Poochy and Yoshi's Wooly World - Análise
Puxar o fio à meada.
Quando Yoshi's Wooly World sair daqui por dois dias para a Nintendo 3DS, faltará precisamente um mês para o lançamento da Nintendo Switch, a próxima plataforma doméstica da Nintendo, que em certa medida acabará por rivalizar com a 3DS, atendendo à sua dimensão portátil. Como sucedera noutros lançamentos, nomeadamente com a Nintendo DS, consola de dois ecrãs que a Nintendo nunca referiu ser uma substituta da Game Boy Advance mas um terceiro pilar, também a 3DS continuará a merecer destaque mesmo após a chegada da Swicth. Embora tenha sido a portátil da Nintendo que menos vendeu, goza de um parque de mais de mais de 61 milhões de consolas, pelo que é expectável que até ao final do ano continue a receber jogos.
Yoshi's Wooly World é uma adição de peso ao já vasto catálogo da Nintendo 3DS. Convenhamos que não se trata de uma produção exclusiva da portátil. Originalmente lançado em 2015 para a Nintendo Wii U, a produção da Good-Feel que nos trouxe anteriormente Kirby's Epic Yarn para a Wii (em 2010), remontou algumas das críticas presentes nessa edição, produzindo um jogo mais desafiante, repleto de objectivos secundários, mais na linha de Super Mario World 2: Yoshi's Island.
Apesar de ter vendido mais de 1 milhão de unidades, a exclusividade de Wooly World na Wii U retira alguma margem de progressão a um jogo que pode na 3DS encontrar a casa perfeita para ganhar novo alento. Na sequência dos lançamentos de Hyrule Warriors Legends e Super Mario Maker, este é o terceiro jogo a fazer a ponte para o sistema portátil. Mas enquanto que os dois primeiros não evitaram alguns percalços no ajuste, Wooly World exibe na portátil a mesma qualidade da versão Wii U. Um belíssimo jogo em termos visuais, muito fluído e dinâmico, com aquele toque distintivo proporcionado pelos conceito em torno dos tecidos.
É o grande destaque em Wooly World, uma espécie de mundo mágico de algodão e lã, onde as pontas soltas podem ser puxadas pela língua da pequena criatura que controlamos, abrindo caminho para uma área secreta. Os níveis de fofura presentes em cada acabamento são elevados e torcem até o coração da pessoa mais fria. Valerá a pena lerem a nossa análise à versão Wii U de Wooly World, pois muito do seu conteúdo encontra validade neste momento.
Na senda do caminho desbravado em Kirby's Epic Yarn, a Good-Feel optou por desenvolver níveis um pouco mais longos que os usuais na série Super Mario, acrescentando múltiplas áreas secretas e uma série de itens de colecção, alojados em pontos nem sempre visíveis, levando o jogador a ter que explorar mais todas as áreas. Desde flores, a novelos de lã, passando por materiais de bijutaria, recolher tudo pode ser uma tarefa particularmente exigente. Claro que é possível desfrutar de cada nível na forma mais tradicional, ou seja, seguir directamente para a meta galgando os obstáculos.
Dessa forma percebe-se depressa que é um jogo com uma dificuldade menor e que só nalguns pontos perdemos uma e outra vida, mas nada de muito assinalável quando comparado a um Yoshi's Island. Este aspecto poderá desiludir um pouco os puristas que preferem os desafios mais sólidos dos clássicos, mas se optarem por vascular todos os níveis vão ser surpreendidos com a dimensão da área e das surpresas que constantemente dali resultam. Os movimentos de Yoshi são os mesmos de sempre; a sua capacidade para recolher inimigos com a língua e transformá-los em ovos que podem depois ser arremessados a blocos que depois de atingidos se transformam numa estrutura de acesso a uma plataforma, seja através de uma escada ou trampolim.
Há por isso uma grande mudança em termos de design face a Yoshi's Island da Super Nintendo. Enquanto que este era um jogo mais meticuloso e organizado pelo posicionamento dos inimigos e dificuldade em ultrapassar todos os desafios, em Wooly World, tal como o nome expressa, é mais a exploração do mundo que torna interessante esta aventura. Seguir uma abordagem baseada apenas no relógio e na conclusão pura do nível pode tornar-se algo monótono a espaços. Enquanto que a opção por uma exploração total, vasculhando cada palmo de tecido pode abrir um baú de surpresas e outras coisas mais.
As transformações do nosso protagonista, numa mota ou com um guarda-chuva que os ventos podem levar alto, podendo até agigantar-se em certas fases, integram-se bem e ajustam-se aos níveis, embora nem todas beneficiem do mesmo equilíbrio. O prazer de controlar um Yoshi gigante é momentâneo, dado que o seu tamanho é suficiente para desmoronar todo o nível e o que há de mais interessante nisso fica por aí. Já a motorizada e em especial o guarda-chuva funcionam um pouco melhor, embora quase sempre com a tentação de abrir caminho até à meta.
Os níveis do cachorrinho Poochy constituem uma secção à margem, com novos segmentos. O controlo é diferente, baseado no sistema "run" dos jogos de telemóvel como Super Mario Run, o que significa que terão que saltar e baixar a cabeça. Pelo meio da corrida desenfreada terão que recolher o máximo de objectos que puderem, evitando os obstáculos e outros perigos. Depois das provas superadas desbloqueiam mais níveis, assim como níveis adicionais na campanha.
Em termos de interacção com as figuras Amiibo, poderão importar uma segunda personagem para o jogo. Ela irá actuar como um segundo jogador, capaz de replicar uma grande parte das nossas acções. Não faz esquecer a ausência de um segundo jogador em modo local, mas pode revelar-se útil em certos momentos, prestando uma preciosa ajuda. No que toca aos visuais, depois de uma versão que na Wii U apresentou texturas muito detalhadas e uma construção da personagem que deixava bem à mostra a sua composição de malha, na 3DS certas limitações implicaram uma perda de resolução e menos detalhe, com alguns fundos um pouco mais turvos, uma iluminação menor e cores um pouco menos vibrantes. Mesmo assim, a fluidez não saiu prejudicada, sendo sempre algo relevante num jogo de plataformas e acção.
Dos 3 jogos que fizeram a transição da Wii U para a 3DS, este é o que menos cede em termos de conteúdo e qualidade. Não perdendo muito para a versão doméstica, retém uma boa jogabilidade, imensos mundos para explorar e um design deveras amoroso. Ainda não é aquele regresso ao estilo mais exigente de Yoshi's Island ao qual muitos gostariam de regressar, mas não restam dúvidas que este é um dos mundos mais bonitos e idílicos, mesmo quando o terrível Magikoopa Kamek transforma todos os Yoshi's em novelos de lã para recreio do Baby Bowser. O que vale é que há sempre um Yoshi inconformado que não vai dar descanso a Kamek.