"Precisamos de melhores editoras"

"Precisamos de melhores editoras", é o título de um artigo escrito por um produtor anónimo para o Kotaku, culpabilizando as editoras pelo estado decadente da indústria dos videojogos, em que um só jogo tem que vender milhões para se obter lucro.

As editoras são acusadas de serem responsáveis pelo encerramento de vários estúdios de videojogos nos últimos anos. "Dizem-nos que isto é devido ao clima económico e porque os jogos modernos custam mais a produzir. Muito disto é desorientador e não passa de tretas," acusa o produtor.

Sem referenciar editoras em concreto, este produtor aponta o dedo aos executivos por interferirem diretamente na produção dos videojogos, substituindo elementos complexos por elementos mais simples, tudo em nome de estética e numa tentativa de aproximar os videojogos aos filmes.

"(...)a maioria dos executivos não consegue ou não quer jogar ou nem sequer percebe como funcionam os jogos."

"As pessoas da editora vêem o jogo e depois fazem elogios passivos e estéticos dos aspetos funcionais. Isto acontece porque a maioria dos executivos não consegue ou não quer jogar ou nem sequer percebe como funcionam os jogos."

Quando os jogos são mal recebidos pela crítica, por vezes pela interferência dos executivos na produção, querendo implementar as suas ideias, a culpa é colocada no estúdio.

"Devido ao facto de termos um grande número de idiotas na gestão de publicação, significa que não conseguem gerir decentemente orçamentos - na maioria das vezes devido à sua própria interferência que aumenta os custos - então carregam no botão de pânico e encerram o estúdio que tentou criar um jogo para eles."

Os contratos escritos com um alvo de pontuação a atingir no Metacritic também são alvo da crítica do produtor, afirmando que "esta prática é feita inteiramente para negar aos produtores os royalties caso um jogo venda". E mesmo que um jogo venda muito bem e receba críticas positivas, "ainda serás lixado (perguntem à Infinity Ward)."

As editoras são acusadas ainda de criar narrativas sobre a produção, colocando no papel central "génios singulares", quando na realidade o processo não acontece da forma como é descrito ao consumidor.

" O mito do herói solitário no design do jogo - aquele que associa um jogo com um só designer - é primariamente para beneficiar as editoras."

"Os génios singulares contribuem, supostamente, para o progresso do meio (na realidade, não o fazem). O mito do herói solitário no design do jogo - aquele que associa um jogo com um só designer - é primariamente para beneficiar as editoras. Não produz apenas uma narrativa potente e singular como também previne aqueles que fazem os jogos de receber qualquer crédito significante ou visibilidade naquilo que fazem."

O produtor teme pela próxima geração de consolas, em que os custos de produção serão mais elevados, o que será um risco tendo em conta a falta de talento nas editoras. Contudo, sublinha "a ascensão maravilhosa dos indies que publicam os seus próprios jogos", e reconhece que os grandes produtores já se aperceberam que "seguir os mesmos orçamentos dos últimos anos é ridículo."

O que têm a dizer sobre isto tudo?