Puzzle Bobble Live!
Esferas mágicas!
Bub e Bob os dois ternurentos dinossauros que a Taito inventou em meados de noventa estão de volta à estrada para mais uma investida de Puzzle Bobble, o jogo dramático de puzzles. É um género de jogos em permanente criação de oportunidades, mas se for possível encontrar um digno rival para Tetris, o intemporal de Alexey Paginov, Puzzle Bobble é o que tem mais carácter de todos. A longa presença das arcades valeu-lhe o estatuto e denunciou uma jogabilidade suprema cujos moldes funcionam na perfeição naquele plano de jogo invertido. Ao contrario de Tetris começam a construir de baixo para cima, sendo fundamental manter o olho de águia e uma boa dose de pontaria. A sorte, convém que acompanhe.
A Taito tem vindo a verter diferentes versões do jogo pelas principais consolas de cada geração. Apesar das maiores ou menores mudanças na apresentação e em opções de jogo o coração da jogabilidade permanece intacto. Por isso, o que podem esperar de um Puzzle Bobble para o serviço Live Arcade da Xbox 360?
Ainda há um grosso de meses não enjeitei a oportunidade de jogar a versão primitiva de arcade quando a descobri num espaço imprevisto. É uma sensação irresistível cada vez que 3 bolhas ou mais da mesma cor criam um elo e rebentam, abrindo espaço e margem para atacar as restantes esferas brilhantes misturadas pelo tecto. No entanto, aquele estado quase febril por que passei durante algum tempo não durou muito mais. Um dia e sem que nada o fizesse prever, trocaram a máquina por uma de Virtua Striker 4. Ao que parece quando as moedas deixam de cair com regularidade os aparelhos vão para trás. Não se faz!
Se não são as pessoas que vão às arcades, são as arcades que mandam os clientes para casa. Ligado o Puzzle Bobble Live a primeira coisa que vão notar é uma apresentação diferente, algo morosa no elenco das opções, e com a temática das constelações em fundo. Quanto à jogabilidade, o grosso da mesma está intacto, mas as maiores alterações tiveram lugar no design, formato e fundos. Até na música mexeram e nesta tentativa de renovação não mudaram para melhor.
O que tiraram em carisma e significado intemporal na série tentaram colmatar com novas opções, nomeadamente um modo infinito, para o qual existe um achievement que vos desafia a segurar a barra por mais de sessenta minutos. Depois há o desafio contra o computador, tendo de vencer oito adversários numa série de dois rounds. Aqui uma das inovações passa por escolher o melhor caminho para atacar o adversário; nomeadamente 6 diferentes opções de enviar bolhas para o terreno do adversário, podendo estas fixar-se no topo ou na base de jogo. As combinações de ataque chegam ao ponto de enviar bolhas com características específicas (o arco íris). Podem mudar a dificuldade, mas não se reconhece de forma esperada a passagem de um hard para easy. A sorte acaba por ditar, na maior parte das vezes, um jogo ganho ou perdido.
Por fim e dentro da estrutura individual está bem representado o modo clássico, que vos leva a atravessar um percurso em forma de rio delta, sendo que cada área é composta por 5 grupos de puzzles. A dificuldade é crescente e ao todo a equipa de programação criou mais de 135 desafios. Esta é a melhor parte do jogo se quiserem competir ao mais alto nível para um bom lugar com a pontuação máxima. As listas de posicionamento gravam tudo, até as partidas disputadas em jogo graduado numa partida para dois jogadores em rede. Neste caso bem se justifica a opção por Puzzle Bobble Live! As mesmas formas com que atacam o computador no modo individual estão ao dispor nos duelos com outro camarada de rede, acrescentando uma dose maior de imprevisibilidade nas partidas, mesmo quando se percebe que o adversário é um veterano destas lides.
A jogabilidade em si mesma confirma a determinação deste Puzzle Bobble Live. O arco rotativo oscila com a precisão costumeira, entregando a ferramenta de forma exímia, cabendo ao jogador desenvencilhar-se daquela ordem caótica de bolhas coladas.
No entanto nota-se que a Taito não entregou um jogo fiel às arcades, mas uma versão de um Puzzle Bobble estruturalmente herdeiro da série e especialmente adaptado ao Live. Neste caso é natural que os mais puristas sintam um desencanto. A primeira falta de relevo a assinalar é a ausência do tema musical que por anos se tornou um verdadeiro clássico. As novas melodias não atingem metade do alcance, nem protagonizam uma presença assinalável. Junto ao arco Bub não tem a companhia do Bob para tirar as bolhas do saco nem tem uma apresentação tão ternurenta e ágil como dantes. Em lugar do outro pequeno dinossauro e de uma boa dose de carisma está o nosso avatar, numa adaptação ao serviço Live Arcade que até permite melhor identificar os nossos adversários no modo versus multijogador. A adaptação do grafismo à alta definição cumpre satisfatoriamente, embora sem alcançar aquele aspecto clássico perpetuado nas arcades. Até a estrutura dos menus e quadro de opções é algo genérica e simples.
Não que estes elementos possam diminuir uma das mais brilhantes estruturas de puzzles concebidas até hoje. Continuarão a serpentear os desafios sempre com aquela dose de satisfação cada vez que ligam as bolhas da mesma cor. O pensar depressa, arriscar uma bolha para o fundo, manter o olhar distante da seta de disparo com a pontaria afinada, essa imagem de marca não obscurece. Na vontade de mexer no primitivo Puzzle Bobble e afeiçoá-lo ao Live a Taito deixou escapar muitas notas de destaque, que são praticamente família para quem está habituado ao jogo. Mas ainda é um bom Bust-a-move como lhe chamam nos states.