Resident Evil 6 é um mau jogo?
Ou somente um mau Resident Evil?
A Capcom confirmou finalmente os teimosos rumores e revelou oficialmente que Resident Evil 6 será lançado, em versão melhorada, para Xbox One e PlayStation 4. Segundo aclamado pela companhia Japonesa, este jogo repleto de acção, e um dos favoritos entre os fãs, merece todas as melhorias que irá receber quando chegar às lojas já em Março. Momento em que vai pedir €19.99 a novos jogadores ou a quem o quiser voltar a conhecer. Passados quase quatro anos depois do lançamento original para Xbox 360 e PlayStation 3, ficámos a questionar porquê é que a Capcom recupera o jogo e se este é mesmo um jogo mau ou um Resident Evil mau.
Quando foi originalmente lançado, em Outubro de 2012, Resident Evil 6 não foi muito bem recebido pela crítica e pelos fãs. O nosso Jorge Loureiro referiu que a campanha dividida entre três personalidades, mostrava uma incrível crise de identidade por parte de uma companhia que não estava, de forma alguma, a saber como transitar o seu sucesso do passado para as exigências da actualidade. Resident Evil havia ficado perdido num limbo, no qual o gameplay clássico não mais tinha lugar, mas as arrojadas incursões na frenética acção não encaixavam na personalidade visionada pelos fãs.
Chris Redfield, Jake Muller e Leon Kennedy são os três protagonistas de Resident EVil 6 e cada um está acompanhado por um side-kick e cada um imprime um tom completamente diferente ao jogo. Se Leon é um teste ao gameplay clássico com um toque actualizado, Chris é uma escalada da experiência vista em Resident Evil 5 e Jake Muller algo para o qual ainda hoje procuro explicação. Apesar do enredo confuso e das constantes amostras de que a acção era a nova casa de Resident Evil, o sexto capítulo parecia desejar insultar o adepto da série a cada novo momento, sem esquecer diálogos dignos de um mau série-B e boss fights que nos deixavam a chorar.
Descartando as limitações no gameplay que foram impostas em Resident Evil 5, para ir ao encontro da série mas totalmente desajustado para a actualidade, a Capcom tornou Resident Evil 6 num jogo ainda mais de acção, reforçando o dinamismo do gameplay e dos controlos, mas esquecendo-se de respeitar o ADN de survival horror imperativo para saciar o apetite dos fãs. Estes ficaram escandalizados, ficaram a perguntar porque raios tudo gritava acção e porque é que a Capcom decidiu abandonar por completo a essência da série?
Resident Evil 6 é encarado por muitos como a ofensa final por parte da Capcom, a última cuspidela na série e em todos os que a suportaram ao longo dos anos com os seus €. É fácil jogar este jogo e questionar rapidamente se 'isto é Resident Evil?' O festival de QTEs, algumas secções completamente despropositadas, especialmente com Chris ou Jake, deixaram os fãs receoso com o futuro, já que o presente se revelava tão tenebroso. Em Resident Evil Revelations 2, a Capcom conseguiu um meio termo mais agradável e voltou a mostrar ter orientação e visão para um possível Resident Evil 7 mas porquê ressuscitar o título tão controverso?
Será esta trilogia, juntamente com os clássicos remasterizados para HD, um teste à força da série? Será que, juntamente com Umbrella Corps vão medir o quanto os fãs querem Resident Evil enquanto RE7 está a ser planeado? Se assim for, será certamente uma faca de dois gumes pois se para terem um novo Resident Evil os fãs vão ter que comprar títulos controversos e alguns deles desprovidos da maioria dos condimentos que admiram num Resident Evil, podem estar a passar a mensagem errada à Capcom. Se comprarem Resident Evil 6 novamente, estão a dizer à Capcom que a série tem força e podem seguir com RE7 ou estarão a dizer que gostam de um Resident Evil repleto de acção?
Pessoalmente, tenho aqui a minha cópia de Resident Evil 6 para a Xbox 360 que esperava vir a tornar-se retro-compatível na Xbox One, para finalmente ganhar forças e terminar o jogo. Se não tiver essa oportunidade, pensarei em comprar esta nova versão e pelo menos obter paciência para mais um estúpido momento na estúpida campanha com Jake e chegar ao final, por mais intragável que seja. Quanto a Resident Evil 5, tenho aqui o meu Troféu Platina da versão PlayStation 3, que mostra o empenho e gosto que tive por este Resident Evil cooperativo. Revela o quanto aturei a inteligência artificial de Sheva e mostra que existe uma boa mistura de tensão, suspense e acção. Resident Evil 4 joguei-o na Nintendo GameCube e na PlayStation 2, não tendo qualquer vontade de o jogar uma terceira vez. Especialmente quando as versões HD para Xbox 360 e PlayStation 3 já estiveram muito baratas.
Para terminar, deixo então a questão principal: É Resident Evil 6 um mau jogo ou simplesmente um mau Resident Evil? Acreditam que podem divertir-se com o jogo se esquecerem o nome ou as atrocidades da Capcom ao seu próprio produto são demasiado obscenas para serem toleradas?