SBK Generations - Análise
Não dá para fazer turismo com uma Superbike.
É frequente encontrar os fãs do SBK (FIM - Superbike World Championship) e os fãs do Moto GP discutirem sobre qual é o campeonato desportivo definitivo das duas rodas. As conclusões são de vária ordem e uma vez recolhidas e ponderadas impedem que haja um vencedor capaz de reunir trunfos irrefutáveis. Se é verdade que o Moto GP colhe o alto patrocínio da entidade mundial reguladora dos desportos motorizados que é a FIA, conta com pilotos de craveira e marcas que produzem autênticos protótipos que se lançam ao asfalto como ventos ciclónicos, já as Superbikes afirmam-se para lá do campeonato alternativo, oferecendo uma verdadeira matriz de competição, onde sobressaem lendas e cabem mais algumas marcas que não vemos noutro campeonato.
Com efeito, muito do entusiasmo provocado pelas Superbikes deve-se à extrema competição projetada a partir de nomes sonantes como Max Biaggi, Carlos Checa, Marco Melandri e outros que por lá passaram como Ben Spies (que agora roda no Moto GP) ou Troy Bayliss. O pelotão das Superbikes é bastante coeso e compacto e isso dá motivos para grandes recuperações, ultrapassagens e constantes alterações de posição nas corridas e campeonato, que é desde logo um dos fatores de atração dos fãs.
O que não falta são motivos que justificam o acompanhamento deste particular campeonato. A Blackbean desde há vários anos que detém a licença das Superbikes (FIM) e tem vindo a projetar este seu simulador de modo a cumprir com as expectativas dos fãs, desejosos por assumirem os comandos das motas e pilotos preferidos. Editado mais uma vez pela Milestone, o estúdio italiano da Blackbean (o mesmo que está a ultimar WRC 3) chega a 2012 com vontade de romper com as evoluções anteriores. A mudança não é tão grande em termos de estrutura da prova, controlo da mota e grafismo. Aliás, este último patamar continua de certo modo parado no tempo perante o que podemos ver nas alternativas mais evoluídas, como no género dos automóveis. Para o género dedicado às motas a concorrência não é tão grande e assim a Blackbean como que consegue "disfarçar" as suas limitações em termos orçamentais e entregar um produto competente a partir de orçamentos reduzidos.
Conhecendo que é sempre restrita audiência que adere a este género muito marcado, a Blackbean não cede. SBK Generations não é um mau jogo. É outrossim um jogo satisfatório para os fãs e que lhes preenche as necessidades básicas de corridas individuais e coletivas através da rede. A pensar numa reunião do melhor que produziu, Generations pretende ser um desafio sequencial e menos seletivo, ao prolongar-se não apenas por uma temporada mas pelas quatro últimas edições da competição.
Isto é particularmente atrativo em termos de números. Desde pistas a pilotos, a motas e marcas, o cabaz de Generations é suficientemente generoso, especialmente quando entramos nos modos SBK Experience e no modo Carreira, onde abundam capítulos cinematográficos de cada corrida que logo alimentam o espírito da competição. Ambos os modos desenvolvem-se, dentro da sua estrutura, por quatro anos, pondo o jogador em imediato contacto e competição com lendas da competição e outros pilotos que disputaram o campeonato até às derradeiras provas. Mas se este é o ponto mais destacado em termos de apelo, já a restante composição do jogo compreende evoluções menos significativas e limitadas, o que, a curto prazo pode ser suficiente para criar alguma sensação de repetição. Se nos últimos anos faltaram à chamada de SBK, então esta é uma boa oportunidade para porem fim ao intervalo.
SBK Generations compreende quatro grandes divisões. Um modo que permite avançar imediatamente para uma corrida individual, o SBK Experience, o modo carreia e a opção para jogo multiplayer. O primeiro serve de ponto de partida para uma acomodação imediata ao campeonato sem grandes compromissos. Pick up and play. Desde sessões de treinos, warm ups e corridas a partir de pilotos, equipas e motas (muitos deles passíveis de serem desbloqueados através dos outros modos), este modo funciona como um escape para competição rápida e livre de resultados, através de uma jogabilidade mais simples e facilitada ou com todos os ingredientes típicos da simulação como a velocidade em curva, travagem, aceleração e ultrapassagens.
À semelhança dos jogos anteriores, a Blackbean não distingue os jogadores novatos dos veteranos adeptos da simulação. Talvez a pensar numa adaptação à modalidade passível de ser desfrutada por todos, o SBK Experience funciona como um compêndio prático da modalidade. Neste modo o jogador progride através de objetivos divididos por aproximadamente uma dezena de provas por temporada. Estas funcionam sobretudo como testes e implicam uma aprendizagem dos fatores que condicionam toda a competição. Desde condições meteorológicas, ao peso colocado na travagem como a gestão dada aos travões, estes eventos assumem outra relevância, ao colocar o jogador em confrontos de duas voltas com rivais específicos. Pilotos que tiveram nesse ano um destaque especial na luta pelo título.
Isso implica que o jogador irá viajar até África do Sul para um duelo, em duas voltas, com Ben Spies. Outra vez devem manter a roda no ar durante 25 segundos numa mesma volta em Monza e ainda fazer um tempo rápido dentro de um certo limite. Outro desafio implica que usem o travão, numa ou duas voltas, durante umas dezenas de segundos em Misano Adriático. Os desafios das primeiras temporadas revelam-se bem simples e fáceis de superar. Mas à medida que progridem mais condições são impostas e a dificuldade aumenta significativamente. Para cada desafio existem dois graus de exigência. O primeiro grau normalmente é atingido dentro de um tempo rápido embora não muito exigente. Contudo, para chegarem ao topo e conseguirem "storm" terão de manobrar as motas muito perto da perfeição.
De um modo geral estes desafios projetam sempre fatores de domínio relevantes se o objetivo do jogador passar por conquistar campeonatos com a fasquia apontada à simulação. Além disso existe um peso ligeiramente narrativo para alguns deles, uma vez que parte desses desafios ocorrem contra pilotos que marcaram uma temporada. Estas provas raramente saturam, e pontualmente se repetem, de modo que acaba por ser proveitoso cumprir todos os desafios desde 2009 a 2012. Outro ponto que aguça o interesse por este departamento de competição prende-se com a ausência de quadros de configuração e menus. A saída é imediata para o asfalto.