Rabbids Land - Análise
Só a comédia consegue salvar este parque de atrações.
Os Rabbids começaram por constituir uma ramificação da série Rayman, cujo sucesso valeu a estes coelhos malucos uma representação a tempo inteiro. Com novos jogos a ritmo anual, a Ubisoft Paris produziu e editou para a Nintendo Wii U um jogo multiplayer a pensar na jogabilidade assimétrica do GamePad. Retomando o género dos “party games, Rabbids Land volta a sugar o temperamento tresloucado destas criaturas improváveis e a diluí-lo por um novo parque de atrações, cuja vocação para o jogo em multi player é a nota dominante. Partilhando o título com o mais recente parque de diversões da Nintendo (Nintendo Land), Rabbids Land fica muito distante da produção original da Nintendo.
Rabbids Land, no seu melhor, até consegue funcionar e injetar algum divertimento, mas nunca supera a barreira da previsibilidade dos mini-jogos e de uma larga monotonia, para além de ser extremamente parco em conteúdo. E mais do que isso, nem como jogo multi player chega a fazer justiça ao próprio género, já que apesar de abarcar até quatro jogadores, apenas dois se podem confrontar em simultâneo. Parece-nos, por isso, um jogo que padece das limitações e constrangimentos de uma produção inicial e apressada. Não sei se seria preferível esperar mais algum tempo e lançar o jogo em melhor altura.
A sua vocação para o multi player a dois é particularmente esclarecedora da jogabilidade assimétrica, já que por aí, Rabbids Land consegue mostrar algumas qualidades, que juntamente com o tom cómico das personagens volta a ser um outro ponto seguro do jogo. O jogador que segura o GamePad executa sempre uma função diferente do jogador que segura o Wii remote. É como se estivessem em campos distintos da batalha e a lutar com meios diferentes à sua disposição. Isto é interessante da perspetiva da jogabilidade, mas enquanto que em Nintendo Land temos um mini jogo chamado Mario Chase que leva cinco jogadores a competirem em simultâneo, neste jogo apenas dois jogadores podem competir, obrigando os restantes dois jogadores a aguardarem pela sua vez.
O ponto de partida para este party game é a existência de um parque de atrações para o qual foram acidentalmente convidados os Rabidds. Fortemente inspirado no tabuleiro rotacional de Mario Party, Rabbids Land pode ser jogado individualmente ou até quatro jogadores. Os jogadores devem percorrer um mapa rotacional e alcançar o maior número de troféus. O primeiro a chegar ao limite de troféus fixado antes da partida, tem de se encaminhar para a meta. Só assim poderá ganhar aos adversários. A movimentação no tabuleiro depende da sorte dos dados. Podendo avançar entre uma ou seis casas, o destino implica desafios bastante variados. Entre castigos, novo lançamento dos dados, bónus e competições com outros jogadores, a progressão depende da sorte dos dados.
"Rabbids Land funciona melhor com vários jogadores."
Pelo meio podem até surgir Rabidds larápios que roubam troféus aos jogadores antes de desaparecerem, enquanto que outros Rabbids entregam troféus retirados de um outro jogador. Isto implica que muitas vezes o vencedor seja encontrado pela sorte, mas também depende dos desfechos nas competições. Nos confrontos entre dois jogadores, um deles ganha de uma só assentada três troféus, o que é importante para aumentar o pecúlio. Se tiver sorte e engenho, esse jogador só precisa de três rondas para chegar à pontuação que lhe dá o passaporte para chegar ao centro do tabuleiro.
Rabbids Land funciona melhor com vários jogadores. Cada jogador escolhe uma cor para o seu Rabbid e avança diretamente para o jogo, ficando a conhecer a ordem de partida antes da primeira ronda. Se optarem por jogar individualmente, o computador irá comandar os restantes três Rabbids através da inteligência artificial, mas a experiência é muito mais isolada e menos entusiasmante. Além disso, alguns mini-jogos estão totalmente vocacionados para o multi player e não só perdem graça se jogados individualmente, como ficam mais difíceis. Um desses exemplos é o tabuleiro em que devem inclinar o GamePad para fazer girar umas bolas sobre as quais estão Rabbids. Neste jogo, o segundo jogador controla uma bola gigante, esmagando os restantes Rabbids. A dois é muito mais imprevisível, enquanto que individualmente é de uma dificuldade descomunal.
Mas o que limita muito Rabbids Land é a existência de apenas um tabuleiro e de um número de mini jogos extremamente curto. Ao fim de dois ou três jogos completos, conseguem ficar com todos os mini jogos disponíveis e nem sequer existem mais tabuleiros ou mapas de jogo. É uma viagem muito curta e previsível e que nem sequer oferece novidades quanto aos mini jogos. Para o jogador que segura o GamePad existem algumas vantagens nestes desafios. Num mini jogo devem apontar o comando para direções específicas, de modo a barrarem os Rabbids que são atirados com um taco de basebol pelo segundo jogador. Noutro terão de levar os ladrões a recolher objetos de um espaço fechado, enquanto que o segundo jogador comanda a câmara para tentar identificar os gatunos e disparar raios laser sobre eles. Num outro desafio devem surfar entre linhas, procurando evitar bolas de fogo, movimentando o Rabbid para a esquerda ou direita, agitando o GamePad nesse sentido. O segundo jogador ativa as bolas de fogo, coordenando certos movimentos.
É verdade que, por momentos, as partidas até têm alguma consistência e criam um desafio minimamente satisfatório, só que nunca chegam a surpreender e a conquistar verdadeiramente o jogador. Ao fim de poucas horas ficam com a sensação de que já percorreram tudo o que há para ver em Rabbids Land e mais do que isso, não há nenhuma atração verdadeiramente especial, mesmo que este jogo nos providencie um conjunto de interações diversificado e alargado às propriedades do comando. O que empresta mais algum valor ao jogo são os vídeos virais dos Rabbids, com situações altamente cómicas que nos fazem esboçar sorrisos e gerar algumas gargalhadas, tão malucos que são estes coelhos.
Há um modo de jogo que vos leva a colecionar moedas por cada mini jogo desbloqueado. Divididos por graus de dificuldade, vai ficando difícil recolher moedas, embora haja sempre o aliciante de chegar a novos vídeos, como o das situações cómicas em que os Rabbids tentam chegar à lua. Neste capítulo há vídeos mesmo bem conseguidos. É por isso que sentimos essa sensação de falta de aproveitamento dessa vertente cómica para dentro do jogo. A interação é mais séria e elementar, e raramente se reveste desse tom cómico.
Rabbids Land não é um mau jogo, mas poderia estar muito mais apetrechado e adequado para servir com mais qualidade e quantidade uma audiência especialmente adepta dos party games. Aliás, só com vários jogadores é que Rabbids Land tem condições para ganhar interesse: pelos desafios, pelo tom cómico e por um aproveitamento razoável das capacidades do GamePad. Só que nunca chega a deixar uma marca de qualidade e a escapar a uma grande sensação de rotina e vulgaridade. É pena, porque estes coelhos têm potencial e uma imagem que lhes podia abrir as portas para um resultado final mais interessante. Mas isso não acontece e assim Rabbids Land fica distante de Mario Party 9 e sobretudo de Nintendo Land, a mais recente aposta “party” da Nintendo.