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Sequelas, reboots e remakes - estará a indústria a perder a criatividade?

Um olhar sobre a actualidade dos videojogos.

Este é um tema que tem vindo a ser muito debatido nos últimos anos e sim, apesar de poder ser estendido a outros universos do entretenimento, incluindo literatura, cinema e televisão, está sem dúvida muito presente no mercado dos videojogos. Cada vez mais presente, diria eu, sendo que poderá tornar-se ainda mais evidente com o passar do tempo.

Claro que, olhando para esta temática do ponto de vista empresarial e financeiro, tem toda a lógica investir em qualquer um destes modelos: as editoras poderão, deste modo, aproveitar uma base de fãs já instalada de uma IP já conhecida, por vezes usando os mesmos recursos que usaram em jogos anteriores de forma a pouparem algum dinheiro na produção do jogo. A nostalgia e o apreço que os fãs têm por determinada saga pode garantir o sucesso de um jogo num mercado cada vez mais instável e em constante alteração.

Até porque, e é importante enfatizar este ponto, somando os custos de produção de um jogo com a sua campanha de marketing, os valores podem subir para valores astronómicos e esta é, provavelmente, a razão base para que muitas editoras tenham receio em apostar em novas IPs, com novos mundos e personagens.

Só para teres uma ideia, para produzir Call of Duty: Modern Warfare 2 foram necessários, nada mais, nada menos, que 250 milhões de euros. Logicamente, é muito mais fácil refazer algo que as pessoas já conhecem do que investir quantias avultas para inserirem um novo título no quotidiano dos jogadores. E, na minha modesta opinião, não podemos julgar as produtoras por quererem proteger os seus gigantescos investimentos.

Portanto, o meu intuito neste artigo não é denegrir, de modo algum, sequelas, reboots e remakes. Existem vantagens numerosas evidentes com a sua criação: toma como exemplo o remake de Residente Evil 2, agendado para 2019. O jogo foi originalmente lançado em 1998. 1998. Há duas décadas. Para a primeira Playstation. Consegues imaginar as gerações actuais a adquirirem uma Playstation só para jogarem a versão original do jogo? Parece-me pouco provável, e é aqui que entra um dos benefícios principais na adaptação e remasterização de jogos antigos.

Poderás trazer nova vida a um título que, caso contrário, poderia ficar esquecido no tempo e que merece ser experienciado pelos jogadores actuais. Para além disso, com sequelas, podemos sempre aprender mais sobre certos mundos e personagens com os quais nos apaixonámos- e qual é o mal disso? Eu bem que gostava de uma sequela do Okami - o jogo para a DS não conta! - e descobrir mais sobre os mundos luxuriantes do Japão e as personagens malucas que habitam nele. Tal nunca irá acontecer, obviamente, mas uma pessoa pode sempre sonhar.

Claro está, a linha entre sequelas/reboots/remakes e ganância por parte das empresas torna-se cada vez mais difícil de discernir. Existem, sem margens para dúvidas, estúdios que conseguem sempre inovar com cada nova entrada de uma determinada saga - introduzindo novas mecânicas, arcos de narrativas e características que fazem com que a sequela tenha valido a pena e que faça jus à palavra - o problema é quando o novo jogo se parece com o anterior, apenas com uma nova camada de tinta, ou quando uma versão "deluxe" é lançada de um jogo já existente. São nesses momentos precisos que o público clama por novas IPs, mais originalidade e que as editoras deixem as suas franquias descansar para não desgastar a sua imagem e saturar o mercado.

Assassin's Creed Unity e Syndicate foram, provavelmente, os casos mais infames dos últimos anos: com lançamentos anuais e poucas alterações de título para título, juntamente com outro tipo de problemas técnicos, os fãs ficaram de tal maneira desiludidos que tal veio a reflectir-se nas vendas dos jogos, obrigando a Ubisoft a aguardar um ano até ao lançamento seguinte da saga - Assassin's Creed Origins. E, neste caso particular, nota-se que a paragem de um ano foi realmente importante para a franquia, permitindo à Ubisoft repensar na fórmula, limar as arestas e entregar um título de uma qualidade realmente assoberbante, com um equilíbrio entre novas adições e características tradicionais exemplar.

Sei que este é um tema controverso e dará aso a opiniões muito distintas mas gostava de saber aquilo que pensas: acham que o universo dos videojogos está a rebentar pelas costuras com os remakes, sequelas e reboots? Será que a criatividade e a audácia dos estúdios deixou de ser agraciada pelo público, dando lugar a um maior conformismo por parte das produtoras? Usa a caixa de comentários para te expressares!

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