Raid: World War II - Análise
Nazicida pouco eficiente.
É quase impossível olharmos para esta produção proveniente do estúdio croata Lion Game Lion, em parceria com o starbreeze Studios, sem pensarmos num distante Half-Life 2 pelas suas influências e, mais recentemente, em Payday 2, dado que os conteúdos suplementares foram produzidos pelo mesmo estúdio croata. O resultado é um shooter cooperativo que gira em torno de quatro corajosos homens no contexto da Segunda Guerra Mundial. Inicialmente prisioneiros, são depois libertados e enviados para arrojadas missões que visam o fim da supremacia do terceiro reich.
Quatro personagens contribuem para uma vertente cooperativa até 4 jogadores, em rede ou fora dela com recurso a npc's controlados pela inteligência artificial. As missões são bastante diversificadas, oferecendo contextos especiais num ambiente deveras reconhecido. Ao mesmo tempo, paira um certo tom cómico sobre esta aliança, em virtude da improbabilidade dos pretensos heróis. Porém, e quanto à experiência em si, infelizmente não é um jogo que se possa recomendar. Ultrapassada a fase inicial, composta por algumas cinematográficas e um tutorial que serve de instalação, somos confrontados com uma produção muito abaixo da média, algo sofrível na apresentação e com alguns problemas em termos de desempenho.
A sensação que dá, pela construção algo pobre e pela ineficácia em criar um desafio consistente e avançado, é que mesmo que fosse este um jogo da geração passada dificilmente teria argumentos para convencer qualquer adepto de shooters. Por vezes é assim, entramos em contacto com jogos verdadeiramente medianos ou abaixo da qualidade necessária para singrar minimamente, ainda que seja perceptível um esforço por parte do estúdio em criar algo minimamente aceitável. Porém, os esforços não surtiram efeito e como qualquer trabalho que acaba sem brilho nem glória, sobra uma angustiante sensação de desolação.
O objectivo passa por levar por diante uma série de missões como a remoção de barreiras do exército nazi e infiltração em fortalezas e destruição de equipamento de combate, até mesmo aéreo, através de actos de sabotagem. O risco é constante, sob forte pressão do exército nazi que patrulha de forma abundante e impiedosa qualquer circunscrição territorial. Por isso, o confronto na primeira pessoa é imediato e violento, mas é a partir deste confronto que os problemas se agudizam.
Antes de partirmos para as linhas inimigas, a preparação da equipa é fundamental, escolhendo os membros e a classe. Existem diversas classes (Recon, Assault, Demolition e Insurgent) e equipamento à disposição, que vai aumentando à medida que acedemos a novas armas e ferramentas, depois de concluirmos as missões, através da acumulação de pontos de experiência. Em teoria é possível formar uma equipa quase improvável e garantir sucesso sem disparar um único tiro. Muitas missões envolvem uma grande componente de infiltração sem disparar o alarme, mas terão que possuir equipamento específico para que o inimigo não detecte o vosso rasto, pelo que não será fácil.
Por isso, o confronto directo, através de constantes explosões e poder de fogo é inevitável. Nem sequer necessitam de perder tempo à procura do melhor ângulo ou estratégia. O melhor mesmo é abrir fogo antes que sejam surpreendidos, mas a acção torna-se a dada altura tão caótica por força das constantes vagas de inimigos que rapidamente descamba para uma conjugação de situações insólitas. Desde nazis que não se escondem ou não saem do sítio, até movimentações um tanto desconexas e pouco "úteis", há uma desordem que rapidamente retira sentido prático e factor diversão.
Infelizmente a progressão através do equipamento também não é muito eficaz. As soluções tornam os membros mais fortes e isso é notório, adquirindo alguma supremacia sobre o inimigo ou alguma vantagem, mas não é decisivo nem promove uma sensação de evolução da melhor forma. Acontece que a estrutura das missões depressa se repete. Muitas vezes fazemos as mesmas missões só por causa da obtenção de mais pontos de experiência, mas isso contribui para uma rápida saturação e como as novas soluções não promovem grandes alterações, com toda a primazia dada à acção, num curto espaço de tempo as novidades como que se esfumam.
Na verdade, há missões que até revelam objectivos interessantes, mostrando um caminho algo criativo na forma como os protagonistas conjugam tarefas através de múltiplos objectivos, mas a somar aos problemas de inteligência artificial, acresce uma frame rate demasiado instável, com reflexo na fluidez. O sistema de pontaria também não é o melhor, embora não seja difícil acabar com nazis, mesmo à queima roupa, quando eles não fogem. Há ocasiões um pouco mais difíceis de lidar, quando ocorre um "crash" ou quebra de ligação. Em alternativa podem sempre jogar na vertente "offline", mas não é a melhor das soluções ter companheiros controlados pelo computador.
Graficamente estamos perante um jogo significativamente abaixo do que é normal encontrar nesta geração. Este título podia ser publicado há uma geração que mesmo assim seriam notadas certas falhas, como quebras de frame rate, ausência de texturas, animações amputadas e sobretudo uma falta de pormenor e brilho nos cenários, na sua maioria pouco convincentes e genéricos. Parece mais um jogo em desenvolvimento do que um título acabado, pelo que seria razoável um adiamento no sentido de contornar estas falhas que apesar de não prejudicarem por completo o jogo, impedem uma realização satisfatória.
Num mercado extremamente competitivo, recheado de "shooters" consagrados e produzidos num elevado nível, é difícil a uma proposta como esta encontrar uma base para o sucesso. Efectivamente estamos perante um jogo que desaponta, marcado por falhas e inconsistências que impedem o melhor proveito de uma estrutura com uma série de intenções que infelizmente não passam disso. Mais algum tempo no desenvolvimento poderia remover os problemas em torno do motor gráfico e da má inteligência artificial, mas de um modo geral é um jogo que fica aquém das influências, defraudando qualquer expectativa.