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Sing Party - Análise

Quem canta seus males espanta.

A Nintendo Wii U chegou ao mercado há menos de dois meses e com ela veio uma fortíssima lista de jogos para acompanhar o lançamento. Com jogos espalhados por géneros dominantes, faltava uma alternativa que pudesse ir ao encontro de quem nutre interesse pelos jogos de voz e canto, o karaoke. Nem toda a gente consegue cantar e encantar, isso está cabalmente demonstrado naqueles concursos televisivos que pretendem encontrar novas estrelas, mas o que é certo é que no conforto do lar podemos dar azo mesmo às figuras mais tristes para cantar aquele tema intemporal, clássico ou a estrear, que não somos punidos por isso.

Mas a alternativa já existe e chama-se Sing Party. Felizmente o jogo não traz consigo aquele júri exigente capaz de ser tão depreciativo sobre as vossas oitavas abaixo do timbre necessário. As vossas prestações serão sobretudo avaliadas pelos amigos que tiverem por perto e estiverem disponíveis para se juntarem à festa, pois, no final, eles também poderão ter o microfone em mãos para sentir o pânico que é enfrentar uma plateia.

Os jogos de karaoke ganharam força por cá há largos anos para as plataformas domésticas. Sendo bons produtos para momentos mais festivos e alargados ao convívio entre os amigos, são óptimos para uma adesão imediata e sem grandes complexidades. Sing Party possui os elementos necessários para entrar depressa nas canções. Um microfone acompanha o jogo e pode ser ligado a uma das portas USB da consola. A ausência de uma reserva para baterias faz deste um microfone com fios, não sendo agradável se tiverem necessidade de o deslocar constantemente, mas em contrapartida também não têm de se preocupar com a aquisição de baterias. Outro ponto menos positivo é a impossibilidade de provocar efeitos dentro da música a partir do microfone.

Aqui talvez tenha sido uma decisão tomada pela Freestyle Games depois de estender o esquema de opções e acompanhamento do jogo ao GamePad. Na prática, este funciona como um ecrã de tv que permite ao jogador voltar costas para o ecrã e olhar de frente a plateia. Esse conceito ganha força, até porque surgem no ecrã do GamePad instruções para que o jogador anime o público com palmas, passagens do refrão, etc. No entanto, e sendo verdade que este sistema favorece a interacção entre o jogador e a audiência, raramente produz efeitos positivos no plano da interacção virtual, deixando sempre uma impressão de grande liberdade mas com poucos efeitos ao nível do "tracking", quando o que se espera é que o o jogo proporcione divertimento.

Porém, se possuírem mais um microfone e dois wii remotes, podem distribuir os comandos pelos presentes e ainda destinar que as canções sejam cantadas em duetos (usando outro microfone), ao mesmo tempo que outras pessoas podem acompanhar o ritmo através de acordes de guitarra e de batidas oriundas de um instrumento de percussão. Mas também aqui a experiência não se transforma em algo emocionante. A ideia passa por manter as pessoas embrenhadas na música, mas nunca chega a ser um sistema competitivo. Através do ecrã da tv podem acompanhar a letra e se quiserem acompanhar o cantor durante o refrão.

Por outro lado, o feedback da nossa voz não é tão grande. Podemos sempre ir às opções e mexer nos efeitos da música, diminuindo certos sons e até a intensidade da música para que fique mais audível a nossa prestação, só que nunca chega a existir um retorno claro da nossa voz.

A grande falha que podemos apontar ao modo Party é a inexistência de um sistema de pontuação mais eficaz, já que numa das opções nem chega a contabilizar as prestações das pessoas que usaram os segundos comandos e mais um microfone. A ausência de um sistema de pontuação esvazia de significado a actuação, e sem um sistema de competição pode diluir-se o interesse. Alternativamente, o modo Team permite colocar duas equipas em confronto, interpretando temas distintos, mas as regras para o reconhecimento do vencedor pecam pela ausência de critérios. A intenção é mesmo favorecer o karaoke e a boa disposição entre os presentes, porque em termos de competição, não há mais nada do que uma mera classificação.

Carly Rae Jepsen detém um dos temas do momento.

Por outro lado, estranha-se que o modo Sing não possua leaderboards, que permitiria comparar a nossa prestação com a dos amigos, para criar mais competição. Outros jogos fazem um registo mais apurado da progressão e aqui o que temos é uma subida de ranking à medida que são cumpridos certos objectivos. Neste modo de jogo, já existe mais sentido de desafio. O nosso timbre de voz deve entrar dentro do registo destacado no ecrã e quão mais eficazes formos na captação do timbre certo, mais pontuação recebemos. O resultado final é atribuído em 3 categorias, mas aqui sentimos que à exepção do critério energia, é possível chegar a resultados como excelente sem conseguir uma interpretação autêntica e perfeita do tema. No modo Sing, o jogador encontra mais algumas opções, como criar a sua playlist, treinar segmentos específicos de canções e cantar apenas uma versão limitada do tema, sendo que a pontuação alcançada até um máximo de 5 estrelas fica gravada num quadro de classificações no qual podem figurar diversos utilizadores. Mas também se trata de um quadro de opções bastante escasso.

Sing Party possui uma lista ampla de temas. Cerca de 50 músicas podem ser percorridas facilmente através do ecrã do GamePad. Vão encontrar temas das mais diversas origens. Dos rhytm'n blues de Rihanna aos clássicos "I want you back" dos Jackson 5, há também os tops de vendas e temas do momento dos charts como "Call me maybe" de Carly Rae Jepsen. Depois há Sinatra, Beach Boys, Queen, Duffy, James Brown, .... Podendo gostar-se mais ou menos das faixas eleitas, quase todas decorrem de um alinhamento predominantemente comercial, mas também alargado para chegar levar sempre até qualquer pessoa algumas músicas que possam interessar. O grande lamento que se pode apontar é a inexistência dos clips de vídeo. Estes foram substituídos por fundos musicais que possuem um design colorido e adaptado à letra, mas que ficam distantes da conquista que seria ter, em alternativa, juntamente com a música, o vídeo oficial.

Em suma, Sing Party é um jogo que só pode ser recomendado se estiverem a pensar numa forma de divertimento colectivo e persistente. A título individual pode acontecer que a lista de temas não colha o vosso agrado e a ausência de um desafio autêntico vos desmotive a breve trecho. Exceptuando a gestão inovadora das opções ao nível do GamePad, Sing Party revela-se parco em novidades no que respeita ao desafio e a isso acresce os poucos modos de jogo. Mas sempre tem valor e de um modo geral mostra-se adequado à sua finalidade, proporcionar divertimento através da voz.

6 / 10

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