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Ridge Racer Unbounded - Análise

Conquista todos os distritos em alta velocidade.

Os estúdios na esperança de reformularem as suas PI, dando aquele sabor mais atual, colocam-se numa posição de risco, pois poderão não conseguir agradar a todos. A série Ridge Racer é uma das mais conhecidas vindas do Japão, estando em tudo o que é plataforma. Muitas vezes considerada a série de lançamento de novas plataformas, este ano temos o privilégio de receber um jogo fora desse panorama. Ridge Racer Unbounded pretende quebrar com o passado e atira-se de cabeça para atrair um público mais vasto.

Produzido pelos estúdios Bugbear Entertainment, conhecidos principalmente pelo seu trabalho na série FlatOut, Ridge Racer Unbounded é um jogo que de Ridge Racer apenas tem o nome e mais alguns apetrechos. A série Ridge Racer sempre foi pautada por jogos sólidos, apesar de pouco inovadores, principalmente nos últimos formatos, mostrando que a série precisava de algo refrescante. Mas existem pilares que são logo associados aos seus jogos, nomeadamente o drift, os ambientes solarengos e brilhantes, bem como a sua banda sonora. Os carros são também um aspeto a considerar, principalmente pela sua visão mais futurista de alguns veículos reais.

Ridge Racer Unbounded pega nestes pilares e dá um toque mais atual. Para já o ambiente é mais negro, caótico e de destruição. Os veículos não são tão futuristas como seria de esperar, mas a banda sonora manteve-se no seu bom estilo. A mudança em si não é algo má. É interessante vermos a série noutra perspetiva, o problema está que não se parece um Ridge Racer e está demasiado colado aos títulos arcada da atualidade, mas nunca conseguindo superar ou até igualar.

Peguem em Split Second e Burnout 3, misturem-no com elementos de MotorStorm Apocalypse, e têm Ridge Racer Unbounded. Dizer que o jogo é todo estes juntos, seria algo extremamente abonatório. O facto de ter elementos dos três jogos, não faz de si um jogo igual a todos esses. Aqui somos uma "raça" banida, e a cidade de Shatter Bay é o nosso palco de recreio. O modo carreira é dividido por distritos, nove ao todo. Dentro de cada distrito temos diversos eventos com determinados objetivos que temos que completar. Cada objetivo dará pontos para podermos desbloquear os eventos seguintes, bem como os distritos seguintes.

Apesar de não ser algo extremamente necessário para um jogo de corridas arcada, seria interessante termos uma história que preenchesse este vácuo entre eventos. Se nas corridas podemos ganhar rivais, porque não usar isso a nosso favor para os eventos seguintes? Não existe aqui qualquer tipo de personalização das provas, sendo apenas correr e tentar ficar na melhor posição. Os eventos não são muito variados. Temos as corridas onde temos que ficar pelo menos nas três primeiras posições, as provas de drift onde temos X segundos para atingir um determinado número de pontos. Temos provas de obstáculos (um time-atack) onde temos que atingir determinados alvos e ainda o formato de destruição de carros de polícia, em que usamos um enorme camião e o objetivo é destruirmos o maior número possível de carros.

Um dos meios interesses no jogo, ou melhor, que nos leva a progredir é o elevado nível de dificuldade. Sim, Ridge Racer Unbounded é um jogo difícil, chegando a ser em algumas alturas frustrante. É claro que muitos poderão dizer que é tudo uma questão de destreza, sim é verdade, mas é preciso haver um equilíbrio, principalmente quando o jogo não leva em conta as suas próprias fraquezas.

Um dos pontos que os jogadores terão que levar em consideração é a necessidade constante de fazermos drift. Sim, este é um dos pontos altos do jogo e em toda a série Ridge Racer. Aqui temos que manter pressionado o botão B (Xbox 360) para podermos manter o drift ativo. Mas tenham em atenção que a destreza neste caso é extremamente necessária. O drift é uma arte e temos que jogar muito com o ângulo e aceleração continua. O ataque a cada curva é extremamente importante, pois os adversários são ferozes e poderão rapidamente enviar-nos contra uma parede.

O Drift em ação.

Uma das alterações à série diz respeito à forma que podemos ganhar nitros ou neste caso "Power". Existe uma barra de energia que é preenchida por usarmos o cone de aspiração, o drift e a destruição de outros veículos. Quando enchermos a barra de "Power" poderemos abalroar veículos, aumentar a nossa velocidade e ainda destruir pontos específicos do cenário, criando atalhos e destruição.

Este ponto poderá dividir os jogadores. Por um lado temos veículos que mais se parecem tanques de guerra. Mas por outro lado temos um jogo com um elevado sentido de destruição e espetáculo visual. Mesmo sem o "Power" podemos destruir quase tudo. O jogo dá a dica que se o objeto for mais pequeno que nós, podemos destruir. Por isso, pilares de pontes, muros baixos, alpendres, postes elétricos, árvores e sinais são para nós nada mais que folhas de papel.

Visualmente Ridge Racer Unbounded está dentro do que temos visto nos últimos anos, sendo que Split Second é o jogo que rapidamente iremos associar. Mas diferente deste último, o efeito de velocidade é muito maior, mas não é tão vistoso em termos de efeitos visuais. Iremos correr na maior parte das vezes em circuitos noturnos ou escuros. Os circuitos poderiam variar mais um pouco, mantendo-se sempre no espírito de zona de cidade, com prédios e auto-estradas. Falta aqui um pouco do efeito de admiração, como podemos encontrar em alguns circuitos e momentos de MotorStorm Apocalypse, onde os efeitos visuais são simplesmente fantásticos.

Os veículos apesar de não serem reais estão bem conseguidos, principalmente quando obtemos os carros mais avançados. Conforme vamos amealhamos pontos e feitos, somos recompensados com novos veículos, embora nunca saibamos bem o porquê. Por outro lado não podemos alterar ou personalizar nada nos carros. Ok, podemos mudar a cor. Mas muito pouco para o que os jogos da atualidade já oferecem. Apesar de ser um aspeto estético, pelo menos, pois nem estou a entrar no aspeto de técnico, a personalização seria uma mais valia, principalmente para podermos nos diferenciar na panóplia de cores de todos os carros em pista.

"Um dos pontos que os jogadores terão que levar em consideração é a necessidade constante de fazermos drift."

Ridge Racer Unbounded - Editor de percursos

O modo de criação de circuitos é interessante e tudo dependerá da participação da comunidade. No fundo temos um espaço de blocos para podermos colocar os painéis de cada parte da pista. Conforme vamos progredindo no modo carreia, vamos adquirindo mais painéis para serem usados no modo criação. Existe um limite de complexidade e temos que levar em conta as ligações entre as partes. Quem já construiu pistas de slot cars estará aqui à vontade. Num modo mais complexo, podemos entrar num ambiente 3D na pista e "decorar" com explosivos, barris, caixas e obstáculos. Para além da construção ainda podemos definir os objetivos do nosso circuito, criando mini-eventos para os jogadores poderem cumprir. Para isso temos que publicar a nossa pista online.

Ridge Racer Unbounded é um jogo sólido, bem conseguido mas que não traz qualquer tipo de novidade ao género. A maior inovação está dentro da sua própria série, quebrando com o passado e entregando um jogo mais atual. Se olharmos para os jogos anteriores, este é o jogo que poderá atrair a um maior número de jogadores, principalmente aqueles que procuram um grande desafio, pois a IA não perdoa. Sim, a conquista pelo primeiro lugar de cada evento é o maior desafio do jogo, e se estão prontos para roer unhas, então Ridge Racer Unbounded é para vocês.

7 / 10

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