Sine Mora - Análise
Definitivamente infernal.
Em Sine Mora tempo não é dinheiro. É vida. Acertem nos inimigos todos e ganham preciosos segundos. Sejam alvejados ou causem dano no aparelho chocando contra elementos do cenário e são penalizados. O tempo adicional que obtiverem no final do nível será transformado em pontuação. A pontuação cifrada entre A e E é um somatório de vários pontos de avaliação. Ter um A implica ser um ás dos shooters, ser mesmo bom a abater maquinaria inimiga.
Outras habilidades especiais podem ser recuperadas no modo arcade, marcado pela ausência da história e concentração na estratégia. As cápsulas vão desde a possibilidade de manipular o tempo (retroceder) para corrigir pequenos erros, refletir para a maioria das balas e projéteis e, por último, acelerar, atrasando o fluxo do tempo ao redor do avião. O controlo do tempo é talvez o maior risco por que passa Sine Mora. Ao permitir que se faça uma gestão do tempo disponível para fintar as balas e atacar mais depressa certos inimigos, as coisas ficam um pouco mais simples. Aparentemente. Como há um limite para gerir esse poder, vão acabar por guardar o melhor do efeito para os momentos mais apertados, que acontecem quando o ecrã fica repleto de balas azuis e cor de laranja. E o que não falta é secções complicadas onde invariavelmente serão atrasados e irão perder tempo preciso.
Em alternativa contam com outros poderes como o poder de fogo e as bombas. O poder de fogo aumenta à medida que acertam nos inimigos e recolhem "tokens" por eles libertados. Os "tokens" vermelhos são preciosos. Com mais poder de fogo conseguem abater com facilidade as armas inimigas e acabar com as ameaças. Mas se forem atingidos ou chocarem com algum objeto perdem os créditos de poder de fogo. Podem sempre tentar recuperá-los (eles saltam literalmente do aparelho), mas é quase como perder duas ou três bolas no mar. Só conseguimos recuperar uma. As bombas são o elemento mais básico e comum aos shooters. Causam grande dano nos inimigos e afastam, temporariamente, o sufoco causado por tantas balas.
As explosões dos inimigos causam sensação, impacto, e à medida que aumentam o poder de fogo do vosso aparelho e fazem uso das habilidades especiais, entram numa espécie de "fire mode", só interrompido pela entrada em cena, com grande estilo dos bosses. O combate final de cada capítulo divide-se por vários momentos. Alguns bosses são de tal modo gigantescos que terão de sobrevoar ao redor e avançar por fases antes de os reduzirem a um monte de sucata. Depois de os derrotarem eles ficam disponíveis no modo treino para que consigam otimizar a estratégia da próxima vez que chegarem até eles numa dificuldade mais elevada.
"Como dissemos atrás, Sine Mora é visualmente arrebatador. Há paisagens de sonho como praias e ilhas cobertas por um azul tão férias."
Dentro do modo normal (para principiantes), Sine Mora não é particularmente difícil. Conseguem ver os créditos finais em poucas horas. Os oito capítulos são extensos e polvilhados de muita hipnose, mas não leva muito tempo até acabar a história. A partir do momento que transitam para o grau de dificuldade seguinte que vos dá acesso ao verdadeiro final do jogo, entram no verdadeiro desafio, capaz de vos colocar literalmente à prova. É também aqui que chega toda a satisfação resultante dos scores e, progressivamente, conseguem obter melhores resultados. O "score attack" e "boss training" como opções no modo arcade (despido de história e focado na ação que assim previne que recorram à maçada do botão RB para fazer avanço rápido às cenas animadas) revelam-se bastante úteis para jogadores experientes.
A história do jogo é complexa. As personagens falam uma língua diferente. São animais que falam e agem como humanos (como os da série Starfox da Nintendo), sujeitos a um enquadramento espacial e temporal próprios. Não sendo fundamental para as aspirações do jogo, a história está bem adaptada à dimensão conceptual e artística do jogo. Existe até um quadro com tópicos de informação sobre os vários elementos da narrativa. Tudo sempre bem servido.
Como dissemos atrás, Sine Mora é visualmente arrebatador. Há paisagens de sonho como praias e ilhas cobertas por um azul tão férias. Desertos, secções industriais interiores onde temos de transportar a nossa nave por um percurso onde flui lixo, uma magnífica cidade vista à distância, um caminho de ferro. Tantos locais admiráveis. A atenção no detalhe e nos pormenores dos cenários assegura uma sensação constante de perfeição, fluidez e profundidade. Mas o que faz desta uma experiência sensorial completa é a ligação dos visuais com a bem concebida trilha sonora, que parece, também ela, disposta a servir-se de uns quantos "power ups", enquanto nos concentramos a abater umas naves que voam ao nosso redor, para deixar a sua marca.
Sina Mora é um daqueles jogos especiais que chega, vê e vence. É jogo para aprender a conquistar e até os achievements, em articulação com tempo de jogo e outros dados, implicam empenho. Desafiante quando é preciso, mas ao mesmo tempo permissivo para quem é menos versado neste ardor que é o "bullet hell", temos aqui mais uma brilhante conjugação de esforços entre japoneses e ocidentais. Não só apetecível como marcante, possui todas as condições para entreter muito tempo, mesmo se não existe multiplayer. Tem entrada direta para a lista dos melhores do género.