Prince of Persia HD Trilogy
Voltar atrás no tempo.
Prince of Persia é uma das trilogias mais populares da anterior geração de consolas e durante muito tempo foi a grande coqueluche da Ubisoft. Gozou de um estatuto singular e fundou os alicerces de alguns dos mais conceituados franchises da actual geração de consolas. Numa altura em que a criatividade era muito mais valorizada do que qualquer contagem de polígonos no ecrã e que nem tudo o que chegava às lojas se inseria de alguma forma dentro do género shooter, a Ubisoft deu-nos uma versão, na altura, actual de um clássico.
O sucesso de Sands of Time despoletou o que viria a tornar-se numa trilogia principal que conta ainda com várias ramificações nas mais variadas consolas mas que infelizmente não conseguiu manter a elevada qualidade do primeiro ao longo dos anos e cujo estatuto se foi perdendo.
A oportunidade de ter num só disco os três jogos representa-se como única pois de uma só vez temos toda a história deste príncipe que nos conquistou, a alguns pelo menos. Desde a magia e até inocência do primeiro, que por vezes no parecia querer dizer que estávamos num filme Disney, ao tom mais negro e adulto do segundo até ao terceiro e final jogo da trilogia, esta é uma história que certamente vale a pena conhecer, ou recuperar, mas não sem algumas máculas. Isto porque a origem de todo um fenómeno e de toda uma máquina inspiradora foi como que vítima de si mesma. Desde a trilogia original, que começou em 2003 e foi saindo anualmente até 2005, que muito já foi feito com base na inspiração e mais do que isso, foi altamente evoluído.
A qualidade da remasterização está intimamente ligada à qualidade do produto original. E se em God of War, a única comparação remasterizada existente, o produto remasterizado atesta que a série tinha dos melhores visuais e jogabilidade da sua época, já Prince of Persia nos relembra que nem tudo correu pelo melhor. Enquanto God of War I e II quase que poderiam passar por jogos actuais, imaginem se fosse tecnologicamente possível remasterizar ambos os jogos usando o motor de God of War III mas mantendo na mesma a jogabilidade e mecânicas inalteradas, ambos se iriam transparecer com uma sensação actual, o atestar de toda uma qualidade. Prince of Persia enquanto série já não o consegue.
Voltar à trilogia original serviu mais como uma lição sobre como as bases de algumas das maiores referências da actualidade surgiram, ao invés de ressuscitar o sentimento que na altura nos invadiu. Sands of Time é um dos meus jogos favoritos da anterior geração e apesar de agradável de revisitar, o passar do tempo deixou bem patentes as suas marcas. O que antes era uma jogabilidade de referência é agora algo preso e pouco intuitivo. Uma das provas mais evidentes, diria eu, de como Uncharted, o Prince of Persia de 2008 e Assassin's Creed levaram as coisas para novos e muito maiores patamares.