poderás pensar no Portal como a tua principal forma de jogar. É um complemento para situações específicas, como ter a TV ocupada e querer jogar um bocado e saber que a bateria cumpre com o tempo disponível.
- Ecrã tátil usado para simular painel tátil do Dualsense: O Portal inclui literalmente um Dualsense nas laterais do ecrã, mas o formato significa deixar de fora o seu painel tátil. Isto é simulado ao pressionar duas vezes o ecrã tátil. Com o hábito começas a tornar o gesto intuitivo, mas nem sempre é cómodo movimentar um braço para realizar essa ação, especialmente em jogos que a exigem constantemente.
- A qualidade de imagem varia de acordo com a ligação: quem já joga em reprodução remota sabe disto e apesar do Portal ter melhor desempenho do que as alternativas no mobile ou PC, ainda está sujeito às condições do WiFi. Não esperes uma qualidade de imagem estável e perfeita em más condições de WiFi. Da mesma forma, conta com quedas na qualidade se dividires a ligação com outras pessoas.
- Coloca maior pressão na tua rede WiFi: Isto é mais do que esperado, mas se vais jogar no Portal para permitir à tua família ver uma série num serviço de streaming ou queres usá-la para jogar modos multiplayer online num hotel, por exemplo, a maior pressão na rede resultará numa qualidade de imagem com artefactos e menor fluidez. Acontece o mesmo noutras alternativas e o Portal tem melhor qualidade nos nossos testes, mas ainda acontece, inevitavelmente
- Ecrã LCD sem HDR: poderá parecer demasiado ambicioso, mas após jogar numa Switch OLED durante tantos anos, por mais vibrante que seja o ecrã 1080p LCD do Portal, fica a sensação que falta algo. Um ecrã OLED com maior riqueza nas cores e contrastes poderia fazer uma grande diferença.
- Não é o mais indicado para multiplayer: uma vez que depende da força da ligação WiFi, o Portal não corre no seu melhor em modos online competitivos. Jogamos EA Sports FC24 e Street Fighter 6 online e além da qualidade de imagem sofrer, a fluidez do desempenho também caiu de forma percetível. Tudo dependerá do quão bom é o teu WiFi e se outras pessoas na casa o estão a usar, isto poderá anular as ambições de jogar fora de casa este tipo de experiências.
Conclusão
O PlayStation Portal é sem dúvida uma amostra do quão empenhada está a Sony Interactive Entertainment em expandir a sua gama de acessórios em torno da PlayStation 5, por mais específicos que possam parecer. Para partes da audiência é um produto sem apelo, mas para o público alvo, por mais pequeno que seja, será uma opção de fácil acesso e simplificada, com o potencial para alertar muitos clientes para a possibilidade.
Na nossa experiência com telemóveis, tablets ou computadores para reprodução remota com a PS5, o Portal revelou-se como uma alternativa muito firme, com argumentos próprios que o podem tornar atrativo, como a existência de todas as funcionalidades Dualsense e a facilidade de uso, uma vez que foi criado especificamente para este propósito. A partir de agora, será o Portal a nossa referência para reprodução remota PS5 e não conseguimos voltar às outras opções, especialmente dentro de casa.