Resident Evil: Revelations - Análise
É este o futuro de Resident Evil?
Revelations é um jogo altamente prazeroso e pena alguns elementos da jogabilidade não estarem mais aprimorados, como o comportamento dos inimigos, os movimentos dos personagens e até a falta de maior diferenciação nos B.O.W.s mas de resto temos um produto altamente competente. Tecnicamente é claro que estamos perante um jogo que, apesar de recriado no mesmo motor MT Framework, foi desenhado e concebido para equipamento inferior ao que agora recebe esta versão.
Tudo é muito nítido e existe uma boa quantidade de detalhe mas não ao nível do que esperamos de um produto feito de raiz para estas máquinas caseiras. Não arruína de forma alguma a experiência mas fica-se pelo competente enquanto em alguns momentos senti que ficou perdida uma oportunidade de espantar. O trabalho da Capcom não pode ser criticado de forma alguma, tendo em conta a natureza do produto, mas gostaríamos que todo o pacote em si fosse reforçado de outra forma para compensar a vertente técnica mais fraca. Desde um preço mais baixo no produto, mais conteúdos adicionais já no disco, muito poderia ter sido feito para suavizar a sensação que temos um produto "menor" entre mãos, até porque basta comparar outros exemplos do MT com este para sentir a diferença.
Independentemente, o jogo é muito agradável e faz um belo equilíbrio entre as suas falhas e os seus encantos, apenas quebra mais em determinados momentos no quais sentimos um design mais fraco entre outros pontos menos favoráveis. Existem momentos em que a "revolucionária" mecânica de disparar enquanto caminhamos se mostra mesmo fantástica na abordagem aos inimigos, e fica a sensação de uma cuidadosa gestão desta mecânica com a dificuldade e comportamento dos inimigos, mas depois fica a ideia que tudo está ainda muito preso ao passado onde não deveria: desde a forma como se movem até à forma como as armas reagem.
No entanto aqui já temos novidades como a capacidade de obter novas peças para melhorar as armas. Podemos encontrar espalhadas pelos níveis diversas melhorias que podemos adicionar às armas e melhorar as suas características como, por exemplo, a velocidade entre disparos, dano, capacidade de munição e até efeitos que podem causar sobre os inimigos.
"Revelations é um jogo altamente prazeroso e pena alguns elementos da jogabilidade não estarem mais aprimorados (...)"
Um dos principais destaques do jogo é mesmo o Modo Raid, que podem enfrentar com a ajuda de outro jogador humano via online. É uma forma mais focada e melhorada do modo Mercenaries se preferirem que a nível pessoal conseguiu ter todo um cativar que até ao momento não havia sentido. Aqui temos desafios que consistem em chegar de ponto A a ponto B e vários parâmetros de avaliação que nos dão o respectivo valor em pontos para comprarmos armas, itens e melhorias. Pelo caminho somos avaliados pelo tempo que demoramos, número de inimigos que derrotamos e pelo dano que sofremos.
Seja a solo ou acompanhado, este modo Raid pode mesmo roubar o protagonismo à campanha e podem acreditar que caso empenhados tem aqui jogo para vários meses. É uma forma mais do que coerente de explorar o tom mais de ação no qual a série tem apostado nestes últimos jogos permitindo manter um tom mais sério, pausado e assustador à campanha. Existem personagens extra para desbloquear, níveis superiores a alcançar e até melhorias para armas.
Devo ainda deixar uma palavra para a versão Wii U, na base deste artigo. Desenhado originalmente com a Nintendo 3DS em mente, os jogadores nas consolas caseiras podem ter uma experiência mais aproximada do original ao jogar na Nintendo Wii U. Não porque tem acesso ao efeito 3D do original mas porque ambas as consolas partilham uma comum: ambas tem dois ecrãs.
Na Wii U, enquanto o jogo decorre na TV grande à nossa frente, temos a todo o momento o mapa no centro do ecrã GamePad, uma mais valia que vai crescendo até se tornar num hábito, consoante jogam. A rodear o mapa temos todos os indicadores necessários para tornar esta experiência fluída e desprovida de desnecessárias navegações por menus intrusivos.
Do lado esquerdo temos os itens secundários, como granadas e armadilhas B.O.W., enquanto à direita temos as três armas atualmente equipadas assim como a quantidade de munição. Já em baixo temos o indicador de ervas de regeneração. Sendo este ecrã secundário tátil, podemos a qualquer momento tocar nos respetivos pontos e aceder de imediato a acesses itens.
Recorrer ao D-pad para alternar entre itens e armas é igualmente intuitivo e rápido mas esta pequena adição é sem dúvida bem-vinda e reforça a experiência com um pequeno toque que é preferível estar presente do que ausente e passar como uma oportunidade falhada.
Adicionalmente podem recorrer ao segundo ecrã e libertar a TV jogando o jogo principal no GamePad. Imaginem que precisam libertar a TV para um familiar ver, basta passarem o ecrã principal para o GamePad e jogam como se estivessem perante um jogo de uma portátil. Especialmente bom para estes momentos ou quando queremos esticar as pernas no conforto da nossa cama.
Resident Evil: Revelations nesta sua nova versão mostra um dos melhores jogos da série destes últimos 5 anos e apesar de tal não ser difícil, é na mesma bem-vindo. Fica a ideia que a origem portátil é responsável pelas suas principais debilidades e que apesar de ter sido feito tudo para minimizar o impacto disto, não puderam ser feitos milagres. O que fica é um jogo que pode aborrecer ocasionalmente e até frustrar mas que vai deliciar todos os que se rendem a Jill Redfield ou Chris Valentine desde o primeiro.
Resident Evil: Revelations é tudo aquilo que a Capcom apregoou, é o primeiro jogo nesta geração que verdadeiramente respeita em pleno a essência que consagrou a série enquanto ao mesmo tempo premia os recentes esforços direcionados para a componente ação, separando-os nos seus devidos lugares e sabendo respeitar a série o jogador. No entanto existem diversos elementos aliados a um produto desenhado para uma portátil que não deixam esta conversão ascender a outros patamares e o próprio jogo em si ostenta falhas que deveriam ter sido limadas no lanamento original. De qualquer das formas é o melhor Resident Evil feito após o 4.