Project X Zone - Análise
As melhores personagens da Namco Bandai, Capcom e Sega num só jogo.
Não é todos os dias que três editoras se juntam para lançar um jogo. É um acontecimento fora do comum e que pode ser categorizado como especial. Project X Zone é o resultado de uma colaboração de três grandes editoras japonesas - a Namco Bandai, a Capcom, e a Sega - que decidiram pegar em personagens das suas várias séries e colocá-las num único jogo, deixando que os diferentes universos colidam livremente ao longo de um enredo que se prolonga por 40 capítulos e dezenas de horas.
Mas antes de me adiantar, vou colocar os pontos nos ís. Project X Zone é um RPG tático, um género pouco popular no Ocidente, no entanto, comum entre os japoneses. Existe o estigma que este género é complexo, difícil e que consome tempo. Em relação a este último ponto, não tenho nada a dizer, é um jogo longo. Mas em relação à complexidade e dificuldade, está longe de pertencer a uma dessas categorias. Assim que perceberem como funciona o sistema de combate (não deve demorar muito), torna-se muito acessível e até demasiado fácil (no começo).
Por fora é um RPG tático; por dentro tem ocasiões em que mais se assemelha a um jogo de luta, com muito menos liberdade no que toca à execução de combos. Quando se aproximarem o suficiente de um inimigo nos mapas divididos por quadrículas podem iniciar o modo de combate. O jogo transforma-se num beat'em up e requer que ataquem carregando no X e nos botões direcionais. Quando maior for o combo, maior será a experiência ganha no final, por isso é importante manter o inimigo no ar e não o deixar cair ao chão para o combo não terminar. Os "Critical Hits" são outra variável que devem levar em conta para maximizarem o dano causado ao inimigo e podem ser especialmente úteis para acabar com ele num só ataque. Para executar um "Critical Hit" é preciso ser minucioso no tempo de atacar; se atacarem no último segundo antes do inimigo embater no chão, conseguem um "Critical Hit", que causa mais dano que o habitual.
Project X Zone é um jogo de duplas, não há nenhuma personagem que combata sozinha. As duplas já estão definidas pelo jogo, portanto, se o vosso sonho era ver Dante a combater lado a lado de Morrigan de Darkstalkers, esqueçam-no. Contudo, há unidades isoladas que podem se juntar às duplas, criando alguma personalização quanto às equipas. Estas unidades isoladas garantem atributos especiais, logo convém ler as informações antes de as juntar a uma dupla. Durante os combates, a unidade isolada pode ser convocada pela respetiva dupla para dar origem a "Cross Hits", que causam muito dano. Se a dupla atacante estiver próximo de outra dupla, esta pode ser convocada para ajudar juntamente com a unidade isolada, dando origem a combos espetaculares e que causam um dano elevado.
Os combos são espantosos e dão uso às habilidades conhecidas de cada personagem, mas a derradeira recompensa, show-off e capaz de causar danos massivos são os ataques especiais possíveis quando a "Cross Gauge" atinge os 100 porcento, muito úteis para desgastar a longa energia vital dos bosses. A "Cross Gauge" tem outras utilidades importantes. É gastando um pouco da barra que podem defender-se parcialmente ou completamente de ataques adversários ou contra-atacar. Em adição, a "Cross Gauge" é a moeda de troca para usar habilidades que variam de dupla para dupla. As habilidades podem ser curar um companheiro ou a si próprio, aumentar o alcance do ataque, andar mais quadrículas por jogada, entre outras coisas. Tudo isto se revela indispensável nas fases mais avançadas do jogo.
O ritmo de progressão é lento, e quanto mais nos aproximamos do final, mais lento fica devido à quantidade absurda crescente de inimigos que enfrentamos em cada capítulo. O desafio inicial de Project X Zone é apresentar tantas personagens e não só, conseguir incluí-las a todas num enredo que faça mais ou menos sentido (e consegue, dentro dos possíveis!). Mas este não é um jogo que se compra pela sua estória. O motivo para comprar Project X Zone é ver todas as personagens icónicas de universos completamente diferentes a colidirem ou a juntarem forças. A quantidade de séries envolvidas é grande, tão grande que creio que é uma tarefa dificílima conhecer todas elas e todas as personagens que vão sendo introduzidas, mas como a estória é leve, não têm que conhecê-las a todas para desfrutarem do jogo. Quanto muito, Project X Zone serve de incentivo para ir jogar as séries envolvidas que nos são desconhecidas (no meu caso, o interesse em Darkstalkers cresceu muito).
"Os combos são espantosos e dão uso às habilidades conhecidas de cada personagem"
Em cima disse que era demasiado fácil no início, e é verdade. Até relativamente metade do jogo não têm que se preocupar muito com a dimensão estratégia. Só depois é que começam a surgir desafios, como não permitir que determinado(s) inimigo(s) chegue a determinada lugar do mapa ou chegar até algum ponto dentro de "x" jogadas. Nestas ocasiões, já temos que planear e pensar nas jogadas, dando uso às habilidades das personagens para criar vantagens. Fora de campo de batalha, entre capítulos, há outro elemento estratégico nos acessórios que podemos equipar às personagens para melhorar os seus atributos.
É na sua estrutura que Project X Zone se torna repetitivo. Desde início até ao final que o processo se repete. Antes de cada capítulo existe um pouco de diálogo entre as personagens para desenvolver a estória, depois dá-se o combate, e no final mais um pouco de diálogo. A forma como se são os combates sofre do mesmo problema. Ao princípio é entusiasmante ver os combos a desenrolar, mas rapidamente se torna velho. Inevitavelmente, Project X Zone cai numa rotina que o pode tornar maçador e lhe retira parte do seu charme inicial.
Apesar de ser um jogo para a Nintendo 3DS, Project X Zone pouco usufrui das capacidades 3D da consola. Confesso que este foi o primeiro título para a portátil que joguei praticamente sem o efeito. Liguei-o algumas vezes para experimentar, mas rapidamente concluí que não ajudava a melhorar a dimensão estética. Project X Zone é um jogo a duas dimensões com sprites bem detalhados e repleto de efeitos durante os combates, agradando especialmente àqueles que gostam daquele aspeto da velha guarda.
Mesmo com os defeitos já referidos, Project X Zone é um jogo difícil de se não gostar, não apenas pelas personagens populares que apresentam mas também porque consegue ser divertido se jogado em pequenas quantidades, talvez um capítulo por dia, assim pode ser que consigam circundar o efeito de repetitividade. Podem até parar a meio de um capítulo graças a funcionalidade quicksave, que vos deixa gravar em qualquer momento.