Rayman Legends - Antevisão
Mundo colorido, musical e cooperativo de Michel Ancel.
Rayman Origins foi um dos jogos mais delirantes que passou por mim no ano passado. Não foi só o regresso às plataformas em 2D, num estilo vibrante e pejado de cores vivas e alegres que colocaram imediatamente Origins num contexto à margem. A acessibilidade, o desafio, a jogabilidade, o ritmo, a música e o design valeram-lhe imenso. Quase tudo. E só não conquistou mais (o que merecia) porque as plataformas já não colhem tantas preferências como colhiam uma ou duas gerações atrás. Apesar de ficar aquém do que se esperava em termos de vendas, a Ubisoft não descartou uma sequela e rapidamente anunciou que faria chegar Rayman Legends como exclusivo para a Wii U.
O mais engraçado sobre esta série é que ela representa uma espécie de poder de fogo permanente. Rayman serve-se de alguns camaradas de viagem para garantir "power ups" e insetos voadores que disparam como uma aeronave de Sine Mora. O jogador está em permanente acção, movimentando-se em duas dimensões dentro de um espaço que até conta com uma profundidade tridimensional. Sente-se que há sempre qualquer coisa que vai causar satisfação ao seguir para diante.
Pode ser também pela música e ritmo, elementos que assumem grande importância. Rayman Origins e Legends são muito parecidos. Ambos tocam a mesma música e até partilham o mesmo motor gráfico, o UbiArt. Mas desta vez Michel Ancel quer fazer mais e apesar do território permanecer familiar para os jogadores que acabaram a anterior aventura, Legends, como exclusivo Wii U, representa uma capitalização da vertente cooperativa local.
O resultado final vai ser esmagador. 5 jogadores poderão partilhar a mesma experiência (com entrada e saída facilitadas), ainda que só um possa servir-se do GamePad para espreitar por algo mais. Os restantes jogadores poderão resumir-se ao novo comando que virá com dois botões analógicos ou darem uso ao Wii remote.
Nós tivemos a oportunidade de passar a demonstração com mais um jogador. Neste caso começamos por dar uso ao GamePad, que tem no "touchscreen" a maior fonte de interatividade. É possível retirar a "stylus" de uma zona posterior do comando para "tocar" no jogo, mas também se interage bem usando o polegar. O ecrã é suficientemente generoso e o toque revela-se muito eficaz. Assim, enquanto que um jogador controlava Rayman como era habitual em Origins, o outro controla o camarada Murphy a partir de uma perspetiva mais abrangente, nomeadamente com uma interação ao nível do cenário.
Este processo interativo cumpriu a expectativa, uma vez que a quantidade de tarefas que podemos fazer para ajudar Rayman é bastante significativa. Mas sobretudo o que torna aliciante e divertido o esquema cooperativo é que exige de ambos os jogadores uma coordenação eficaz, quase rítmica, o que torna as coisas mais interessantes. Não jogámos só para nós e com as mesmas regras. As habilidades únicas que temos à disposição através do ecrã táctil funcionam como um meio para facilitar a tarefa do nosso colega de aventura. Umas vezes devemos fazer baixar cordas, abrir caminhos, permitir que Rayman possa atravessar por uma ponte. Outras vezes devemos usar o GamePad como se fosse um volante para rodar uma girândola com espetos afiados numa metade. Nesta situação devemos rodá-la cuidadosamente para que Rayman possa fazer um movimento de 180º dentro do espaço onde ela se encontra fixa, de modo a que Rayman possa circular pelo interior sem ficar preso nos espetos
As situações que implicam interatividade para quem segura o GamePad são constantes e nem sequer há necessidade de seguir o jogo pela televisão. O ecrã instalado no comando da consola reproduz totalmente aquilo que vêem no televisor. Por aqui também conseguem descobrir atalhos e câmaras secretas que escondem mais algumas recompensas. É normal perder mais algum tempo a descobrir zonas secretas se não quiserem ir imediatamente para a meta.
O nível que jogámos compreende diversas fases e nele se inscrevem diversas temáticas. Arranca na selva, passa por um castelo onde após entrarmos temos de escapar por uma secção de plataformas bastante espaçadas, procurando não cair sobre uma lava escaldante que se estende por um plano inferior. Através do GamePad podemos também atacar alguns inimigos e facilitar a tarefa a Rayman, que segue comandado por outro jogador. Pouco depois chegamos a um ponto onde podemos usar uma fisga para alvejar inimigos voadores. Enquanto nos concentramos na tarefa, Rayman consegue fugir com sucesso e é assim que o plano da cooperação faz eco, numa constante interação entre ambos os jogadores.
A música volta a assumir um papel crucial. No fim deste nível, Rayman escapa por uma secção de grande velocidade e durante certas notas da música deve saltar ou abrandar temporariamente o passo para conseguir interligar corretamente os saltos. Enquanto o jogador que comanda Rayman se preocupa com o "timming" das ações, o outro liberta linhas de colecionáveis que se transformam em pontos indispensáveis para o "score" final e para as medalhas.
Por esta demonstração rapidamente percebemos que a Ubisoft fez um bom trabalho quer ao nível da vertente cooperativa, quer do ponto de vista das funcionalidades do GamePad. Ainda que o jogo seja uma evolução de Rayman Origins e não proporcione gráficos muito diferentes do que vimos, tem sempre uma frescura visual e sonora que continuam a a merecer atenção. Para uma experiência dirigida a vários jogadores, o GamePad proporciona uma série de funções que a enriquecem, precisamente pela dimensão alternativa que é dada ao segundo jogador. A Ubisoft mantém que Rayman Legends continuará a ser exclusivo Wii U, mas ainda que possa vir a tornar-se multiplataformas, o processo interativo fabricado para a máquina da Nintendo deverá permanecer único. Se se confirmar como jogo de lançamento para o final do ano, pode muito bem vir a ser um dos jogos incontornáveis.