Passar para o conteúdo principal

Race Pro

Mantendo o ritmo certo!

Do modo inverso exige-se também respeito mesmo quando não haja o mínimo de espaço para ultrapassar. Apesar de se tentar a batota típica nestas andanças que é atirar o carro desenfreado ao adversário convém ponderar antes dessa loucura se ainda compensará tal manobra sujeitando o carro a danos irreversíveis, penalizações e saídas de pista desnecessárias. Tal como está escrito no jogo a melhor forma é esperar pelo momento certo, geralmente o fim de uma larga recta e travar ligeiramente mais tarde. Sem pôr a ênfase na crista da onda o gozo tremendo de Race Pro esconde-se na concentração, consolidação do andamento e capacidade para suportar inevitáveis frustrações quando os adversários galgam irremediavelmente terreno.

E então sente-se o poder adicional do jogo levando o entusiasta a mexer inevitavelmente em diversos sectores de afinação como travões, suspensão, diferenciais, distribuição do peso, aerodinâmica, enfim, o conjunto habitual de padrões, devidamente identificados com todas as regras e possibilidades de afinação. Mas só em pista e conhecendo bem o carro se poderá fazer uma afinação com resultados para tornar a máquina bem ao gosto do piloto.

Embora nem sempre as corridas se façam com muitos adversários em pista a circulação entre os participantes tende a ser muito próxima sendo praticamente inevitáveis alguns toques mercê normais tempestuosidades especialmente nos apertados circuitos da Boavista no Porto, Pau - França e Guia – Macau onde não existem escapatórias e as paredes de betão representam o parente mais próximo. Passagens pela gravilha podem não ser tão gravosas na perda de tempo como sucede na realidade, mas em regra as corridas são uma agradável competição.

Grandes GT providenciam uma forte sensação de encapsulamento e com o motor a roncar nas acelerações dá para atacar cada curva na máxima força.

Do interior dos carros de turismo, os WTCC, naquela que é sem dúvida a melhor perspectiva para atacar o asfalto, mesmo quando não é possível conectar um volante do tipo G25 à 360, também não dá para perder grande tempo a comparar as estruturas adjacentes à pista sendo evidente que o grafismo está aquém das melhores resoluções já mostradas num jogo de carros para automóveis. Os efeitos da chuva e da luz não primam pelo deslumbramento e a concepção dos circuitos faz-se de um modo aceitável, sem surpreender, mas também sem causar algum défice notório. Contudo, o que está apresentado acaba por cumprir com o desígnio do jogo, ainda que sejam visíveis, por vezes, algumas falhas como “screen tearing”, sobretudo quando a velocidade do veículo é maior e há uma grande confluência de elementos a reproduzir.

De todo o modo a tecnologia Lizard, não sendo propriamente a vanguarda em termos de dinamismo gráfico, consegue alcançar um efeito coeso, vivo e realista o suficiente na descrição das pistas e dos carros, especialmente quando estes sofrem danos derivados de grandes acidentes e batidas com efeitos imediatos ao nível do controlo do veículo.

Com os autódromos e sendo a oferta reduzida a 12 circuitos, é de suficiente distribuição planetária e continental. Curitiba, Road América, Brno, Pau, Monza, Brands Hatch, Boavista, Circuito da Guia Macau, entre outros, completam uma boa mistura de traçados mais rápidos, técnicos e citadinos. Grupo reduzido mas sem dúvida o mais completo que vão encontrar para consolas. Do ponto de vista das opções de jogo, para lá da corrida rápida de um qualquer campeonato, time attack e treino, os modos mais destacados são sem dúvida o progresso pela carreira de piloto, o hot seat e as opções para multijogadores.

O modo carreira apresenta uma série de categorias e campeonatos só acedíveis depois de rubricar contrato mediante a inclusão de um budget magro em conformidade com uma actuação rápida em pista, o tempo mínimo a bater. Para os pilotos mais abastecidos dispensa-se o treino prévio: compra-se a totalidade do contrato e avança-se para uma série de provas com qualificações pelo meio. Os três primeiros lugares são requisito de continuidade, ao mesmo tempo que atribuem preciosos pontos para aumentar o pecúlio de oferta para as equipas de categorias superiores. Embora longe de constituir uma inovação mantém uma longevidade e diversidade de provas muito apreciáveis.

O circuito da Guia em Macau não só é citadino e apertado como tem uma grande distância e curvas muito fechadas. Disputar lá uma prova à chuva pode ser tenebroso.

Hot Seat, modo exclusivo Race Pro acrescenta uma solução de relevo para a progressão numa corrida entre dois pilotos. Um pouco ao jeito do que sucede em Le Mans, quando ao fim de umas horas os pilotos cedem o posto de condução entre si, aqui passa-se o mesmo, por isso convém saber até que ponto o vosso colega de equipa está preparado para vos acompanhar na dificuldade máxima, ou em pouco tempo deitará tudo a perder. Nesse caso a opção mais feliz passa por fazer do colega lá de casa um rival e descobrir até que ponto é possível manter a distância para ele ou encurtá-la enquanto o nosso colega computador faz o respectivo trabalho. Competições em multijogador despertam o interesse na parte em que se começa por admitir um máximo de 12 participantes em prova. Para os destacados do PC o limite máximo nem é tão significativo, mas no caso das consolas isso significa mais competição em pista embora tenhamos passado por algumas dificuldades em garantir a conexão desejável e sem lag nalgumas provas.

Para a escandinava Simbin, Race Pro deu o salto dos computadores para as consolas representando uma experiência inicialmente acessível no âmbito dos simuladores de automóveis, mas apta para projectar bem cedo uma desejável margem de evolução, rigor e complexidade, capaz de providenciar satisfação imediata em todos os jogadores que procuram um espaço depois de exaurido Forza 2, pelo menos neste período de magra oferta e enquanto se espera pelo terceiro capítulo. Mas lá está, enquanto jogo assente na física e controlo dos automóveis, em estreita colaboração com uma inteligência artificial competitiva, Race Pro consegue vencer na sensação de condução dos automóveis, embora sem atingir o mesmo impacto na apresentação gráfica e visual das pistas e dos carros. Mas quando a concentração total se adensa na trajectória da pista, grau de proximidade dos adversários e total domínio do automóvel o resto acaba por ser supérfluo. Uma aposta ganha pela Simbin.

8 / 10

Lê também