Será que Narcos México escapa à sombra de Escobar?
As nossas impressões depois dos primeiros 5 episódios.
Este artigo foi originalmente publicado a 1 de Novembro, mas para celebrar a estreia da série é novamente apresentado.
A série Narcos rapidamente se tornou numa das mais populares da Netflix e por razões válidas: pegou na história do narcotraficante mais conhecido do mundo e adaptou-a para um formato de entretenimento, misturando factos históricos com drama, nunca poupando nos pormenores sangrentos e cruéis.
Depois de duas temporadas fascinantes e absolutamente marcantes, Narcos tornou-se sinônimo de Pablo Escobar. A terceira temporada, uma continuação e desfecho do que aconteceu após a morte de Escobar, manteve os elevados padrões de qualidade da série, mas sem uma personagem tão poderosa como Escobar, não teve o mesmo impacto das primeiras temporadas.
Agora a série Narcos partiu para outro território. Da Colômbia passou para o México, o tema da quarta temporada. Mas não penses que vais conhecer a história de El Chapo, pelo menos por enquanto. A nova temporada também viaja no tempo e decorre na transição dos anos 70 para os anos 80, quando a distribuição de cocaína ainda estava a dar os primeiros passos e o crime organizado no México não passava de uma grupos espalhados por vários territórios.
Há um elenco completamente novo, um território inexplorado e uma história por contar em Narcos México e, apesar disto, o fantasma de Escobar ainda paira sobre a série. Depois de termos assistido aos cinco primeiro episódios, essa sensação começou a dispersar, principalmente depois do quinto episódio, que é quando parece que a história vai começar a aquecer.
Os primeiros episódios são lentos, mas numa história como esta, é inevitável. É um enredo complexo com um emaranhado de personagens de diferentes contextos e com propósitos bem distintos. Antes de se contar uma boa história, há que sempre fazer uma introdução apropriada e Narcos México faz isto com mestria e deixa-nos sempre curiosos para o que vai acontecer a seguir.
A história gira sobretudo em torno de Felix Gallardo (Diego Luna), o líder do cartel de Guadalajera, e Kiki (Michael Pêna), um agente da DEA. Se prestaste atenção à primeira temporada de Narcos, já sabes o destino que espera o agente da DEA. Narcos México conta a história que levou a isso, mostrando mais uma vez de forma crua como é que os narcotraficantes operam.
O México é hoje a maior porta de entrada de drogas para os Estados Unidos e Narcos México mostra como é que isso veio a acontecer, mostrando a perspectiva dos narcotraficantes, dos agentes da autoridade, e do governo americano e mexicano. Não é uma história bonita. Com cinco episódios, já perdemos a conta ao número de pessoas que foram executadas no ecrã.
Os primeiros episódios são lentos, mas numa história como esta, é inevitável.
A corrupção impera no México e permite que o crime organizando esteja acima de tudo e todos, controlado forças policiais e oficiais do governo, isto numa época em que a DEA não era agência com o poder e recursos que tem actualmente. Para todos os efeitos, Narcos Mexico é uma história de origem, não apenas para as personagens envolvidas, mas para a própria série.
Os fãs da série com certeza vão estar interesssdos em conhecer este novo capítulo, mas falta saber se é com esta nova temporada que Narcos consegue ganhar uma nova identidade e afastar-se de Pablo Escobar. Nestes primeiros cinco episódios, Kiki revelou-se usam personagem supreendente e habilidosa, que coloca o espectador a torcer por ele. Felix Gallardo é mais difícil de julgar, é uma personagem que cresce a cada episódio, mas que ainda não se encontrou a si mesmo.
Em última instância, fica a sensação de que esta temporada no México não será a primeira, o que explicaria a demora no arranque que senti nos primeiros episódios. Já houve pequenas surpresas nestes episódios a que assisti, mas até agora, ainda não senti o mesmo entusiasmo das duas primeiras temporada. Será que vai melhorar nos próximos episódios? Vamos esperar para ver.