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Quem não deve não teme: Driveclub PS+ Edition adiado pelos servidores

Terá o jogo algo a esconder?

"Para não lançarem a versão PlayStation Plus do Driveclub é porque devem ter medo que os consumidores experimentem a versão gratuita e apelam assim à compra por impulso".

Acredito que seja mais ou menos estes os pensamentos da grande maioria dos consumidores que ficou a saber que Driveclub PS+ Edition foi adiado, negando assim a possibilidade de aceder ao que muitos consideram como "demo" do jogo completo que foi lançado hoje em Portugal. Para piorar ainda mais esta situação, o estúdio Evolution viu-se forçado a pedir desculpa a todos os consumidores pois o jogo arrancou sem modo online, uma das vertentes mais fundamentais da experiência. No meio disto tudo, no meio de todo este hype desenfreado que se instalou, temos que perceber que Driveclub é tão e somente o único totalmente exclusivo AAA que a PlayStation 4 irá dar aos seus consumidores nesta quadra Natalícia.

Por outro lado, podemos ainda pensar que tivemos nesta nova geração um confronto inédito, mas altamente batido na anterior. Isto porque até ao momento não houve nenhuma propriedade intelectual inserida no mesmo género cuja janela de lançamento criasse uma rivalidade direta entre as consolas Xbox One e PlayStation 4. A luta ia-se fazendo nos multi-plataformas porque, por exemplo, no lançamento de inFAMOUS: Second Son não havia um concorrente direto na Xbox One. Agora, pela primeira vez na história destas duas consolas, temos Forza: Horizon 2 na Xbox One e Driveclub na PlayStation 4 a recriarem as guerras de outrora e passamos além do debate técnico, passamos para a criatividade e engenho artístico, para a visão dos estúdios e da sua arte no manobrar das ferramentas da consola. Temos um embate que até ao momento é único nesta geração.

Tudo isto serve apenas para incendiar ainda mais a situação, mas na verdade queremos focar-nos apenas em Driveclub e o certo é que o sinal vermelho estava aceso há muito tempo. Driveclub foi anunciado por Matt Southern, Studio Game Director, a 21 de Fevereiro de 2013, no mesmo dia que a PlayStation 4 foi apresentada ao mundo e o Evolution Studios desfrutou de um holofote invejável para o promover. Foi apresentada como uma nova propriedade intelectual que havia sido visionada há mais de 10 anos e que agora, graças ao poder da PlayStation 4 poderia finalmente ganhar vida. O sonho iria tornar-se realidade. Um sonho desenhado para apelar ao tom imediato que a indústria assumiu, os jogadores querem tudo agora e a sensação de contínua novidade.

É esta a nova realidade dos AAA exclusivos na PS4?

Cold Rogers, diretor do jogo, declarou em Junho de 2013 que o jogo focar-se-ia na crescente vertente social das consolas para oferecer algo jamais visto anteriormente. Paul Rustchynsky, diretor de design, reforçou o mesmo conceito de integração social online como uma das melhores funcionalidades da experiência Driveclub. Em Agosto, durante a Gamescom 2013, ficámos a saber que o jogo corria ainda a 30fps, um número distante dos ideais 1080p60 dos que acreditavam num salto entre gerações de belo efeito. Desde Fevereiro que o jogo se ia promovendo em preparação para o lançamento em Novembro de 2013 mas em Outubro chegou a pior das notícias, o jogo foi adiado para a Primavera de 2014 e a versão PS+ deixou de ser um dos primeiros jogos PS4 da Instant Game Collection. Desânimo por todo o lado para os que, tal como eu, viam Driveclub como um dos jogos a comprar no lançamento.

De Dezembro de 2013 a Fevereiro de 2014 tivemos apenas algumas imagens e vídeos para em Março de 2014 termos a pior das notícias possíveis: no meio de vários despedimentos na Sony, Rodgers, o diretor do jogo deixou o estúdio devido a motivos familiares. No entretanto, a Sony teimava em não se comprometer com uma data e várias lojas iam lançando hipóteses, sem qualquer confirmação oficial. Por outro lado, a Sony afirmou que que o desenvolvimento de Driveclub teria recuado algumas fases.

Em Abril de 2014, na ressaca dos despedimentos, da troca de diretor (Rogers por Rustchynsky), da constante tentativa de adivinhar datas de lançamento, e do suposto retrocesso no desenvolvimento, Driveclub foi confirmado para 8 de Outubro de 2014. No entanto, nada ia sendo dito sobre a versão PS+ e ficava ainda no ar a curiosapossibilidade de ser adiada para não se intrometer nas vendas mas dias mais tarde seria confirmado o dia 8 de Outubro também para esta versão (demo paga como alguns criticam).

Em Maio de 2014, num mês de forte promoção do jogo, foi anunciado que seria possível atualizar a versão PS+ para a versão completa por um determinado valor (€39.99 segundo sabemos agora), e como se toda a controvérsia de que já havia sido alvo não chegasse, ficámos a saber que seria obrigatório ter uma conta PS+ ativa para conseguir jogar o jogo após atualizarem. Mais tarde isso foi retificado, mas mais uma vez tivemos uma tentativa e erro no desenvolvimento e promoção do jogo. Amontoava-se a controvérsia.

Durante Junho, Julho e Agosto de 2014 Driveclub esteve na E3 e Gamescom a promover os seus 30fps, algo que deixava o estúdio satisfeito pois acreditava ser o melhor para o jogo (não para as expectativas do que é o poder da nova geração por parte dos consumidores) e promovia o seu sistema climatérico, que virá em forma de DLC. Chegado Setembro e tivemos a recta final da promoção do jogo sempre com a confirmação do dia 8 para a edição Driveclub PS+ mas chegado o dia, a edição não foi lançada. No meio de tantas questões por parte dos consumidores, o longo, demorado e estranho silêncio da Sony foi finalmente quebrado pelo Evolution Studios que confirmou o seu adiamento, apesar do jogo completo estar disponível para quem quiser gastar os seus preciosos €.

Driveclub recebeu um fantástico 8/10 aqui no Eurogamer Portugal mas a sua reação foi mista, (está com média de 72, onde a nota do Eurogamer Portugal está incluída ) e entramos num grande ponto da controvérsia. Enquanto uns elogiam os visuais e tudo o que existe dentro e fora da pista, outros acusam o jogo de nada mais ser do que bonito cujo conteúdo é limitado. Sabemos que as práticas das companhias estão altamente ligadas às notas que os seus jogos recebem e a tudo o que a comunidade vai dizendo, aliás, alguns ainda se podem lembrar de uma altura em que as editoras afirmavam que as demos poderiam matar um jogo caso fossem mal concebidas ou mal planeadas em termos estratégicos.

Ora olhando para trás, os maiores slogans de Driveclub foram a interatividade social online, a presença no lançamento da PlayStation 4 e a presença da edição PS+. Olhando para a atualidade parece ter falhado nesses três valores fundamentais que o próprio criou para si. Enquanto o jogo já está disponível para compra na versão completa, a versão PS+ foi adiada sem nova data de lançamento adiantada privando assim aos fãs um direito que lhes havia sido prometido mas aqui com quase um ano de atraso, e a culpa foi de uma sobrecarga nos servidores. Para suavizar essa carga, e para permitir que os que pagaram pela versão completa tivessem uma melhor experiência, ficamos privados da "demo" mas com a questão da validade deste argumento. Afinal de contas, estas arestas deveriam ter sido limadas há muito tempo.

Certamente que a confiança dos consumidores na companhia ficou um pouco abalada mas será que tudo isto são apenas meras rachas numa relação entre as duas partes ou é uma postura inaceitável por parte de uma companhia com tanta experiência? Do vosso lado, consideram que Driveclub demonstrou desde logo fragilidades para não corresponder ao importante e prestigiante estatuto de AAA exclusivo PlayStation ou tudo isto são normais infelicidades que poderiam afetar o desenvolvimento de qualquer jogo? Já estão a jogar Driveclub? O que estão a achar do jogo? Se ainda não estão sentem que a confiança da vossa intenção de compra ficou fragilizada?

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