Resident Evil 0 HD - É para os veteranos ou novatos?
Passaram mais de 13 anos desde o lançamento original.
Enquanto não chega o dia 19 de Janeiro, para termos nas mãos finalmente Resident Evil 0 HD Remaster, temos discutido aqui na redacção para quem se destina esta versão actualizada do clássico da Capcom. Lançado originalmente em Novembro de 2002 em exclusivo na Nintendo GameCube, mais tarde com direito a conversão para a Nintendo Wii no Japão, passados pouco mais de 13 anos, Resident Evil 0 deixará de ser exclusivo Nintendo e estará disponível no PC, PlayStation 4, PlayStation 3, Xbox 360 e Xbox One. Tal como em 2015, o ano começa com uma remasterização de um Resident Evil que já conta com alguns anos em cima e isto deixou-nos a pensar sobre o público alvo deste remaster.
Resident Evil 0 decorre antes do primeiro jogo na série e permite-nos conhecer as desventuras de Rebecca Chambers ao lado de Billy Coen. A novata dos S.T.A.R.S. e o criminoso juntam-se para enfrentarem todo o tipo de adversidades, relacionadas com zombies e inevitavelmente a Umbrella, numa série de acontecimentos que começa a bordo de um comboio. Apesar de não contar com os nomes sonantes na produção que os outros jogos da série apresentavam, RE0 apostou na mistura de elementos que definiram a série, entre o original e Code Veronica, mas com argumentos seus que facilmente o distinguem dos demais.
Ao contrário de todos os outros jogos na série até à altura, RE0 permitia que o jogador seguisse as duas personagens ao mesmo tempo, podendo alternar o controlo entre as duas à vontade. De igual forma, a equipa de produção decidiu impingir mais sentido estratégico ao gameplay, eliminando as caixas onde guardamos os itens. Neste sistema, o jogador deitava os itens para o chão, sendo forçado a voltar atrás para os recolher caso assim fosse preciso. Deixava de ser o conflito interno tradicional (quais itens a levar vs. o espaço livre disponível vs. possibilidade de encontrar novos e não os poder apanhar sendo forçado a regressar a um baú) para um sistema que apresentava uma liberdade maior mas com um preço que podia ser igualmente elevado.
A mesma sensação de desconforto, os mesmos visuais incríveis que facilmente nos arrepiavam, dois personagens a colaborar para derrotar inimigos e resolver quebra-cabeças, habilidades específicas que nos obrigam a jogar com os dois, dependendo da situação, e uma inteligente manipulação da componente sonora, tornaram Resident Evil 0 num jogo obrigatório para os fãs. No entanto, passados todos estes anos, para quem é este remaster? Quem deve estar atento a estes esforços da Capcom?
Para me preparar para a sua chegada, regressei a Resident Evil: Remake HD Remaster para recuperar as sensações da experiência Resident Evil clássica. Aquele desconforto de quem sente que a qualquer momento algo vai acontecer, o magistral uso dos ângulos de câmara para que o jogador tenha medo do que não consegue ver (sofremos por antecipação), a gestão dos itens, o ritmo de progressão, os quebra-cabeças danados, os visuais, os ecrãs de carregamento com portas que quebram o ritmo, os controlos estilo tanque (salvos por uma versão mais recente que nos deixam a pensar como conseguimos jogar isto na altura) e acima de tudo a vontade de sobreviver.
Rapidamente fiquei relembrado da genialidade destas experiências nos seus lançamentos originais. O jogo exige o nosso respeito e em troca sentimos ficar mais recompensados porque a coesão é tão firme que rapidamente nos absorve. Melhoramos com os erros, procuramos por novos locais, descobrimos onde se encaixa aquele item e que portas aquela chave abrirá, poupámos as munições e gravámos apenas quando necessário. Resident Evil, no seu formato clássico, era uma experiência de jogo que glorifica o jogador e o desafiava.
No entanto, algumas das suas funcionalidades e mecânicas podem transparecer como altamente datadas. Não porque queremos o estilo de acção desenfreada e despropositada de Resident Evil 5 ou 6, simplesmente porque se sentem arcaicos e ultrapassados, tendo ficado para trás com o tempo por bons motivos. Assim sendo, será que apesar de tudo isto, passados mais de 13 anos, os controlos, a estrutura, os ecrãs de carregamento, a gestão de itens e tudo o mais, ainda conseguirá mostrar a sua chama?
Será que este Remaster é dedicado aos que nunca o jogaram ou é para os que já o jogaram matar saudades? Acreditam que é meramente para os veteranos de Resident Evil? Acreditam que a experiência em si tem valor suficiente para resistir ao teste do tempo e ser enfrentada com satisfação mesmo em 2016? Clássico intemporal ou pura nostalgia?