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Shantae: Half-Genie Hero - Análise

E tudo os longos cabelos violetas levaram.

Eurogamer.pt - Recomendado crachá
Shantae regressa numa desafiante aventura "old school" em alta definição, com os atributos e identidade dos clássicos, e mais habilidades.

Entre os jogos de plataformas e acção 2D, Shantae quase dispensa apresentações. Produzida pela WayForward, a série define-se com um traço especial; humorístico, quase como uma banda desenhada e assente em grandes doses de acção à semelhança de outros grandes clássicos como Donkey Kong Country ou Super Mario Bros. A origem de Shantae remonta à antiga Game Boy Color, quando em 2002, já na fase final do ciclo da consola, a produtora foi capaz de tirar proveito da consola 8 bit portátil da Nintendo e apresentar um jogo muito competente e divertido no panorama das plataformas.

Seguiu-se no entanto um longo período sem nova produção até 2010, com o regresso da heroína que faz como nenhuma outra a dança do ventre, para uma nova aventura chamada Risky's Revenge. Quatro anos depois a WayForward lançou novo jogo (Pirate's Curse) e o final do ano passado, para o computador e restantes consolas, saiu Half-Genie Hero, um jogo que se posiciona como uma evolução desejável e natural dos episódios anteriores. Desde logo porque estamos perante um jogo desenhado em alta definição, mantendo os atributos como a perspectiva 2D. Trata-se do trabalho mais importante deste estúdio que não há muito tempo perdeu algum pessoal que fundou pouco depois o estúdio Yacht Club Games, responsável por Shovel Knight.

Todos os níveis oferecem obstáculos específicos, nesta imagem temos o vento.

Impulsionados por um desejo semelhante em recuperar e dar um novo fulgor e carisma à protagonista de longos cabelos violetas, a WayForward desenvolveu uma campanha de "Crowdfunding" que deu os seus frutos, cumprindo a missão a que se propuseram. O resultado é esperado e na linha de continuidade a que o estúdio nos habituou, com um jogo que renova muitas premissas dos anteriores, principalmente ao nível da acção e habilidades da protagonista, como atinge ao mesmo tempo uma qualidade de produção muito louvável, demarcando-se muito bem no segmento sonoro e no capítulo visual, com um grafismo em alta definição.

Embora tenhamos novas personagens e um regresso à Sequin Land muito promissor, encontramos ao fim de algum tempo caras conhecidas, como a temível pirata Risky Boots, o tio Mimic, Sky, entre outros comparsas (Bolo Rottytops). Os segmentos jogáveis intercalam bem com os momentos animados, no estilo de séries animadas, com diálogos humorísticos e situações algo insólitas e caricatas. A área central em Sequin Land funciona mais uma vez como "hub" ou parque de atracções dada a quantidade de actividades e solicitações à nossa disposição. A juntar aos segmentos narrativos que se desenvolvem em áreas exteriores, temos ainda os pedidos dos habitantes, que funcionam como uma espécie de missões secundárias ou alternativas.

Shantae em mais uma transformação.

A aventura principal constitui o grosso do jogo e levar-nos-á a percorrer diferentes territórios (sete), sendo que ocorre uma transformação a partir do momento que derrotamos o "boss". Essa mudança proporciona uma bifurcação ou abertura de um percurso alternativo. Ao mesmo tempo, Shantae adquire novos poderes, podendo transformar-se num animal e conseguir novos movimentos até esse momento impossíveis. Desde subir paredes e chegar aos tectos, as diferentes configurações criam uma série de oportunidades para avançar numa direcção até então impossível. Isso acontece logo a partir da segunda área e opera uma significativa alteração na jogabilidade.

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A dificuldade não é muito elevada e quase todas as habilidades são muito simples e cómodas de reproduzir. Sucede que os níveis são grandes, dotados de vários percursos alternativos, o que requer diferentes aproximações, mais tentativas de exploração e alguma repetição, não na linha de um Metroid ou Castlevania, embora não muito longe. Os perfeccionistas têm aqui uma oportunidade para investir mais tempo, embora quem queira simplesmente terminar a aventura tenha que voltar algumas ocasiões a níveis já percorridos. Em termos de transformações, existem em bom número, proporcionando variedade mas sobretudo uma boa adaptação aos níveis, o que significa que qualquer que seja a forma da protagonista, o desafio nunca deixa de existir.

Sobretudo é um jogo mais grandioso, completo e mais apaixonante que os anteriores, sem perder a identidade e a imagem de marca bem ilustradas não só na obra inaugural como nas produções mais recentes. A banda sonora é marcante, com alguns temas remisturados, entre novidades que soam de forma quase refrescante e se ajustam à acção constante e movimentos da protagonista, num bailado muito interessante. Do ponto de vista visual, a transição para a alta definição acrescentou mais brilho e cor, ainda que o granulado dos originais não fosse nada de se deitar fora, antes até de valorizar. Mas sem dúvida que uma produção destas em 2D de alta definição é um desejo pedido pelos fãs que é finalmente concretizado. Ainda bem que produtoras como a WayForward ou Yach Club Games continuam a apostar nestas produções baseadas em jogos de plataformas e acção. O seu público não é muito alargado mas aqui vão encontrar um jogo desafiante, um tanto "old school", bem formatado visualmente, assente num modelo jogável apurado e com uma identidade que praticamente dispensa apresentações.

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