Riders Republic review - Parque Radical
Pode um jogo ser bom a representar múltiplos desportos?
Os fãs de desportos radicais têm estado muito mal servidos ultimamente no que toca a videojogos. Chegou a haver uma era dourada para este tipo de títulos, com exemplos sonantes como Tony Hawk's Pro Skater, SSX e Matt Hoffman's Pro BMX, mas quase todas estas franquias acabaram por desaparecer. Embora tenha havido investidas interessantes de estúdios mais pequenos neste categoria, tal como Descenders ou Skater XL, as grandes editoras de desporto, tal como a Electronic Arts e 2K Games estão focadas nos desportos mais populares como Futebol, Basquetebol e Futebol Americano.
Eis que entra a Ubisoft. Mais conhecida por franquias como Assassin's Creed, Far Cry, Watch Dogs e Rainbow Six, a Ubisoft já tinha tentado em 2016 criar um videojogo apelativo para os fãs de desportos radicais com Steep. Era um quatro em um, ou seja, tinhas num só jogo quatro modalidades, nomeadamente snowboard, skiing, parapente e vôo em fato-asa. Apesar do conceito interessante, dissemos na review que estava longe de cumprir o seu potencial. A Ubisoft parecia estar a escutar porque agora, cinco anos mais tarde, entrega Riders Republic. Tem um novo nome, mas é claramente uma sequela espiritual de Steep, que expande a jogabilidade e também a quantidade de desportos radicais a que temos acesso.
Riders Republic decorre num enorme parque natural de grande variedade paisagística: montanhas ingrimes e cobertas de neve, densas florestas com trilhos apertados e desfiladeiros vertiginosos. Como o mapa não está todo coberto de neve, como estava em Steep, a Ubisoft conseguiu alargar a oferta de desportos radicais, introduzindo bicicletas de Downhill, freestyle e de ciclismo. Para além do fato-asa, agora tens também o fato-asa com foguetão, que para além de ter eventos específicos onde tens que voar por percursos traçados por anéis, permite que navegues livre e rapidamente pelo mapa. O jogo prima pela sensação arcade, se bem que, podes visitar as definições para desactivares ajudas e obteres uma experiência mais pura. Dito isto, não esperes um simulador, o jogo por vezes ultrapassa os limites da realidade.
Pode um jogo ser bom a representar tantos desportos?
À partida eu diria que não, mas a Ubisoft Annecy, responsável pelo desenvolvimento de Riders Republic, merece uma salva de palmas pela ambição e pela concretização do conceito. No geral, todos os desportos presentes no jogo têm mecânicas sólidas e satisfatórias. Existem pequenos problemas de física relacionados com a colisão e, por vezes, os controlos parecem não responder como esperado, mas num jogo que oferece tantos desportos radicais num só pacote, considero isso um problema menor. Gostava imenso que tivessem incluído skateboarding, o que tornaria o jogo ainda mais completo, mas compreendo que a sua inclusão seria difícil pela geografia do mapa (o skate precisa de pavimento muito liso).
"Riders Republic merece uma salva de palmas pela ambição e pela concretização do conceito"
O que é espectacular de Riders Republic é que podes trocar de desporto a qualquer instante. Através do menu rápido no D-Pad, podes seleccionar qualquer desporto e trocar de equipamento num piscar de olhos. Podes estar a voar no fato-asa com foguetão e trocar para uma bicicleta de downhill no meio do ar, caindo numa estrada ou trilho. Existem provas específicas para cada modalidade, mas também vais encontrar provas multidisciplinares, em que trocas de desporto a meio da corrida, como uma espécie de triatlo radical. Esta funcionalidade é especialmente útil para te adaptares às condições do mapa. Pedalar na neve é difícil, por isso é mais fácil mudar para uns skiis ou uma prancha de snowboard (além destes dois, tens também uma mota de neve que serve exclusivamente para deslocações rápidas na neve).
É um jogo da Ubisoft, por isso prepara-te para conteúdo sem fim
A filosofia desta companhia nos jogos em mundo aberto é encher o mapa com o maior número possível de actividades. Embora na maioria dos casos não me agrade devido à sensação de repetitividade que isso cria, em Riders Republic faz sentido. Primeiro, tens um grande número de desportos, por isso é normal que existam tantos eventos disponíveis. Depois, dentro de cada desporto, existem diferentes tipos de eventos. Nas bicicletas podes fazer provas de downhill, de velocidade e de truques acrobaticos. No skiing e snowboarding acontece o mesmo. Quanto mais progrides em cada modalidade, subindo de nível e acumulando estrelas (que ganhas a completar eventos e objectivos secundários nos mesmos), mais eventos desbloqueias. Dentro de pouco tempo terás o mapa recheado de conteúdo.
O jogo nunca fica aborrecido porque podes variar de desporto quando quiseres. Estás farto de andar de bicicleta? Troca para snowboard. Estás farto de snowboard? Vai deslizar pelo ar com o fato-asa. O mundo do jogo é populado por dezenas de outros jogadores, criando uma sensação de mundo vivo. Nas corridas a solo, os oponentes são sempre os ghosts dos outros jogadores, um sistema semelhante ao de Forza Horizon. O destaque para mim são mesmo as Mass Races, eventos multiplayer com suporte até 64 jogadores em simultâneo. Estas provas acontecem de x em x tempo e são altamente divertidas, ainda que caóticas. Dezenas de jogadores competem ao mesmo tempo em provas que vão variando de desporto a meio. Aqui é onde o sistema de física e de colisões se mostra mais débil, podendo causar algumas frustrações. Ainda assim, são os eventos mais espectaculares do jogo e dos mais desafiantes.
Quanto mais jogas, melhor é o equipamento
Se queres concluir os eventos nas dificuldades mais elevadas, vais precisar de melhor equipamento. No início de Riders Republic, começas com o equipamento mais básico de cada desporto, mas à medida que vais progredindo na carreira, terás acesso a equipamento melhor. Cada peça de equipamento vem com estatísticas associadas, como velocidade, controlo, entre outras coisas. Apesar de ser um jogo de faceta mais arcade, sentes a diferença do equipamento na jogabilidade. A nível de personalização também vais desbloquear imensas coisas. Podes adoptar uma perspectiva mais séria, vestindo o teu avatar com roupa adequada para cada desporto, ou estupidificar com cabeças de peluche.
Com um mapa tão grande como este, associada à complexidade técnica de albergar tantos desportos num só jogo, Riders Republic faz alguns compromissos visuais, mas nada que vás reparar a não ser que andes com uma lupa. Se te aproximares de alguns texturas, notas que podiam ter melhor qualidade. Mas como já disse, o mundo é massivo e, mesmo com hardware de nova geração, era praticamente impossível entregar um jogo desta escala com gráficos de ponta. O mais importante num jogo de desportos é a fluidez, e nisso Riders Republic manteve sempre a framerate nos 60 FPS (versão PC). A velocidade do jogo transmite uma sensação de adrenalina incrível, exactamente aquilo que os amantes de desportos radicais procuram. Para mim, o êxtase são os eventos de fato-asa, que te obrigam a voar muito próximo do solo para pontuares. É de cortar a respiração!
Diversão garantida para quem gosta de desportos radicais
Riders Republic triunfa não apenas pelo facto de conseguir juntar num só jogo uma grande quantidade de desportos radicais diferentes, mas também pela implementação das funcionalidades online: tens um mundo em que vês sempre outros jogadores, corridas massivas e competitivas, e possibilidade de jogares em modo cooperativo em grupos de seis jogadores. Precisa de um pouco de polimento para eliminar pequenas inconsistências e erros técnicos, mas é um título extraordinário para quem adora desportos radicais. Como nota final, não posso deixar de sublinhar o bom gosto na escolha das faixas musicais para o jogo.
Prós: | Contras: |
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