Professor Layton and the Miracle Mask - Análise
Que segredo oculta a misteriosa máscara?
Mais de um ano e meio depois do lançamento no Japão, a mais recente aventura do Professor Layton chega a território europeu, pronta para voltar a encantar os fãs e saciar a fome dos monstros dos quebra cabeças intrigantes e inteligentes. The Miracle Mask foi um dos jogos que integrou a lista de lançamentos da 3DS para o Japão e logo no primeiro dia de colocação no mercado conquistou as preferências dos nipónicos. Não é por acaso. A série Professor Layton possui já uma grande identidade e é uma marca-chave das consolas Nintendo, muito por força dos quatro jogos editados para a Nintendo DS (e da edição dos jogos pela Nintendo fora do Japão), que mostraram como se pode fazer uma aventura e contar um enredo intrigante, ao bom estilo dos policiais e séries de investigação, sem ter de recorrer a ferramentas tradicionais para completar uma aventura. Em Professor Layton tudo se resolve pondo o cérebro a funcionar em mais um puzzle.
Na verdade esse é o lado mais útil e ao mesmo tempo sedutor e apelativo para fãs e recém-chegados. A apresentação dos puzzles é outra das qualidades da série. Na sua esmagadora maioria são intrigantes, podem estar desconexos com a trama, mas resultam de um qualquer objeto que se destaca no palco de jogo, e não nos largam enquanto não acharmos a solução. Depois há todo um cuidado na apresentação que vem deixando os fãs da animação satisfeitos. A Level 5, enquanto produtora, conseguiu alcançar um resultado muito forte em termos de design, tanto em cenários como em personagens, o que acaba por resultar numa diferenciação imediata desta para todas as outras propostas.
E essa é outra parte do charme do jogo, que em termos geográficos parte de uma Inglaterra londrina aberta a mistérios e outras subtilezas para outras paragens. Nessa medida, Hershel Layton e Luke Triton (o fiel aprendiz) poderão exibir algum temperamento mais snobe e disciplinado, como se pode encontrar nalgumas camadas da população britânica. Ambos acentuam isso enquanto conversam com outras personagens, puxando da algibeira um puzzle que envolve muito funcionamento dos neurónios e quase sempre uma leitura atenta dos enunciados. É verdade que este jogo poderia só existir com os puzzles, mas ficaria longe deste resultado tão ligado à animação e de maior sedução por força de mistérios que se avolumam dentro de cada episódio.
No entanto, o grande mérito do jogo é que os seus puzzles - quase todos -, implicam estudo, percepção e, quando for caso disso, rascunhos e cálculos numa folha de papel virtual para se chegar à solução. Em Miracle Mask, Hershel Leyton sintetiza isso mesmo quando se vê confrontado por um jogo proposto por dois meliantes, que implica atenção à imagem, respondendo-lhes que os seus puzzles funcionam noutra lógica. Mas esse é o lado do jogo mais familiar e percorrido pelos fãs, pois enquanto manancial de puzzles, não é muito diferente dos jogos anteriores. Mesmo sendo consistente e praticamente único por beneficiar do apoio de Akira Tago (um dos mestres de puzzles no Japão), alguns poderão ver mais depressa este jogo como um novo volume, sem causar já aquela surpresa provocada pelos primeiros jogos.
The Miracle Mask é o primeiro jogo da série desenvolvido para uma consola mais potente. Exclusivo para a 3DS, a investida de Professor Layton e seu fiel aprendiz Luke por uma consola com outro alcance gráfico permitiu à Level-5 criar mais impacto e sobretudo uma apresentação tridimensional, amplamente reforçada no que toca aos “backgrounds”. Isso levou a produtora a mudar os mecanismos de interação e a tornar tudo mais interessante para o ecrã onde está o efeito 3D, enquanto que o ecrã inferior fica totalmente apontado à interação para mapas e outras opções. O efeito em Miracle Mask do 3D é notável e rapidamente nos mostra como este jogo está melhor; mais colorido e fascinante.
Basta pegar em The Spectre's Call para nos apercebermos do grau de desenvolvimento que a Level-5 conseguiu preencher em Miracle Mask. É outra fasquia. Bem se vê que muitos dos quebra-cabeças ainda são resultado de uma linha muito similar à dos jogos anteriores e nem sempre se concretiza uma utilização subtil e exclusiva do 3D, algo que acrescentaria ainda mais vitalidade a uma estrutura de puzzles já por si excitantes. Contudo, o grau maior de transformação começa por se verificar na apresentação de Monte d'Or, uma cidade abundante em cor e luz, com toques de Las Vegas, e que se ampliou no meio de nenhures.
Acontece que há uma atracão na cidade. É Carnaval e muitos turistas vieram expressamente atender ao evento. Pelas ruas e artérias daquela luminosa e vibrante cidade à noite, há festejos e os participantes prosseguem num desfile pleno de adereços, palhaços enormes e muita animação. Hershel Layton, Luke Triton e a assistente Emmy juntam-se à parada, extasiados a contemplar a opulência e animação. Chegaram a tão distinta paragem depois de o professor ter recebido uma carta intrigante de uma antiga colega de escola, chamada Ângela Ledore, que vive numa luxuosa mansão num quarteirão da cidade e que alertava para os perigos de uma máscara.
Durante o desfile algo de estranho acontece. Pessoas desatam a correr e a gritar, enquanto que outras ficaram literalmente petrificadas, como estátuas, depois de terem sido atingidas por um efeito gerado por uma antiga máscara. O antagonista do jogo é um cavalheiro enigmático, que não só usa a máscara para ocultar a sua identidade, como se serve dela para atemorizar habitantes e turistas de Monte d'Or. Este é o ponto de partida para a nova aventura de Professor Layton e em Miracle Mask a equipa viajará também de encontro ao passado de Hershel Layton, naquele que acaba por ser um reencontro de colegas, mais precisamente com Randall Ascot, um antigo amigo de Layton, com quem partilhava uma profunda devoção por arqueologia.