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Prince of Persia

No mundo mágico dos príncipes e das princesas.

Mas, mesmo no meio de qualquer desagrado, PoP não me deixa de surpreender. Com uma acuidade visual de fazer inveja a qualquer jogo desta nova geração, a nova aventura do Príncipe ganha tanto em beleza como em magia, num cenário que é incapaz de deixar até os mais sépticos em indiferença. Aliado a este factor vem também o excelente trabalho que é feito a nível de Voice Acting, tanto para o príncipe como para Elika. É, no mínimo, incrível a forma como vemos este príncipe ganhar uma personalidade tão forte, passando de um "Zé-ninguém" que era nos capítulos anteriores, para uma das personagens mais vivas e reais da história dos videojogos. Desde os seus piropos constantes, aos intermináveis diálogos com Elika, o Principe é melhor que qualquer boneca da Concentra pois, por muito que o façam falar, ele terá sempre mais qualquer coisa a dizer.

Tanto é, que ao longo do jogo será possível falar com Elika a qualquer altura, mantendo diálogos que são no mínimo impressionantes e, até mesmo, esclarecedores. E, já que estou a falar de Elika, aproveitar para dizer que esta é sem dúvida a parceira ideal a nível de IA. A sua companhia traz grande profundidade ao jogo e a ideia de Elika nos salvar sempre que morremos é, no mínimo, arrojada. Coloca de parte a ideia de "morrer", realçando a caminhada heróica do príncipe e oferecendo um pouco mais de magia à coisa.

Ao início, será normal estranharem a jogabilidade que poderá por vezes parecer demasiado forçada e, de certa forma, pré-recriada. A curva de aprendizagem poderá também ela ser relativamente grande pois existem aqui movimentos e técnicas com execuções diferentes do normal. Muitas vezes, grande parte dos acontecimentos ou sequências baseiam-se em carregar na altura certa, na tecla certa, pelo que o jogo acaba por recair um pouco sobre o Trial-and-error. Contudo, os momentos mais divertidos dão-se durante os confrontos com inimigos onde será possível provar um pouco desta magia, entre os mais diversos combos de que o jogo dispõe. Existem ataques onde poderão utilizar a espada, a luva ou ainda ataques combinados com a magia de Elika, nos quais ela própria entrará no combate. Os tão famosos Quebra-Cabeças foram também eles incorporados no jogo, mas numa quantidade modesta - no total existem 4, um por cada área.

Sempre perseguido pela doce companhia de Elika.

Palavras como "épico" e "mágico" vêm facilmente à cabeça quando se olha para este clássico que acaba de levar um dos liftings mais drásticos da história dos videojogos. No bom sentido é claro. O seu aspecto Cell-shading atinge um patamar glorioso ao nível do melhor que já se viu nesta geração. Observando os enormes cenários, a única palavra que muitas vezes me veio à cabeça foi: WOW! PoP prova que não só através de combates épicos e inimigos avantajados se fazem os grandes momentos. Muitas vezes basta passar o olhar pelo detalhe e magia destes cenários para conseguir espremer desta experiência um momento que poderá ser para todo o sempre marcante.

É como se existissem dois mundos, um deles corrupto e invadido por uma penumbra medonha, e depois outro mundo, verde e cheio de magia. Mas não se diferem em espectacularidade, pois é incrível podermos apreciar ambos os cenários ao longo de toda a aventura e, a cada momento, ficarmos fascinados e surpresos com aquilo que ambos significam. Incrível é também a recriação dos cenários, desde elementos interiores a exteriores, onde o detalhe é sem dúvida a palavra de ordem - nunca o reino Persa foi tão vivaz.

Prince of Persia apresenta-nos uma experiência que tem como principal cartão-de-visita o seu visual artístico, aliado a uma presença fenomenal por parte da personagens intervenientes. É certo que não está livre de falhas e o constante repetir das mesmas acções é a prova disso. No entanto esta é uma experiência como existem poucas e, face a este novo visual da série, dá quase vontade de perguntar: Porque é que não foi sempre assim? A estória trágica bem como o seu desfecho deixam a sensação de que toda a aventura é uma narrativa próxima daquilo a que se pode chamar de conto videojogável, onde a beleza dos ambientes e cenários deixa um leve travo a magia. Muitos poderão até estranhar e rejeitar esta nova "cara" de PoP, pois o visual aparente não será a única diferença encontrada mas, por outro lado, é impossível ficar-se indiferente a esta experiência.

8 / 10

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