Project P-100 - Antevisão
Jogo de culto à vista.
Será este o Project Platinum 100? O centésimo projeto da Platinum Games? Provavelmente não. O que sei é que mesmo depois de jogar a demonstração para a Wii U deste original e novo produto oriundo dos excêntricos Hideki Kamiya e Atsushi Inaba, ainda não deslindei o mistério do nome do jogo. Provavelmente não será esta a designação final, mas fica aberta a curiosidade. Da Platinum Games, ou antigo estúdio Clover da Capcom - já que a maioria do pessoal saiu da Capcom quando a companhia encerrou a divisão -, saem sempre projetos novos e criativos. Uns, como Bayonetta ou Vanquish, receberam melhor aceitação das massas que outros como Madworld que não contou com tanta margem de furor, não obstante a marca de autoridade que lhe está associada.
Project P-100 é diferente de tudo o que foi até hoje fabricado nas oficinas da Platinum Games. Este é um jogo de estratégia e ação em tempo real, com uma perspetiva de jogo isométrica sobre o campo de batalha. Bem próximo de um RTS. Há quem encete rapidamente comparações com Pikmin, na vertente de comando de um grupo de personagens. A diferença é que ao invés de controlarmos um comandante temos uma mão cheia de super heróis que trabalham em conjunto na luta contra o mal. Analisando-os à lupa parecem saídos da mesma máquina de fazer jogos por onde entraram os ingredientes que originaram Viewtiful Joe. Mas enquanto que em Viewtiful Joe o nosso herói é um amante de comics e uma figura central que após uma misteriosa passagem pelo cinema substitui um herói já envelhecido, aqui a história é outra e o tributo dos heróis reparte-se pelo todo. O coletivo sobrepõe-se ao individual. Juntos venceremos, dirão eles.
Vale a pena descobrir as especialidades destes heróis. Há traços clichés e muita febre "comic" que atravessa esta linha delirante de personagens excêntricas. Até os nomes deles oferecem particularidades como Bonzai Man, Vending Machine Man, Toilet Bowl Man e sabe-se lá mais quê Man. Terá a Capcom cedido a utilização de Mega Man? Era bonito. Seja como for, vamos descobrir coisas interessantes sobre estas personagens e como conseguem atuar em grupo para gerar grandes objetos ofensivos. O processo de transformação toca ao de leve nos robôs de Transformers, mas enquanto que nessa franquia há um processo individual de transformação, aqui é o grupo que faz diferença, tranformando-se numa coisa corpórea única e com uma vantagem. Os habitantes da cidade, pilotos de helicópteros derrubados e outros passageiros, para lá de serem vistos como sobreviventes, podem juntar-se ao grupo e acompanhar a missão.
É neste ponto que há grandes semelhanças com Pikmin. Ao explorar os níveis o jogador pode recrutar cidadãos em dificuldades, de modo a que os seus poderes especiais sejam ainda maiores. Mas é uma semelhança que se fica por aí. Para lá disso, comandar os heróis contra os inimigos envolve processos ofensivos e defensivos altamente exclusivos e inéditos. Assim como há ocorre uma constante mudança nos níveis, colocando este jogo de estratégia mais perto dos jogos de ação.
Na verdade, o "gameplay" vai ao encontro dessa tendência para o confronto. Sucessivos inimigos dispõem-se diante do grupo de heróis e proporcionam um confronto imediato. A apresentação daqueles é precedida de um ecrã de apresentação. Pode ser um tanque de guerra apetrechado, ou então uma figura robótica de proporções gigantescas passível de ser percorrida pelos nossos heróis. Para os atacar, a demonstração mostrou-nos três tipos de ataque e para defender o grupo transforma-se numa espécie de bloco gelatinoso capaz de repelir a força do ataque inimigo.
"Project P-100 é diferente de tudo o que foi até hoje fabricado nas oficinas da Platinum Games."
Durante a demonstração usamos sempre o GamePad, que será o elemento chave na realização dos golpes ofensivos. Ao conjugar determinado conjunto de heróis, podemos reproduzir formas especiais, como uma espada, um punho ou uma pistola, todos de proporções gigantescas. Uma vez obtidas estas formas especiais de ataque, podemos usá-las a todo o tempo, ainda que tenhamos a opção para, a qualquer momento, desmembrar o grupo e lançar os ataques padrão.
O curioso sobre estas colossais formas de ataque é que podem ser criadas a partir do ecrã táctil do GamePad, desenhando no ecrã a forma respetiva. Em alternativa podem usar o analógico direito para reproduzir o mesmo desenho. Se quiserem poderão usar a stylus para os desenhos, embora com o dedo da mão seja possível fazer o mesmo. Para ativar o ataque basta premir o botão que dá a ordem para agrupar. O efeito é impressionante e rapidamente os nossos heróis se transformam num objeto colossal de ataque.
Convém ter atenção ao indicador de bateria colocado no lado superior esquerdo. Quanto mais tempo usarem o poder especial, mais energia terão de gastar. Para recuperar energia basta que os heróis se desintegrem da forma e fiquem algum tempo à espera até regenerarem os poderes especiais. É aconselhável efetuar estes abastecimentos em períodos de tranquilidade, mais precisamente nos intervalos das batalhas. Nesse momento podemos também recrutar os cidadãos desesperados pela situação de emergência. Para tal há que desenhar um círculo ao redor dos cidadãos. Só assim poderão entrar para o grupo.
A última parte da demonstração está reservada a um confronto com uma criatura robótica gigantesca. É aqui que teremos de dar uso, na perfeição, às manobras ofensivas e defensivas. Mas à medida que avançamos pela demo, vamos descobrindo coisas surpreendentes. Por exemplo, nessa luta, depois de um ataque com sucesso a uma das partes da criatura, temos de alcançar o braço oposto. A única hipótese de o fazer é criar uma ponte, como se estivéssemos a desenhar uma espada. Em poucos segundos temos o grupo de heróis no lado oposto e preparado para prosseguir a batalha.
Project P-100 reserva muitas surpresas e a dimensão visual e artística são pontos que exercem um imenso fascínio. Os cenários citadinos mostram-se vivos, ricos em de pormenores e com uma ação verdadeiramente caótica. As cores vivas abundam, explosões acontecem e há uma fluidez incrível. Quem acompanhou Viewtiful Joe vai detetar algumas semelhanças, ainda que aqui tudo esteja reproduzido em três dimensões, bem diferente por isso das plataformas 2D de ação de Viewtiful. A alta definição proporcionada pela Wii U favorece esta dimensão artística e será preponderante no resultado final.
A demonstração mostra-nos que esta parceria entre a Nintendo e a Platinum Games pode vir a gerar mais um título de culto. Project P-100 está apontado a uma audiência mais madura, ficando presente a sensação de corresponder a uma exigência dos fãs para a nova consola da Nintendo que peticionavam mais jogos "hardcore". Sem dúvida que é dos jogos mais originais e altamente personalizados desta primeira vaga de títulos para a Wii U.