Sin and Punishment: Star Successor

Criada em 1992 por antigos produtores da Konami, a Treasure nasceu para triunfar no mundo dos videojogos. Titular de valiosos produtores, designers e engenheiros, em poucos anos o estúdio assumiu um estatuto especial na então voraz e galopante produção japonesa. Detentora de um impressionante currículo, jogos de comprovada qualidade, tanto junto da crítica como dos fãs, durante muito tempo o estúdio foi sinónimo de produção com qualidade, reluzindo particularmente no ocidente.

Pese embora a sua quase natural aproximação aos "shmups", género pelo qual grandemente se notabilizou, com êxitos para as arcadas e posteriores aclamadas conversões para as consolas - Radiant Silvergun e Ikaruga estão entre os meus favoritos de sempre -, nas consolas domésticas encontramos igualmente uma produção riquíssima e invulgar. Gunstar Heroes, Dinamite Headdy (ambos Mega Drive), Guardian Heroes (Sega Saturn) são apenas alguns exemplos e quase todos revelam traços comuns: espantosas animações, paleta de cores impressionante e acção verdadeiramente frenética, à boa moda arcade.

Na Treasure, os anos noventa corresponderam sobretudo a uma aproximação muito grande à Sega, com mais de uma dezena de jogos produzidos para as diversas consolas da famosa companhia que tinha em Sonic the Headgehog a sua mítica mascote, entre muitas conversões. Porém, a partir de 2000, e após o final da produção de consolas por parte da Sega, no seguimento das perdas acumuladas com a Dreamcast, o estúdio encontrou na Nintendo uma nova e proveitosa colaboração, com Sin & Punishment, um shooter tridimensional, exclusivo da Nintendo 64, na linha da frente.

Hoje, a Platinum Games é uma das companhias japonesas com especial foco na originalidade, criatividade e uma certa irreverência que tem sido imagem de marca em todas as séries que deita mão ou se envolve desde o princípio. Em poucos anos adquiriram um estatuto de culto e referência, no Japão. É uma companhia diferente da Treasure, mas no seu auge e apesar dos estilos algo diferenciados, contribuíram para o desenvolvimento da indústria. Hoje, a actividade da Treasure é menor. O estúdio passou a cuidar sobretudo de relançamentos para plataformas de alguns dos seus clássicos e abandonou as produções originais. Fruto de um certo desinteresse japonês pelas consolas domésticas? Há pouco tempo li de um correspondente japonês para uma publicação espanhola (Hobby Consolas) que os programadores de "shmups" deixaram o seu ofício, exercendo outras actividades. As arcadas no Japão estão a fechar e os japoneses mostram-se mais interessados nos "smartphones". A Treasure também perdeu alguns dos seus mais valiosos membros. É de resto um tópico interessante e ao qual voltaremos noutra oportunidade.

"Uma das vantagens é precisamente a possibilidade de correr o jogo no ecrã do GamePad"

Entre as mais recentes produções, Sin & Punishment: Star Successor (S&S:SS), editado para a Wii e para o continente europeu em 2010, chegou há pouco tempo à eShop da Nintendo Wii U, integrando uma lista de sucessos da Wii, disponíveis na sua sucessora. Uma das vantagens é precisamente a possibilidade de correr o jogo no ecrã do GamePad. No entanto, este é um daqueles jogos que merece uma tela televisiva. Quase nada "shmup" e sobretudo "shooter", S&S:SS é quase um Panzer Dragoon, vistoso, no qual usamos uma de duas personagens, capaz de flutuar e alvejar pontos específicos no ecrã em movimento. A isso acresce um sistema de combate por intermédio de uma espada, com algumas opções adicionais interessantes como evasão aos disparos laser dos inimigos. Com vários capítulos de longa duração e boss fights de elevada componente técnica mas também estratégica, S&S:SS continua a demonstrar qualidade e proporcionar um bom desafio. Se por alguma razão o deixaram escapar para a Wii podem sempre descarregá-lo a partir da eShop da Wii U.