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Resistance: Burning Skies - Análise

Refeição completa ou pastilha elástica?

Na maioria da jornada sentimos que os inimigos se atiravam como carne para canhão propositadamente para a nossa frente e que alguns até nem disparavam. O desafio vinha dos inimigos com armas mais arrojadas como a Auger e que nos forçavam a comportamentos mais atentos, caso contrário seria uma infeliz banalidade completa. Palavra ainda para os bosses que precisavam de um pouco mais de sal sendo salvos pelos de maior porte mas que primam mesmo pelo impacto visual e não pelo desafio na gameplay.

A tecnologia dos céus em fogo:

Visualmente é completamente normal pegar em cada novo título de destaque e verificar se serve para munição ao ego do sistema que lhe dá vida, especialmente um cujo ritmo de lançamentos está brando. Nas suas imagens promocionais BS deixava-se antever como um produto fascinante quase se querendo colar à primeira fornada de jogos PlayStation 3, demonstrando grande capacidade tecnológica pela portátil. O resultado final não é tão inspirador quanto se desejaria, é um produto com capacidade para surpreender a momentos, alguns deles de larga escala e com belos cenários de fundo mas que noutros momentos desaponta e se oferece como básico.

Existem algumas sequências cuja combinação da ação e dos efeitos das armas em conjunto com os cenários criam uma bela imagem de se ver, estes são os momentos que vão ficar com o jogador e o vão motivar a continuar sentindo que o jogo lhe dá algo. Noutros vai sentir que foi enganado por esses belos momentos e que tudo não passa de algo genérico e sem inspiração. Desde aliasing a texturas, o trabalho apresentado em alguns pontos de BS parece simplesmente não fazer jus ao valor do sistema. Juntem a isto cenas fracas no enredo e começam a ter uma ideia.

Durante grande parte do jogo seguimos numa cruzada na procura de momentos que realmente nos tirem o fôlego e até nem temos as expetativas assim tão altas. Podem até acontecer mas são tão breves e o que se lhes segue é tão inferior em comparação que acabamos por preferir que não existisse esse destoar tão forte. No geral é um jogo que raramente surpreende e ficamos um pouco confusos quanto ao pretendido, se um jogo mais profundo assente na gameplay ou se um rápido e frenético FPS repleto de ação. Talvez o meio termo tenha sido o alvo mas o equilíbrio encontrado não se sente correto.

"Infelizmente as interessantes mecânicas de jogo tornam-se um pouco banais devido aos momentos que vamos tendo ao longo do jogo que não conseguem exigir de forma astuta um empenho do jogador. "

Onde BS vai surpreender de forma agradável é na sua banda sonora na qual o trabalho de Jason Graves e Kevin Riepl brilha com esplendor. Tendo em conta que já participaram em séries de renome, entre as quais Gears of War e Dead Space, não é de espantar e voltam a fazer das suas. Desde os menus que notamos algo bom mas ao longo dos níveis vamos verdadeiramente conferir que o aparato auditivo de BS é de aclamar e aqui nada temos a apontar, apenas a elogiar. Sendo aqui totalmente sinceros, a música consegue uma escala bem épica em alguns momentos que comecei a pensar que havia algo de errado comigo por sentir que a experiência de jogo em si não acompanhava.

Vamos todos mostrar a nossa Vita:

Para mostrar que é mesmo um título empenhado em conquistar os adeptos do género mais popular da atualidade, a Nihilistic decidiu brindar BS com um modo para vários jogadores centrado na competição e aqui temos uma opinião muito particular pois desde já damos destaque a uma ausência, modo cooperativo. É algo que acreditamos melhorar em muito os produtos nos quais se insere e que aqui poderia ter sido algo bem-vindo, especialmente porque já foi tentado na série e resultou muito bem.

Mas passando para o que tem e deixando o que podia ter, Burning Skies tem multijogador competitivo para até um máximo de 8 jogadores, dependo da escala do confronto que preferem, mas infelizmente apenas tem três modos de jogo diferentes. Todos Contra Todos, Todos Contra Todos Equipas e Sobrevivência são os modos que vão encontrar aqui e apesar de cumprirem com os seus propósitos são muito básicos e pouco ambiciosos nas suas aspirações.

A Vita entra no mundo dos FPS com uma série de tradição.

Novamente temos aqui um belo espelhar do problema que BS enfrenta, um produto que sem fazer nada de propriamente errado, não faz nada que seja realmente inspirador ou inovador. A vertente multijogador serve um requisito quase obrigatório mas não temos aqui a mesma medida ou profundidade de um jogo como Unit 13 que mostrou bem como esta componente se pode tornar do mais essencial e viciante num formato portátil.

Antes de terminarmos não podemos deixar de comentar com enorme apreço todo o trabalho da Sony Computer Entertainment Portugal que volta a apresentar mais um título completamente em Português. Desde dos textos e legendas às vozes, podem contar com um produto que pode ser jogado e compreendido por todos sem quaisquer reservas. É algo que só pode ser elogiado e não nos cansamos de o fazer.

Resistance: Burning Skies tinha todo o direto a ser um produto de excelência e a Nihilistic tinha a obrigação de o ter oferecido a toda a uma comunidade que aguarda com impaciência pela próxima bomba na PlayStation Vita. Como está fica um título que dá força e variedade ao catálogo da portátil sem conseguir tornar-se numa referência. Quanto a isso só o é porque leva um género tão popular com eficácia para um sistema que podemos jogar em qualquer lado.

No final do dia o que ficamos é um jogo que torna nos complica a definição de uma posição perante o que temos nas mãos. Por um lado Burning Skies não faz nada de propriamente errado ou gravíssimo, até mostra como os FPS podem viver na portátil mas por outro não faz nada que realmente o faça ascender a algo mais do que uma mera curiosidade. É um título que desnecessariamente se deixar caminhar pela corda bamba tendo de um lado algo curioso e do outro algo enfadonho. A consequência da falta de inspiração é a sensação que estamos perante uma pastilha elástica.

6 / 10

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