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Rage

Um shooter por excelência.

As missões que nos são atribuídas são quase todas muito simples. Tempos que eliminar determinados inimigos, desbloquear acessos, procurar pessoas desaparecidas, ajudar determinadas localidades com as suas necessidades, e por aí adiante. Não é nada de muito inovador, são objetivos comuns que já fazem parte deste género de jogo. O que realmente empolga em Rage não são as tarefas a efetuar, mas sim como as executamos, mais propriamente como eliminados os inimigos através do imenso arsenal à nossa disposição.

Temos variadíssimas armas, desde do divertido wingsticks (uma espécie de bumerangue) que decapita o inimigo, passando por turrets, caçadeiras, pistolas, metralhadoras, e muito mais. A personalização das armas é imensa. Podemos selecionar qual o tipo de munição a usar, adquirir upgrades que melhoram o seu desempenho, construir as nossas próprias armas através de itens encontrados, ou simplesmente comprando nas várias lojas espalhadas pelas localidades. O arsenal bélico é realmente gigantesco, onde temos variadíssimas maneiras de eliminar o inimigo, sendo essa uma das partes mais divertida do jogo.

A personalização é de facto um dos pontos fortes do jogo. Para tal, há que vasculhar todos os recantos e corpos, à procura de itens, sejam eles para vender ou para utilizar na criação de novos gadgets. A criação é muito intuitiva, muito pelo facto de cada item possuir uma indicação visual do que poderemos criar, tornando assim a tarefa de criação muito facilitada.

Como já referi, Rage é em primeiro lugar um shooter em primeira pessoa, mas a id quis oferecer uma outra vertente, a utilização de veículos e respetivas corridas. A inclusão de veículos torna mais fácil a deslocação pelo mapa de jogo, onde o acesso a determinado local não é sinónimo de uma penosa e longa caminhada. Os veículos também podem ser personalizados, desde a colocação de temas, aquisição de armas, melhorias a nível da suspensão, pneus, e muito mais. As armas nos veículos são importantes, pois com o avançar do jogo vamo-nos deparar com veículos inimigos que barram a passagem, havendo só uma solução, abate-los sem piedade. É de salientar pela positiva a inclusão de veículos a um FPS, onde não existe a sensação de deslocação do resto do jogo.

Para além da sua utilização na deslocação pelo mapa de jogo, os veículos vão-nos dar acesso a corridas inspiradas em MotorStorm. É claro que não está ao mesmo nível, mas não deixa de ser uma variante diferente no jogo, sendo um complemento benéfico. O tipo de corridas são diversas, onde temos desde o simples time-attack passando por corridas com e sem armas contra adversários. Aqui a IA fica um pouco aquém do que seria desejável, não dão muita luta.

Como FPS, Rage está acima da média, com armas muito interessantes, uma boa jogabilidade, tudo combinado com uma excelente construção dos níveis, tanto interiores como exteriores, onde a beleza gráfica é o que mais salta à vista. A IA dos inimigos é que poderia estar mais aprimorada, limitam-se a esconder-se e muito pouco mais. Há alturas em que fogem, quando estão em dificuldades, mas não passa disso, não os vemos a flanquear a nossa posição. Muitos dos inimigos limitam-se a correr em nossa direção, sem qualquer tipo de estratégia.

Os amantes do modo multijogador não foram esquecidos, apesar de não existir um modo competitivo na componente FPS. Como shooter, Rage oferece cooperação para dois jogadores (Legends of the Wasteland), que são missões em locais retirados da campanha, mas com novas configurações e adaptadas a este modo, onde temos um arsenal pré-selecionado. Também temos corridas online (Road Rage), aqui sim existe um modo competitivo, onde entramos em corridas frenéticas, que podem ser simples corridas através de checkpoints, recolha de objetos, e até arenas onde apenas um irá sobreviver. À medida que vamos subindo de nível, teremos a oportunidade de adquirir novos veículos e upgrades para os mesmos e personalizá-los à nossa maneira. O multijogador do jogo não é nada de extraordinário, mas cumpre bem com a sua função, oferecendo ao jogador umas horas divertidas na companhia de amigos ou de jogadores de todo o mundo.

Rage é um jogo com variadíssimos sabores, onde por vezes parece que estamos a jogar algo do passado. Existe uma sensação de Déjà vu em determinados momentos, como se já tivéssemos experimentado isto antes. Muita dessa sensação está ligada ao comportamento dos inimigos, que reagem à nossa presença como em jogos já experimentados da id. O seu enredo é também um dos pontos desfavoráveis. Não sabemos bem o que andamos a fazer, a estória é muito superficial e a maioria das vezes andamos pelo jogo a completar missões que não sabemos bem onde encaixam. Tende a arrastar-se sem grandes picos de inspiração.

Confesso que fiquei um pouco desiludido com o jogo. De que vale uma atmosfera convincente sem uma narrativa a condizer? Apesar de tudo, o jogo não deixa de ser refrescante. Temos em mãos um jogo que merece ser experimentado. Consegue criar uma atmosfera pós-apocalíptica credível, muito devido ao seu fabuloso grafismo. Há que realçar uma vez mais o trabalho realizado a nível visual, pois é mesmo esse o ponto forte do jogo, que sustenta uma design maravilhoso. Como referi a versão analisada é a do PC, mas que os erros mencionados não farão mudar qualquer nota referente às versões Xbox 360 e PS3.

8 / 10

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