PlayStation Vita: A ressaca nipónica
O pós-lançamento e perspetivas de futuro.
Estamos agora em Janeiro de 2012, sensivelmente um mês após o lançamento Japonês da PlayStation Vita e a cerca de um mês do lançamento Europeu, evento que nos é tão importante e que tanta curiosidade nos desperta. Antes do lançamento nipónico falámos um pouco do panorama com que a Vita se ia deparar e a nossa curiosidade por este primeiro embate passou por um relembrar do passado. Abordamos a comparação com produtos equiparáveis e quais as lições do passado que podiam ajudar a Sony a evitar erros do passado e a triunfar numa era na qual as portáteis enfrentam um novo tipo de concorrência que há cerca de cinco anos atrás não existia, pelo menos com esta envergadura. Estamos então aqui novamente para falar do lançamento nipónico, do que se lhe seguiu e que tipo de leituras podemos tirar para o lançamento Europeu.
Começamos então por abordar um dos tema que mais interesse despertou, nomeadamente as pré-reservas para a PlayStation Vita que no Japão foram de tal forma animadoras levando a Sony a aumentar de 500.000 para 700.000 o número de unidades disponíveis para o lançamento Japonês a 17 de Dezembro. Este foi um indicador altamente entusiasmante para o lançamento da Vita, pois expressava bem a elevada procura pelo sistema, permitindo a muitas lojas aceitar novamente pré-reservas. O dia de lançamento parecia prever-se como um grande dia para a Sony e assim foi, com esta a superar-se a si mesma.
Rapidamente surgiram pela internet vários tipos de testes, como a comparação de tempos de carregamento entre versões digitais e físicas (um dos temas que mais curiosidade despertou) mas a notícia e as comparações mais desejadas pelos fãs da PS3 de bolso só chegaram no dia 20 de Dezembro quando foi revelado que nos primeiros dias à venda a PS Vita chegou às 312 mil unidades no Japão, deixando grandes expetativas para os dados da primeira semana.
Como não podia deixar de ser, uma das primeiras reações é procurar as prestações das rivais e comparativamente a Nintendo 3DS vendeu mais 50.000 unidades no seu lançamento, no mesmo período. No entanto deve ser dito que a 3DS foi lançada em Fevereiro, mês mais calmo na indústria, enquanto a Vita é um novo sistema que se viu mergulhado na feroz competitividade da época Natalícia. Isto colocou-nos perante um cenário bastante animador pois apesar de uma prestação inferior à da rival, a Vita esteve bem acima das 200.000 unidades que a PSP conseguiu vender no seu dia de lançamento a 12 de Dezembro de 2004, tendo um preço de venda base de 19.800 Ienes (200€). Sendo ainda precioso referir que ambas chegaram como um produto novo a meados de Dezembro onde as rivais já existiam. Por outro lado ficou no ar a expetativa sobre as vendas da primeira semana tendo em conta as unidades enviadas para as lojas.
"A PlayStation Vita esteve bem acima das 200.000 unidades que a PSP conseguiu vender no seu dia de lançamento a 12 de Dezembro de 2004."
A 28 de Dezembro tivemos então esses dados tão aguardados e ficámos a saber que na primeira semana a foram vendidas 72.479 unidades da PS Vita, ficando em quinto lugar na tabela das vendas de consolas. São sensivelmente 393.886 unidades vendidas numa semana, um número agradável para um produto cujo preço tem sido questionado. No entanto, a procura pela portátil não foi tanta quando se esperava e contrastou com uma das maiores semanas da Nintendo 3DS em território Japonês, 482.000 unidades vendidas que fizeram com que a portátil da Nintendo tenha alcançado a marca de 4 milhões de unidades vendidas no Japão em oito meses. A isto temos ainda os dados dos jogos mais vendidos nos quais podemos ver que dos dez mais vendidos, cinco são jogos 3DS e sem surpresas pertencem a séries como Super Mario, Mario Kart e Monster Hunter. Everybody's Golf e Uncharted: Golden Abyss fizeram as honras da Vita ao marcarem presença entre os dez mais vendidos.
A sensação de que a Vita poderia não ter o arranque que se esperava começava a formar-se e então as atenções começaram lentamente a virar-se para os porquês. Determinados fatores começaram a ganhar destaque: o maior tempo da 3DS no mercado aliado ao seu novo preço, juntamente com a presença de jogos de renome, fizeram com que a procura pela Vita não fosse tão evelada quanto previsto e aqui acreditamos que existem dois fatores que podem ajudar a ler os dados da Vita no seu lançamento. Um deles sendo a revisão da postura da Nintendo face à 3DS a dar resultado na época mais movimentada do ano e o outro que o catálogo de jogos escolhido pela Sony pode não ter sido o mais indicado para os gostos nipónicos.
Equiparando as vendas da Vita com as vendas de jogos na sua primeira semana, as vendas combinadas de todos os jogos Vita presentes entre os 20 mais vendidos fazem um total perto das 170.000 unidades, ou seja, praticamente 50% dos compradores de uma Vita não compraram jogos. Esta é uma realidade para a qual não estávamos preparados pois o catálogo de lançamento da Vita sempre nos transpareceu como um dos mais diversificados e bem pensados dos últimos lançamentos na indústria. Agora a questão não era a presença de nomes sonantes mas antes quais deveriam ser esses nomes sonantes.
Na sua segunda semana à venda a Vita conseguiu arrecadar 42.648 unidades, para um total a rondar as 436.534 unidades. Dados dentro do panorama registado por outros sistemas em momentos similares da sua vida e para uma companhia deve sempre saber bem vender cerca de meio milhão de unidades de um novo sistema em três semanas. No entanto os jogos da Vita continuaram a não subir a lugares de destaque nas tabelas de vendas e a prestação da portátil não estava a cumprir com as expetativas de vendas criadas antes do lançamento. Novamente questionou-se o porquê e cada vez mais se sentia que os jogos poderiam ajudar a responder a isso mas com um mercado tão singular como este, nem tudo conseguia ser tão óbvio.