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Sanctum 2 - Antevisão

A sequela do peculiar tower defense.

O género tower defense, não sei se tem estatuto para se designar desta forma, continua a parecer-me mais um tipo de obstáculo emparelhado a um conjunto de mecânicas específicas, mas a verdade é que a sua proliferação pelas plataformas móveis acabou por afirmá-lo como uma espécie de género. É definido pela utilização estratégica de certos elementos, com o objetivo de defender um ponto particular do mapa de ataques inimigos. Independentemente do facto de possibilitar algum tipo de navegação, ou combate, o objetivo principal deste tipo de jogos está em fazer tudo para proteger a nossa “torre”.

Existem títulos que se concentram com mais ou menos intensidade na vertente estratégica, por exemplo o Plants vs Zombies é um tower defense focado na capacidade de reação e previsão, mas no qual não existe navegação e a interação é o mais simples possível. O próprio League of Legends tem características de tower defense também, proteger o nosso Nexus enquanto procuramos meios para destruir o do adversário é o principal objetivo do jogo, ainda que neste caso existam outras particularidades e formas de gameplay mais afirmativas que acabam por defini-lo.

No distinto tower defense Sanctum, os jogadores controlavam Skye Autumn, uma mulher soldado encarregue de defender a terra natal de hordas de aliens invasores. Num estilo simplista e focado nas mecânicas essenciais, o modesto jogo saído de um estúdio independente teve uma razoável aceitação por parte da crítica e da exigente comunidade de PC gamers, surpreendidos por uma mistura entre a ação dos FPS, e a estratégia típica dos tower defense. Esta sequela é o resultado desse interesse, pretende manter a mesma fórmula, mas ao mesmo tempo oferecer mais e melhor do que o antecessor.

A estrutura do jogo está dividida entre duas fases claramente distintas, a fase da montagem das estruturas, e depois a fase das invasões. Basicamente a parte “castelo” e depois a parte “defesa”. Os níveis são uma espécie de arenas onde de um lado aparecem os mauzões, e do outro lado está um núcleo que precisamos defender a todo o custo durante X número de vagas de ataques. O total varia de nível para nível.

Cada arena oferece um espaço determinado para a colocação de estruturas individuais, para montar uma muralha que nos proteja dos aliens, ou colocar uma torre de defesa que os ataque. Existem vários tipos de torre, umas mais padrão, outras dedicadas a unidades aéreas, e até uma outra que atrasa o movimento dos inimigos. O planeamento e escolha destes elementos para preparar o nosso ultra reduto defensivo é a parte interessante da fase da montagem, dá-mos por nós a calcular o formato ideal para obrigar os aliens a percorrer o máximo de caminho possível até à core, enquanto os mantemos no alcance das torres defensivas.

"Uma mistura entre a ação dos FPS, e a estratégia típica dos tower defense."

Podemos iniciar a fase da invasão assim que estivermos prontos, ou assim que o tempo limite da fase de montagem terminar. Aí é quando os aliens começam a atacar numa vaga interminável, e a ação passa para um estilo FPS onde temos toda a liberdade para disparar sobre tudo o que mexe. No final de cada vaga é tempo de voltar a melhorar as defesas e enfrentar a crescente dificuldade das vagas até terminar o nível. É esta dança entre o planeamento das defesas e o combate na altura dos ataques que torna a o jogo divertido. Uma alternância entre relaxamento e uma crescente tensão, que rapidamente nos atropela e obriga a reconsiderar as opções.

A escolha dos perks e das torres a utilizar é limitado, mas mais determinante é a escolha da personagem. Ao contrário do primeiro jogo onde somos forçados a jogar com Skye, temos agora a possibilidade de escolher uma de três outras personagens, divididas entre especialidades diferentes. Haigen Hawkens é mais eficaz no combate de proximidade, capacidade realçada pelo facto de ter como arma principal uma caçadeira. SiMo é um sintético que utiliza uma espécie de sniper e por isso funciona melhor à distância. E finalmente a Sweet Autumn, irmã de Skye que carrega um tipo de bazuca que incendeia os inimigos.

"Uma crescente tensão, que rapidamente nos atropela e obriga a reconsiderar as opções."

Sanctum 2 pode ser jogado cooperativamente até quatro jogadores, para que todos possam aproveitar as capacidades de cada personagem ao máximo. Jogar cooperativamente é sempre mais divertido como sabemos, mas isto é realçado pela própria natureza do jogo, que incentiva a discussão estratégica num momento, e depois a cooperação mais virada para a ação durante os tiroteios. É divertido com um parceiro, imagino como será com três.

Trará ainda espaço para um multijogador online, achievements e tabelas de líderes, mas nenhum destes se encontra disponível de momento. Apenas pude jogar parte da campanha, o suficiente para ficar várias vezes encravado, e de declarar certos níveis como hipoteticamente impossíveis. Um aspeto que me cativou a atenção foi a forma como o jogo lida com a dificuldade. Não quero aprofundar muito isto antes da análise, mas além do modo “easy”, existe no jogo algo chamado “Feats of Strength”. Estes são uns medalhões que podemos ativar e que aumentam uma capacidade específica dos inimigos, tornando-os mais poderosos, mas recompensando-nos por essa escolha com um aumento da experiência.

Confesso que quando iniciei o jogo pela primeira vez, não esperava nada de especial, sabia que era um projeto mais modesto e com um gameplay muito focado, até o julguei demasiado simplista num primeiro momento, ainda que bem montado, pela forma como ia acrescentando novos elementos à mistura. Quando se começam a multiplicar os pontos de spawn dos aliens, quando surgem misturas com aliens voadores e gigantes acompanhados de enxames de insetos rastejantes, aí o jogo impõe o seu ritmo, aí começamos a perceber o apelo de Sanctum 2.

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