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Rise of the Guardians - Análise

Para acreditar mais deveria ter sido feito.

Rise of the Guardians é o mais recente trabalho de animação da DreamWorks e com a sua chegada aos cinemas de todo o mundo, a companhia do respetivo videojogo não se fez rogada. Claro que a questão aqui é fácil: será este um jogo que segue à moda antiga (adaptações de filmes para jogos que mais valia a pena nem existirem), se tenta ser algo interessante baseado na nova propriedade intelectual cinematográfica ou se simplesmente é algo banalizado inspirado em referências dos videojogos mas com uma capa tirada diretamente do filme? Na verdade, RofG é, infelizmente, a primeira mas com uma forte agravante, provavelmente nem sequer ao público alvo do filme vai conseguir cativar.

Se reza a história que as adaptações de filmes para videojogos seriam trabalhos manchados por falhas cruciais e por valores de produção bem abaixo dos padrões aclamados desta indústria, RotG parece reforçar bem esse sentimento que alguns preferiam acreditar ser antigo. No geral o jogo deixa a transparecer uma enorme falta de polimento e mais parece que o estúdio teve pouco tempo e orçamento para dar vida ao jogo. Desde a sua jogabilidade aos visuais, desde a sua estrutura e mecânicas, tudo aqui resulta num produto com pouco interesse mas que ainda assim mostra que as ideias base tinham interesse.

Rise of the Guardians é um jogo de ação e aventura inspirado na história criada pela DreamWorks. Neste novo mundo existem várias quadras e crenças nas crianças que são importantes e cujos guardiães tem a importante missão de as preservar. No entanto, Pitch, o papão, quer acabar com elas e lançar o medo sobre as crianças de todo o mundo. Eis que se junta um curioso grupo de personagens que tem como papel defender os seus mundos e crenças, desde o Pai Natal ao Espírito do Inverno, passando pelo Coelho da Páscoa à Fada dos Dentes e ao guardião do mundo dos sonhos.

Todos eles tem um mundo para proteger e um inimigo comum, Pitch. O nosso objetivo e viajar para cada um dos mundos destes guardiães e em conjunto martelar os botões para derrotar as maléficas criaturas do senhor das criaturas que estavam debaixo da tua cama até lá começares a esconder revistas. O esquema é todo ele muito repetitivo, apesar de termos a possibilidade de melhorar atributos dos personagens e desbloquear golpes especiais (ao subir de nível) a importância de tudo torna-se muito relativa, nem é pela presença da possibilidade de atribuir automaticamente as melhorias, é mesmo porque o que fazemos no jogo não inspira qualquer interesse.

Temos vários objetivos em cada mundo, cerca de 6 que envolvem defender criaturas amigas, eliminar hordas de criaturas adversárias num local específico, reevindicar um portal para viajarmos, libertar criaturas amigas que ajudam a espalhar a crença no que defendemos, e encontrar tesouros. O problema é que são todas comuns a todos os mundos e repetem-se todas, ao invés de algo inspirado e específico num mundo. O sistema e mecânicas de combate são simples e fáceis de aprender, basta martelar um botão e de vez em quando aplicar um especial.

Defende a tua crença.

O que torna tudo absolutamente enfadonho nem é a repetição de tudo o que fazemos no jogo, que se repete vezes seis (os mundos do jogo), é mesmo a sensação de modo automático que o jogo apresenta. Quase como se estivesse em modo automático e só fossemos um espectador. A verdade é que os nossos amigos, comandados pela inteligência artificial, são tão poderosos e tem uma resposta tão boa que nem precisamos de nos mexer. Fica a questão 'mas o que estamos então a fazer aqui'. A resposta é mesmo nada.

Acrescentem inimigos que se comportam sem qualquer tipo de diferença e mais parecem correr sem qualquer intuito de nos magoar, apesar de o fazerem e nem o percebermos, para ficarem com um jogo que não tem qualquer sensação de desafio e cujo interesse fica bem reduzido. Se preferirem podem passar pelos cenários e só mesmo ocasionalmente, quando não der para evitar, é que pressionam aquele botão de ataque, caso contrário até podem desfrutar de uma mine.

Visualmente temos um produto que teria facilmente beneficiado com uma direção artística diferente. O motor gráfico em nada é apelativo e podemos dizer que cumpre, mas sem qualquer brilho. Os diferentes mundos de jogo rapidamente ostentam uma sensação de repetitivos, parece que estamos sempre a passar por locais demasiado iguais, e apesar da sua estrutura ser simples para os mais pequenos assimilarem bem, nem sequer fica a sensação de ter sido essa a intenção. Os movimentos dos personagens nem parecem ter qualquer graciosidade e as suas animações também roçam os dois termos que mais facilmente se juntam a este jogo: monótonos e repetitivos.

RotG conta ainda com a possibilidade de jogar em modo cooperativo sem quaisquer interrupções. Podem a qualquer momento partilhar o vosso jogo com até mais três jogadores e assim enfrentarem a monotonia com companhia. Isto faz com que a banalidade e a sensação de automático seja atenuada mas não impede que a incrível sensaçao de repetição continue. É algo que se torna por demais evidente e a carga negativa que confere ao jogo é demasiado forte para que não seja numa das suas principais características. Caso o jogo tivesse rodeado de boas ideias de suporte então esta possibilidade seria mais do que bem-vinda, assim sendo é apenas um mero acessório sem quaisquer consequências de maior no desfrutar geral do jogo.

Se existe um público alvo para este RotG não são os mais pequenos, nem eles devem suportar repetir sem brilho as mesmas ações. O alvo aqui são mesmo aqueles ávidos caçadores de Troféus e Feitos de Jogador já que são tão fáceis de obter e por tarefas tão básicas quanto pressionar um botão (para viajar entre portais) temos logo uma boa quantia. RotG a momento algum pensa em desafiar o jogador, só mesmo os mais pequenos podem sentir algo meramente semelhante a isso, e até se esquece de, para o seu próprio bem, abanar um pouco as coisas para não ser tão repetitivo.

Rise of the Guardians até mostra algumas boas ideias e mostra que poderia ter funcionado mas fica-se mesmo por aí. Não tem qualquer interesse além da sessão experimental e mesmo o encanto inicial pode ser um engano. Para uma história na qual o vencer dos medos e a crença tem tanta importância, não temos aqui nada que nos leve a vencer o medo do aborrecimento e a crença na monotonia. Os desafios repetem-se e não temos nada que realmente se mostra diferente após trinta minutos de jogo. Os mais pequenos até podem sentir-se cativados por algum tempo mas nem eles devem resistir a algo tão enfadonho.

3 / 10

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