Retro Game Challenge
De volta à década de 80.
Hoje em dia a informação abunda, em quantidade mas também pela facilidade que existe no seu acesso, especialmente através do meio que a Internet representa. Transversalmente na nossa sociedade, obter informações sobre os mais variados temas é algo trivial e à disposição de todos os interessados.
É, por razões óbvias, de difícil compreensão para os mais novos até que ponto a referida profusão de informação trouxe à tona inúmeras alterações sociais e culturais. Mas não será assim tão complicado pensar num caso especifico, o da indústria dos videojogos.
Num tempo em que o conceito “indústria” seria utilizado num tom jocoso, as revistas e os anúncios acabavam por ser a única fonte fidedigna de novidades sobre um passatempo que era, maioritariamente, dos mais jovens.
Mas se este cenário se mostrava verdadeiro nos anos 90, o que dizer da situação nos anos 80, em que começam a ser comercializadas consolas “caseiras” e os seus respectivos jogos que, sem poderem competir com os gráficos das máquinas das arcadas apostavam na diversão e inovação. É este o espírito que Retro Game Challenge pretende remoçar, enviando o jogador para trás no tempo – de volta à sua infância – para enfrentar os desafios de Arino nos mais diversos jogos.
Arino é a personificação do arqui-inimigo e o responsável pelo nosso retrocesso temporal, embora na verdade a sua presença apenas despolete comentários sobre o nosso desempenho e desafios (regra geral pouco inspirados) que devemos ultrapassar em cada um dos jogos. Ao mesmo tempo, todo o nosso progresso é acompanhado pelo Arino dos anos 80 (ainda uma criança) que comenta com inocência e espanto todos os progressos (técnicos e não só) que o seu passatempo regista.
Existe o shooter inspirado em Galaga (e felizmente outro na veia de Star Soldier), assim como o RPG claramente inspirado no primeiro Dragon Quest. Entre jogos de corrida e acção (num total de sete jogos diferentes) vamos acompanhando uma evolução cronológica da década, numa crescente complexidade que é notória nos jogos de acção, sequelas entre si. E, como não podia deixar de ser, também não faltam as ocasionais (e consistentemente hilariantes) más traduções.
Esta evolução é sempre realçada pelas revistas que vão sendo disponibilizadas, que oferecem antevisões dos próximos jogos, truqes e dicas para aqueles que já temos na nossa posse e muito humor. Visto que o objectivo é simplesmente ultrapassar os desafios de Arino (desbloqueando os jogos para nosso divertimento num modo próprio) somos confrontados com uma interessante escolha moral. Quase todos os desafios mais complicados podem ser ultrapassados com truques devidamente explicados nas revistas, ficando ao critério do jogador utilizá-los ou não.
Colocando de parte as frequente tiradas humorísticas, todo o espírito “anos 80” das revistas e a agradável antecipação de ver todos os jogos que este título tem para oferecer; é incontornável que este jogo não é mais que uma compilação de jogos 8-bit que apesar de divertidos não conseguirão, certamente, impressionar ninguém.
Se toda a premissa vos parece interessante, então a diversão providenciada pelos jogos, revistas e diálogos serão mais que suficientes para levar esta empreitada até ao fim, mas convém realçar que o jogo apela a gostos muitos específicos. Os mais entusiastas poderão aproveitar o modo “Freeplay”, onde todo um folhetim de estatísticas são armazenadas para cada jogo individual, ideal para os saudosistas de um tempo em que os jogos eram, justa ou injustamente, realmente desafiantes.