Razer Phone - Análise
Peso pesado.
De fabricante de acessórios de videojogos para fabricante de smartphones é um grande passo, mas foi precisamente isso que a Razer fez no início deste mês quando anunciou o Razer Phone, o seu primeiro smartphone que quer penetrar num mercado altamente concorrido e competir com os grandes nomes da indústria. Foi uma jogada inesperada, e embora alguns possam dizer que é mais um smartphone num mercado já saturado, há novidades relevantes no Razer Phone que os topos de gama da Apple e da Samsung não têm.
Design
O design do Razer Phone é muito parecido com o Nextbit Robin. Não é uma coincidência. A Razer comprou a companhia no início deste ano, o que gerou suspeitas acerca dos planos da Razer. Quase um ano depois, a 1 de Novembro, foi apresentado oficialmente o Razer Phone, descrito como um telemóvel para os jogadores. O design é prático. Não é tão exótico nem tem materiais tão delicados como o Galaxy S8 ou iPhone X, mas é robusto, bem construído e sóbrio. Destaca-se sobretudo pelo seu tamanho. No centro está o glorioso ecrã IGZO IPS de 5.7 polegadas e, em cada lateral, uma grande coluna. É um smartphone "stealth", todo revisto de preto (é feito de Alumínio) e com o logótipo da Razer em considerável tamanho na parte de trás.
Ecrã
Podemos dizer que o ecrã do Razer Phone é a jóia da coroa. Não é um ecrã OLED (é um LCD) e, portanto, as cores não são tão vivas e fortes, nem há um contraste tão forte entre as tonalidades, todavia, tem outro trunfo na manga. Este é o primeiro smartphone a ter um ecrã com refresh rate de 120 Hz e com Ultramotion. Para leigos, o que quer isto dizer? O refresh rate é o número de vezes em cada segundo que um ecrã é actualizado. Com um refresh rate de 120 Hz, o ecrã do Razer Phone é altamente fluído (o vídeo em baixo mostra bem a diferença). É uma maravilha mexer e interagir com qualquer aplicação. A isto junta-se a tecnologia Ultramotion, que é uma espécie de Nvidia Gsync para ecrãs de telemóvel. O ultramotion sincroniza a imagem com o refresh rate do ecrã, evitando rupturas ou quebras. Combinando este dois aspectos, o ecrã do Razer Phone é um dos mais impressionantes e avançados já vistos num smartphone.
A resolução do ecrã de 5.7 polegadas é de 1440 x 2560 pixels, o que resulta numa densidade de 515 ppi. Não é apenas um smartphone ideal para videojogos, adequa-se para visualização de séries, filmes e outros vídeos fora de casa. No nosso caso, testamos sobretudo com a aplicação Netflix e a imagem apresentada é nítida e apelativa. Os ângulos de visão são razoáveis, mas em ambientes com muita luz, mesmo com o brilho do ecrã no máximo, reparamos que o ecrã não consegue destacar-se. O mesmo não acontece com os ecrãs OLED nos smartphones da Samsung.
Câmera
Na parte traseira o Razer Phone tem uma câmera com duas lentes. A primeira tem 12 MP e uma abertura de f/1.8; a segunda tem 13 MP, abertura de f/2.6 e zoom óptico de duas vezes. A primeira lente é activada em todas as fotografias sem zoom, enquanto que a segunda é activada quando há necessidade de tirar uma fotografia de plano aproximado à distância. Neste aspecto, o Razer Phone não fica a perder para o Galaxy Note 8, iPhone X ou Huawei P10, outros smartphones topo de gama que também apresentam lente dupla atrás com zoom óptico de duas vezes. A câmera do Razer Phone é complementada com auto-foco de detecção de fases e flash de dois tons. À frente está uma câmera de 8 MP com abertura de f/2.0.
Infelizmente, apesar de ser possível obter bons resultados com a câmera do Razer Phone, o software é limitado e básico. Há falta de um modo Pro como na linha Galaxy da Samsung e de mais opções para tirar as melhores fotografias possíveis. A solução, por enquanto, é instalar aplicações third-party como a Open Camera, que tem muitas mais opções do que o software base. O software tem a opção de activar o HDR, mas não existe opção de HDR automático (ou seja, conforme a situação, o software interpreta e decide de é necessário activar o HDR). Quanto ao vídeo, é possível gravar a 1080p ou a 4K (até 30 fps), mas mais uma vez, as opções são limitadas e não podemos escolher os fotogramas por segundo.
Portanto, resumindo, a câmera de duas lentes do Razer Phone tem boas capacidades, mas fica limitada pelo software. É um problema que pode ser corrigido através de uma actualização. Há que também levar em conta que é o primeiro smartphone da companhia, pelo que já seria de esperar que não acertassem em tudo logo à primeira. O software da câmara do iPhone e Samsung Galaxy é mais avançado, mas foram aprimorados ao longo dos anos. De qualquer forma, a Razer prometeu-nos que há actualizações a caminho.
Bateria
A bateria é outro dos trunfos do Razer Phone. Com uma capacidade de 4000 mAh, a bateria chega ao final do dia com carga de sobra, isto sem ter preocupações como desactivar os dados móveis ou outras funcionalidades. Há uma opção para poupar bateria, mas nunca tive essa necessidade. De qualquer forma, se precisarem de recarregar a bateria, existe suporte para fast charging. Se a bateria estiver a menos de 15 porcento, o processo de recarregar a bateria demora pouco mais de 1 hora, o que é aceitável dada a grande capacidade. O que importa reter aqui é que, se dão um uso intenso ao telemóvel, o Razer Phone é capaz de durar até ao final do dia sem terem que andar com um Power Bank atrás.
Armazenamento
O Razer Phone tem 64 GB de armazenamento para fotografias, vídeos, documentos, músicas e tudo o resto que quiserem guardar no smartphone. Não foi mantida a promessa de 100 GB de armazenamento Cloud da Nextbit, mas por outro lado, há suporte para cartões MicroSD caso tenham necessidade de mais espaço. Na nossa experiência, 64 GB são suficientes, mas podem alargar o espaço com um cartão microSD até 2 TB. O espaço de armazenamento do Razer Phone está em linha contra outros smartphones topo de gama, embora estes tenham modelos mais caros e com mais espaço.
Desempenho
Mais uma vez, o Razer Phone não fica envergonhado perante a concorrência. Com um processador Snapdragon 835, o mesmo de outros smartphones como o Galaxy Note 8, One Plus 5 e HTC 11, não terão nenhum problema de desempenho. O smartphone desliza rapidamente entre as aplicações e nunca observamos quebras de desempenho em aplicações como o Youtube e Facebook, ou em videojogos pesados como Gear Club e Arena Valor (dos poucos jogos que têm suporte para o ecrã de 120 Hz). Para além do processador topo de gama, o Razer Phone tem 8 GB de RAM. São ainda poucos os smartphones com esta quantidade de memória. A memória RAM não serve para acelerar o processamento do smartphone, mas antes para ter várias aplicações em aberto sem qualquer stress..
A aplicação a que recorremos para testar o desempenho do smartphone foi o Antutu Benchmark. O teste de desempenho atribuiu ao Razer Phone uma pontuação total de 173021. De acordo com a tabela oficial disponível no website do Antutu, o Razer Phone fica colocado em oitavo, acima do Mi 6 e do Galaxy S8, e ligeiramente abaixo do Galaxy Note 8. Não é um má posição, tendo em conta que conseguiu um melhor resultado do que o Galaxy S8, que é mais caro do que o Razer Phone.
Software e Funcionalidades
O Razer Phone não traz a versão mais recente do Android. A versão instalada é o Android 7.1.1 (Nougat), mas há uma promessa de actualização para a versão Android 8.0 (Oreo) no início de 2018. O ideal seria que a versão mais actual viesse de base, obviamente, mas como já referimos antes, é o primeiro smartphone da Razer. Em termos de funcionalidades, há algumas coisas a destacar. O Game Booster permite personalizar o desempenho dos jogos. Há um modo de poupança de bateria, se houver necessidade, e a possibilidade de aumentar o desempenho ao máximo para os 120 fps e resolução de 1440p (a mesma do ecrã). É também possível activar / desactivar o anti-aliasing. Sabendo que é este um smartphone para jogadores, é uma funcionalidade útil e importante. Incluído de base vem também o Nova Laucher, uma aplicação que permite personalizar a interface do smartphone. Há ainda uma loja de temas, mas a oferta, como seria de esperar, é ainda reduzida. De resto, o software está o mais próximo possível do stock Android, o que para muitos é uma vantagem. Convém, no entanto, sublinhar uma pequena irritação. Para desactivar ou activar funcionalidades, por exemplo os dados ou Bluetooth, é necessária dupla confirmação.
"A qualidade de áudio do Razer Phone é soberba"
Som
Neste aspecto, a má notícia é que não existe entrada 3.5 mm. O Razer Phone apenas tem uma entrada USB Type-C, mas por outro lado, vem com um adaptador Dac de 24 Bits. Ter que andar com um adaptador atrás não é ideal (embora seja pequeno), mas a qualidade de áudio do Razer Phone é soberba. É o primeiro smartphone do mercado com certificação da THX (empresa que a Razer comprou em 2016). Ligado aos nosso auscultadores Razer Man'O War, ficamos impressionados com a nitidez e detalhe do som. As colunas laterais são igualmente impactantes, com suporte para Dolby Atmos. As colunas têm uma grande potência, tendo em conta que estamos a falar de um smartphone, e mesmo com o volume no máximo, não há ruído sonoro.
Razer Phone - O veredicto
O Razer Phone é um excelente smartphone. É surpreendente que a Razer tenha acertado à primeira em tantos aspectos. É certo que não é um smartphone perfeito. O ecrã não consegue competir com as cores vibrantes do Super Amoled do Galaxy S8 e Note 8, mas ganha na questão dos 120 Hz e Ultramotion. No desempenho não temos qualquer queixa. O processador Snapdragon 835 da Qualcomm é muito bom, e combinando com os 8 GB de RAM, nunca vão ver este smartphone a ter abrandamentos a realizar qualquer tarefa tarefas. De facto, é um smartphone que está à frente da concorrência em alguns aspectos. O preço de 749€ é aceitável e não está muito longe dos preços praticados por outras marcas, com excepção do Galaxy Note 8 e iPhone X, que custam bem mais. É grande, pesado (197g) e com muitas qualidades. O primeiro smartphone da Razer é uma séria opção para quem procura um produto deste preço. Se a primazia são os jogos, é a melhor escolha neste momento.
Quanto à data de lançamento, o Razer Phone estará disponível a 17 de Novembro.