Shuhei Yoshida fala sobre passado e futuro ao Eurogamer Portugal
Encontro em Los Angeles com a grande figura da Sony.
Shuhei Yoshida, presidente dos Sony Worldwide Studios, tem sido uma das personalidades mais próximas da comunidade PlayStation nos últimos tempos. Ativo nas redes sociais, é alguém que dá prazer conversar, ainda para mais que Yoshida sabe qual o futuro mais próximo do universo PlayStation. Com tempo altamente limitado, seria praticamente impossível perguntar sobre tudo a que a Sony Computer Entertainment actualmente se dedica mas ainda assim procuramos colocar perguntas que fugissem ao tradicional para tentar descobrir mais do homem que foi catapultado recentemente para a ribalta.
Yoshida San é um homem altamente ocupado cujo tempo é demasiado precioso e por isso mesmo nos honra tanto o tempo que tivemos com ele e a excelente oportunidade concedida pela Sony Computer Entertainment Portugal. Desde já um grande obrigado pelo momento. Falar sobre o passado, sobre o presente mas também questionar o futuro foi desde logo uma das principais preocupações. No entanto, falar sobre o historial da marca PlayStation e da influência deste homem seria material para uma enciclopédia e muito provavelmente falar sobre a PlayStation 3, a PlayStation 4, a PlayStation Vita, a PlayStation Vita TV, o PlayStation Plus, os indies, os AAA, The Last Guardian serviria para passar uma tarde inteira comigo.
Isto sem jamais esquecer o Project Morpheus que foi alvo de cuidada atenção por parte da SCE em Los Angeles na E3. O equipamento que irá levar a Realidade Virtual para a PlayStation 4 é uma das novas frentes nas quais a SCE está a entrar. É outra das enormes curiosidades que temos em relação à estratégia da companhia para o futuro e mais uma forma de exemplificar como ficaríamos perdidos a conversar uma tarde inteira e ainda assim não ter todas as respostas.
Recentemente Shuhei Yoshida tornou-se numa das figuras de proa para a marca PlayStation e tem sido visto como um dos principais responsáveis para aproximar a companhia dos seus consumidores. Figura frequentemente cómica (quem não se lembra do momento 'Como trocar jogos com os amigos na PlayStation 4?' que tivemos na E3 2013) e sempre empenhada em estabelecer uma ponte com os fãs através do Twitter ou até fóruns como a NeoGaf, Yoshida é um homem altamente interessante e com muitas histórias para contar. O que mais me surpreendeu foi a sua extrema humildade. O encanto com que fala da indústria e dos seus produtos sem jamais tecer críticas à concorrência (pelo contrário) deixaria qualquer um rendido.
Sim, juntei-me à equipa de Ken Kutaragi ainda antes da PlayStation estar completa. O rápido desenvolvimento da consola ainda decorria.
Ah, sim. Alguém no departamento de Relações Públicas decidiu, 'Vamos por o Shuhei Yoshida à frente'. Penso que as pessoas gostaram e estão-me a deixar fazer isso. E estou a gostar da comunicação com as pessoas. É muito fácil para mim porque jogo videojogos e as pessoas que se interessam pelos nossos produtos adoram videojogos por isso a comunicação é fácil.
"Apesar do hardware ser importante, o software do sistema, serviços de rede e claro os jogos, são mais importantes do que o hardware em si."
Quando Kaz Hirai se tornou presidente da SCEI, depois do lançamento da PlayStation 3, ele decidiu e pediu-me para trabalhar com a equipa dedicada ao hardware. Tive que mudar dos Estados Unidos da América, que era a minha base, para o Japão e tenho um escritório no mesmo andar que a equipa do hardware não da equipa dedicada aos videojogos, que está num outro edifício. Passo mais de metade do meu tempo no Japão a descobrir e discutir problemas de hardware. O meu trabalho também me pede para ligar membros da equipa de hardware com membros dos estúdios mundiais para discutir problemas relacionados técnicos ou criar ideias.
O Project Morpheus, a PlayStation Vita, a PlayStation 4, todos foram desenhados com a participação dos membros dos Worldwide Studios. Penso que em grande parte é por isso que a PS4 é mais fácil de usar e a ideia para algumas funcionalidades como o SHARE, com botão dedicado, veio da equipa dedicada aos videojogos, que participou no desenvolvimento da PS4.
Com o Project Morpheus estamos a demonstrar...já experimentaste as demos? (respondi que não, infelizmente) Estamos a demonstrar um jogo chamado Monster Escape que é um jogo para cinco pessoas. Uma delas usa o capacete e as outras quatro usam o DualShock 4 e olham para a TV. Quatro pessoas lutam contra um monstro e na verdade o monstro é a pessoa que usa o capacete. E quando usas o capacete olhas para baixo e vês pequenos robôs a disparar tudo contra ti e tens que te desviar.
É uma experiência muito divertida mas apenas possível se a PlayStation 4 for capaz de renderizar dois ecrãs ao mesmo tempo, um para a TV e outro para o capacete. Essa funcionalidade foi pedida pela equipa dos videojogos pois participam no desenvolvimento do Project Morpheus. Penso que a forma como estamos a desenvolver o novo sistema é parte da razão pela qual a PlayStation 4 é, espero eu, bem sucedida.
Estou sempre a usar o Share. Jogo os jogos e quando derroto um boss...tenho jogado Bloodborne e Dark Souls II na PS4 e tiro um screenshot e partilho no Twitter. Uso muito a função Share.
Gosto da transferência de actualizações e transferências automáticas como actualizações ao sistema porque assim não tenho que pensar nessas coisas, a PS4 trata disso por mim (muito obrigado por isso Yoshida San). Também gosto da funcionalidade de entrar em qualquer PS4 e descarregar o meu save, dá-lhe portabilidade.
Posso visitar qualquer país, ligar-me a uma PS4 e entrar como convidado e transferir o meu jogo e o meu save por isso adoro essa funcionalidade.
A Realidade Virtual pode ser usada em várias aplicações, é um novo meio e gera muito interesse de várias indústrias que querem trabalhar connosco mas inicialmente, como precisas de uma PlayStation 4, de uma PlayStation Camera e do Project Morpheus, o nosso alvo serão as pessoas que já têm uma PlayStation 4 pois será uma compra mais fácil para essas pessoas.
Estamos muito focados na criação de jogos para o Project Morpheus mas ao mesmo tempo acredito que precisamos ter vídeos panorâmicos e esse tipo de entretenimento passivo disponível para o Morpheus. Essas experiências são muito fáceis de experimentar por todos. Podes querer comprar o Morpheus e tens que te justificar à família ou à esposa e podes dizer: 'Com o Morpheus podes visitar a China ou uma praia Havaiana ou a Lua (acho que vou usar essa disse eu).
As nossas equipas de relações empresariais estão a trabalhar com essas companhias dedicadas a conteúdos não videojogáveis para trazerem os seus componentes para o Project Morpheus.
Neste momento a pessoa responsável pela gestão do tempo de Yoshida San indica-me que tenho tempo para apenas mais uma pergunta, o que me deixa meio perdido e decido fazer uma questão que acreditei ser a mais importante.
Estou nesta indústria há mais de 20 anos mas um jogo que me deixou muito contente por ter ajudado a ser feito foi Journey, não sei se o jogaste? (sim, e dei-lhe a nota máxima respondi eu, o que Yoshida San agradeceu).
Fiquei muito impressionado mesmo quando joguei e tocou-me emocionalmente. Como disse o Jenova chen, os videojogos podem ser mais do que entretenimento e tocar as pessoas. Dar algumas perspectivas e fiquei muito contente por estar envolvido no processo de desenvolver e lançar esse videojogo.