Sengoku Basara: Samurai Heroes
Date aos samurais.
Ultrapassado o choque das vozes, que mais do que inicialmente vai ser permanente uma vez que sempre vão soar como desajustadas, ficamos prontos para enfrentar a experiência hack and slash que Samurai Heroes tem para nos oferecer. Tão certo como dizer o género, fica logo automaticamente implícito que vamos passar o tempo todo a martelar dois botões para varrer vagas sequenciais de inimigos. No entanto, mais do que inspirar toda a personalidade, o novo dinamismo com que a série se faz munir para o seu regresso também se estende à jogabilidade. Samurai Heroes é um jogo rápido, fluído e altamente dinâmico. Mesmo que as acções sejam altamente repetitivas em quase todas as batalhas, ir a pontos específicos derrotar o comandante do posto para assumir o seu controlo e abrir o portão que nos vai dar acesso a partes do campo de batalha anteriormente fechadas para finalmente enfrentar a figura máxima do exército adversário.
Este pode muito bem ser o esquema na maioria das batalhas mas em algumas temos refrescantes variações que alteram ligeiramente a experiência e estão todas inseridas e contextualizadas em toda a história de inspiração verídica e com piscadelas à série animada. Para além de derrubar as vagas de inimigos de nível base, temos também alguns generais ou líderes de grupo que nos oferecem itens extra e bónus. Tudo isto é alcançado ainda com a presença de vários ataques especiais e ainda de dois movimentos Basara. Sempre que o jogador preencher a barra Basara, vai poder desencadear um furioso golpe especial que consegue infligir danos severos nos inimigos. Caso necessário, pode ainda usar a barra Hero, que preenche com o derrotar de inimigos, e entrar numa espécie de câmara lenta e atacar sem qualquer resposta.
São movimentos essenciais que vamos ter que aprender a gerir ao longo das batalhas que por vezes nos podem surpreender com elementos específicos a cada uma. Não se admirem quando tiverem que andar a conquistar barracas com arroz para impedir que os inimigos se alimentem. Após varrer os campos de batalha e abrir portões, o jogador é levado para um menu específico do modo no qual assiste a um diálogo entre os personagens, e que nos dá a conhecer o desenrolar dos eventos, e no qual pode ainda comprar e gerir itens e armas.
No final de cada batalha, para além de dinheiro ganhamos itens e armas. As armas podem ser vendidas caso sejam mais fracas que as que temos e os itens são materiais para depois poderem ser usados na criação de acessórios. Estes acessórios dão-nos extras e melhoram os nossos atributos e ajudam a personalizar ligeiramente a personagem ao nosso gosto. Podemos melhorar o ataque, a defesa, ou concentrar antes no uso das artes Basara, é o jogador que escolhe. É algo limitado mas sempre é uma adição satisfatória.
Samurai Heroes oferece propriamente mais novidades a si mesmo enquanto série do que propriamente ao género. Não envereda pelas motivações online de Dynasty Warriors: Strykeforce da Koei, apenas nos oferece cooperativo local para dois jogadores, e apenas tem um outro modo para além do principal, o modo Free Battle no qual escolhemos livremente a personagem e o cenário, livre das restrições da "história". No entanto, é o mais divertido no género que tive a oportunidade de jogar e aquele com uma personalidade mais vincada e irreverente, sem a momento algum esconder o seu estilo. Quase como se a Capcom tivesse procurado introduzir um pouco da essência de Devil May Cry num outro género.
Altamente fluído e com um ritmo elevado, Samurai Heroes é um jogo que no panorama geral pode ser considerado graficamente mediano, mas dentro do género, é provavelmente o melhor que vimos até à data. Cenários repletos de cor e bem representativos da sua fonte, o Japão do período Sengoku, mais do que se focar no detalhe dos personagens, que para além dos principais é bem mediano, ou no nível das texturas nos cenários, a Capcom procurou criar uma experiência sem quebras com um razoável número de inimigos ao mesmo tempo no ecrã e com golpes fantásticos a ocorrer em qualquer momento sem prejudicar a performance do jogo.
Apesar da fraca qualidade das vozes Inglesas, e da desesperante ausência das vozes originais Japonesas, a componente sonora consegue contribuir com alto dinamismo através da banda sonora. As músicas estabelecem o ambiente desejado e o jogador consegue sentir que a experiência sai beneficiada pelo trabalho. Tudo dentro do esperado, e necessário diga-se, mas por vezes alguns momentos mais cómicos ou simplesmente diferentes da maioria conseguem maior destaque devido à forma como a banda sonora se adapta.
Sengoku Basara: Samurai Heroes assume-se como uma boa proposta dentro do género, recebida aqui como a favorita nesta geração, mas não faz nada realmente de mais que o torne interessante para além da base de fãs do hack and slash. Apenas faz o que outros fizeram mas com alto estilo e de forma altamente interessante. Se longevidade for para vocês sinónimo de qualidade então preparem-se pois muito existe em oferta aqui, mesmo que as longas horas à vossa espera sejam passadas a fazer mais do mesmo.
Enquanto produto inserido dentro de um género, já se sabia que Sengoku Basara: Samurai Heroes estaria limitado a um público específico, e apesar de nada de novo oferecer, e até oferecer menos do que outros já ofereceram, é um jogo repleto de dinamismo e carisma. Irreverente como só a Capcom parece saber fazer, só o facto de ter sido lançado no mercado Europeu e de ter sido tratado com o respeito que merece, sem adaptações ou cortes, é uma mais valia a respeitar.