Pokémon Link: Battle - Análise
Em linha com o espírito da série.
Anunciado para a Nintendo 3DS durante a última Nintendo Direct, Pokémon Link: Battle é mais um "spin off" da série Pokémon. Desenvolvido pela Genious Sonorty, que já nos trouxe jogos como Pokémon Colosseum e Pokémon Battle Revolution, este título é a sequela do original Pokémon Trozei, lançado em 2006 para a Nintendo DS. Diante de uma série tão popular e aclamada pela crítica, foi quase natural o desafio da produtora em procurar um conceito original, criativo e aglutinador da temática associada aos combates destes monstros de bolso.
O resultado deste desafio proposto pela Nintendo para a antiga consola portátil de dois ecrãs foi um jogo de puzzles baseado no clássico 3 em linha, mas com muitas das regras que são a base dos jogos Pokémon, ou seja, combates entre uma pluralidade de monstrinhos. O conceito adaptou-se bem ao modelo de interacção da Nintendo DS, ao encontrar no ecrã táctil e na stylus parceiros seguros. 8 anos depois, Pokémon Link: Battle regressa ao ecrã de uma nova portátil, a 3DS, e fica marcado pela inclusão de mais algumas regras que tornam este pequeno jogo de puzzles um desafio apelativo para umas partidas mais ou menos prolongadas.
A opção pelo conceito quebra-cabeças ou jogo de puzzles, como preferirem, levou à criação de um design e interface muito específicos. Numa passagem de relance pelo jogo, nem parece um título pokémon. Só o olhar atento nos leva a distinguir o desenho dos pequenos monstros dentro de uma base quadriculada (link box) que ocupa uma margem do ecrã superior e quase a totalidade do ecrã inferior, exceptuando duas fatias laterais. No cimo da grelha encontra-se o pokémon que irão defrontar. Como este pokémon possui pontos de saúde (health points: HP), terão de fazer ligações entre três ou mais pokémons iguais por forma a que estes sejam transferidos para fora da Link Box e efectuem um ataque ao adversário.
O objectivo passa por fazer cada vez mais linhas de pokémons da mesma ou de outras classes. O processo de criação de linhas é bastante simples. Basta verificarem onde se encontram dois pokémons da mesma classe perto um do outro e pressionar com a stylus um terceiro e arrastá-lo para o lado de outros dois ou para o seu meio. Está feita uma linha. Mas se forem rápidos (há um curto espaço de tempo que vai desde a criação da ligação até ao seu desaparecimento), podem juntar ainda mais um ou dois pokémons da mesma classe, o que vai fortalecer o ataque.
A partir do momento que estes monstros são transferidos para o ecrã superior, podem continuar a fazer mais linhas até que o ataque em cima seja executado, e se continuarem nessa onda realizam combos que tornam ainda mais devastador o ataque, ao mesmo tempo que se alivia a Link Box de pequenos monstros. A simplicidade da mecânica, conjugada com estas regras, faz com que as partidas sejam muito frenéticas e com poucas paragens.
Como havia referido atrás, junto da Link Box há duas faixas laterais que servem de medidor de energia da própria caixa. Ao serem atacados por um (ou vários) pokémon selvagem, essa energia vai desaparecendo e se terminar antes de vencerem o adversário perdem o combate e voltam ao princípio do nível. Na prática, o desafio é também contra o tempo, pois muitos dos ataques do pokémon selvagem não chegam a ser detectados e só uma observação do indicador de energia, acompanhado de um som alarmante quando a energia está prestes a acabar, nos leva a agir com mais rapidez. Depois também acontece que este adversário tenta distrair o jogador, ao invadir muitas vezes a Link Box na parte inferior, retirando alguma margem de manobra.
Ao vencerem o Pokémon selvagem, ele rapidamente passa a jogar a vosso favor, isto é, passa a estar disponível na Link Box. Durante o combate é decisivo obter linhas, mas não é menos importante observar como a barra de saúde do adversário é afectada pelos pokémons utilizados no ataque. Isto porque se fizerem uma linha de pokémons de uma classe capaz de produzir mais dano no adversário, se lhe acrescentarem combinações ele é derrotado facilmente. Imaginem que se encontram a lutar contra um pokémon que tem como característica o fogo. A opção passa por atacar com pokémons do tipo água. Ao todo existem mais de 700 pokémons, oriundos de Pokémon X e Y.
Apesar dos primeiros níveis se revelarem altamente simples, criados de modo a levar o jogador a aprender como funciona este quebra-cabeças, com níveis de combate contra um ou dois adversários que pouca energia roubam à link box, mais à frente terão de combater contra imensos pokémons dentro do mesmo nível, o que torna mais apertada a defesa, implicando uma derrota no último ou no penúltimo combate. Boa parte das vezes estes desfechos devem-se à impossibilidade de fazer linhas com os pokémons mais apropriados para retirar saúde ao adversário. É um processo algo manhoso da inteligência artificial que claramente conduz a uma derrota anunciada, pois muitos dos pokémons que ficam na grelha pouco retiram de saúde ao adversário, enquanto vamos sofrendo ataques que acabam com o nosso jogo.
Torna-se por isso útil eliminar rapidamente os primeiros adversários e recorrer a uma táctica especial chamada link chance que consiste em realizar duas linhas de seguida: uma com quatro pokémons seguida de outra com três. A partir daqui abre-se uma janela para efectuarem combinações de apenas dois pokémons. Com sorte conseguem esvaziar a link box e derrotar depressa o oponente do nível. Também é importante observar a base de dados dos pokémons vencidos. Alguns podem ser escolhidos como aliados em função da sua adaptação aos adversários que teremos de enfrentar naquele nível. Mas como à partida muitos são uma incógnita, só depois de uma derrota é que se fazem as melhores escolhas. Se chamarem ao combate mais do que uma vez o mesmo pokémon a vossa relação com ele melhorará, com reflexo sobre a pontuação final.
Devido à sua particular mecânica, Pokémon Link: Battle não oferece grande diversidade em termos de design, pelo que a viagem pela ilha, através das suas diferentes zonas, pouco mais traz do que novos pokémons, níveis e graus de dificuldade mais elevados. Uma componente relevante do jogo é a sua estrutura multiplayer, que vos permite jogar até com quatro amigos desde que todos tenham o mesmo jogo instalado na 3DS, através de partidas em modo lan (ligação local sem fios). Uma vez aí chegados podem formar duas equipas e jogar num modo cooperativo, visando a melhor pontuação. Neste caso o carácter frenético dos combates continua. O jogo dispõe ainda de algumas funcionalidades em termos de Street Pass, nomeadamente a troca de dados de jogo e que envolvem desafios de modo a obter pokémons ainda não disponíveis por quem capturou o sinal da nossa 3DS, operando como aliados em futuras batalhas.
O que faz de Pokémon Link: Battle um jogo interessante é precisamente a natureza do seu conceito e a sua imediata adaptação à linha principal da série Pokémon. Dentro dos "spin offs" existentes é um dos mais apelativos, mesmo que esta seja uma sequela e não uma produção original. Mas isso também proporciona alguns efeitos positivos, como o grafismo renovado, refrescante e uma apresentação mais colorida e bem acomodada nos dois ecrãs da 3DS. Depois, o método de interacção, que também funciona bem dentro de um conceito que permite partidas mais ou menos demoradas. Se quiserem capturar mais de 700 pokémons sem terem que jogar Pokémon X ou Y, considerem esta opção.