Shadows of the Damned
A loucura nunca é demasiada.
Enquanto que a presença de Suda 51 se faz sentir no mundo maluco de Shadows of the Damned, a presença do não menos conhecido Shinji Mikami denota a sua participação na jogabilidade. Quem jogou Resident Evil 4, irá sentir-se imediatamente em território familiar. Porém, foram feitas alterações para torná-la melhor e mais refinada. Por exemplo, é possível rebolarmos para os lados para esquivar ataques iminentes e disparar enquanto andamos, o que torna a jogabilidade muito mais fluída.
Embora Garcia Hotspur assuma o papel de personagem principal, é impossível não referir o seu sidekick Johnson, uma caveira falante com um sotaque britânico que consegue ser hilariante. Na verdade, é mais que um simples sidekick, porque para além de falar tanto com Garcia, sem ele Shadows of the Damned não teria tanta piada. Johnson é aquela pitada de sal que torna as coisa ainda mais saborosas e picantes.
Além de sidekick, Johnson possui a habilidade de transformar-se em diferentes armas, três para ser exato – uma pistola, uma metralhadora e uma caçadeira, que em Shadows of the Damned recebem nomes estilosos como Boner(não esquecer as piadas sobre sexo), Teether e Skullcussioner. As armas ficam mais mortíferas e recebem nomes mais estilosos quando encontramos uns diamantes azuis que se colocam na cabeça de Johnson. As habilidades de Garcia também são melhoradas com o avançar no jogo graças a uns diamantes vermelhos.
Em Shadows of the Damned não andarão o tempo todo a combater demónios. Pelo meio encontrarão vários puzzles que recorrem ao tema da luz/escuridão (inspiração em Alan Wake?). A escuridão é nossa inimiga, e não aguentamos muito tempo nela sem começar a perder vida. Para iluminar o ambiente, a solução passa por alvejar uma cabeça de uma cabra com um flash de luz. Se acham isto estranho, esperem até verem um boss a parar de lutar connosco para se aliviar.
A longevidade de Shadows of the Damned é ideal, nem é muito longo nem muito curto, e deixa-nos a salivar por mais. Para chegar ao final foram precisas 11 horas, o que para mim foi uma enorme surpresa. Senti que o tempo passou a voar e era capaz de jurar que não passei mais que 6 horas a jogar, contudo, o cronómetro do jogo provou que estava errado.
Seria um crime terminar esta análise sem mencionar a maravilhosa banda sonora criada por Akira Yamaoka. É fantástico a forma como este compositor conseguiu pegar nos vários elementos do jogo (as origens latinas de Garcia, a influência dos filmes grindhouse e dos jogos retro) e transpassá-los para a música que ouvimos. É uma mistura de géneros, mas combinam na perfeição.
Numa indústria onde muitos se queixam de falta de novidades, Shadows of the Damned é uma lufada de ar fresco. É um jogo relaxado que não está preocupado com nada, não há pressão para competir com outros jogos ou para ser uma maravilha tecnológica que puxa uma consola aos seus limites. Podem dizer que Shadows of the Damned tem todos os ingredientes para ser considerado banal: muita violência, palavrões e miúdas sexy's em trajes curtos. Alias, ao primeiro olhar parece ser semelhante a fast-food, mas depois de provarmos, percebemos imediatamente que é algo muito mais requintado. É uma mistura de sensações incrível e proporciona uma diversão inimaginável. É difícil fazer justiça ao jogo num aglomerado de palavras, o melhor é mesmo irem jogar, porque a sério, vale a pena.