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Skull and Bones - Nunca foi tão aborrecido ser pirata

Um rombo no casco.

Crédito da imagem: Ubisoft
Skull and Bones é uma proposta que, francamente, não deveria ter avançado até à sua conclusão. Monótono e sem variedade de conteúdos, a experiência torna-se rapidamente desinteressante. Não consegue cumprir o essencial de um videojogo: entreter e motivar o jogador a regressar.

Skull and Bones está finalmente nas mãos dos jogadores, após um longo percurso marcado por adiamentos e mudanças na equipa de gestão. O desenvolvimento tem sido como uma verdadeira tragédia, cheia de obstáculos e incertezas. No entanto, mesmo perante as adversidades, a Ubisoft manteve-se firme na crença do projeto. Agora é hora de avaliar o resultado final deste trabalho e descobrir se consegue ultrapassar as dúvidas que o acompanharam ao longo de todos estes anos.

Esta proposta não é um enigma; há muito que o seu carácter é evidente. O jogo aventura-se pelo tema dos piratas, num vasto mundo aberto cheio de oportunidades de aventura. Logo que foi anunciado, tornou-se conhecido por prometer aos jogadores a possibilidade de comandar navios e explorar os mares com liberdade. É uma proposta que evoca a nostalgia de filmes clássicos sobre piratas, sobretudo aqueles que conquistaram os nossos corações, nomeadamente os primeiros capítulos da saga Piratas das Caraíbas.

O início da carreira de Pirata

Nos primeiros momentos, somos meros sobreviventes de uma desastrosa batalha naval, em que a nossa frota foi dizimada e apenas alguns de nós escaparam com a ajuda de simpáticos desconhecidos. Este momento marca o início da nossa jornada de conquista. Com uma embarcação modesta, enfrentámos desafios para sobreviver, realizando missões simples que, com o tempo, desdobram-se numa trama mais complexa. É através dessas aventuras que subimos na hierarquia pirata, almejando níveis mais altos na arte da pilhagem.

Um aviso aos navegadores: a trama principal de Skull and Bones, que tenta envolver os jogadores na sua narrativa, é muito pobre. A ligação entre o jogador e o próprio jogo é prejudicada pela execução descuidada do trabalho das personagens e da interação entre as mesmas. Desde as cinemáticas mal concebidas, aos diálogos sem emoção e aos visuais pouco apelativos, a experiência é marcada por uma sensação de vazio. Para piorar a situação, a nossa própria personagem é muda, adicionando assim mais uma dimensão de desconexão em relação a todo o enredo.

O tratamento dado pela Ubisoft à narrativa em Skull and Bones é desanimador, o que reflete uma falta de interesse e de esforço para a tornar cativante. Parece que a narrativa está lá apenas para preencher os espaços em branco, servindo como uma mera ligação entre eventos, em vez de envolver o jogador num mundo rico e cativante de pirataria. A sensação é que o enredo foi negligenciado, como se se tratasse de um projeto em acesso antecipado, em vez de um título totalmente acabado.

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Missões e mais missões e mais missões

A mecânica de jogo em Skull and Bones está intrinsecamente ligada à realização de missões, sejam elas principais ou secundárias. São tantas as tarefas disponíveis que é fácil perdermo-nos no meio delas, ao ponto de receber um aviso de que já não é possível aceitar novas missões. No meio desta avalanche de objetivos, que muitas vezes fazem com que nos sintamos meros estafetas, há alguns que se destacam pela sua conceção sólida e estimulante, proporcionando momentos gratificantes, no entanto, estas são escassas no meio de um oceano de tarefas monótonas e desinteressantes.

Nas missões mais interessantes, somos colocados na pele de piratas que perseguem inimigos e afundam os seus navios, pilham portos ou caçam monstros marinhos, são momentos bem divertidos. Contudo, a maioria das tarefas resume-se ao tedioso transporte de mercadorias de um ponto para outro, que ao longo do tempo torna-se extremamente repetitivo. Apesar de existirem alguns extras, como a procura de tesouros através de mapas ou a investigação de eventos em busca de recompensas, a maior parte das missões não passam de um mero preenchimento de conteúdo, sem o mesmo brilho e envolvimento proporcionados pelas poucas missões de combate.

As tarefas são geridas por um sistema de economia, em que a recolha de recursos é essencial para diversas execuções. Desde a construção de novos barcos até à produção de arsenal e consumíveis, cada aspeto do jogo requer recursos específicos. Embora este formato permita explorar o vasto mundo aberto e descobrir novos locais, as tarefas associadas tornam-se muitas vezes entediantes devido à sua natureza consumidora de tempo, apesar de não serem particularmente complexas.

As atividades fora dos navios são feitas em lugares específicos, nomeadamente em algumas localidades, como o ferreiro ou a pessoa que constrói as embarcações. É também nestes locais que se podem obter missões extra. Estas povoações foram criadas de uma forma que deixa a sensação de que tudo foi feito à pressa, à última hora. Também são visualmente pobres e, na PS5, parecem ter sido retiradas de um jogo para a PS3. Para além das "cidades" principais, temos postos avançados espalhados pelo mapa, locais que permitem viagens rápidas, para além de serem locais de comércio, de procura de tesouros ou de ligações a missões.

Salvam-se as batalhas navais

Skull and Bones salva-se pela sua excelente jogabilidade naval, que proporciona uma experiência gratificante enquanto se navega pelos mares e se participa em intensos combates navais. A construção e a evolução dos nossos navios são aspectos particularmente gratificantes, contribuindo para a sensação de progressão e crescimento na aventura. Esta qualidade não é de estranhar, dado que o jogo expande e melhora os elementos navais já estabelecidos em jogos anteriores da série Assassin's Creed. No entanto, apesar destes pontos fortes, Skull and Bones não consegue oferecer uma proposta totalmente diferente ou inovadora em termos da sua componente naval, dá-lhe uma maior profundidade, mas com um ponto muito crítico, o imenso grinding que é exigido.

A vasta gama de opções e configurações para as embarcações, constituem um dos pontos fortes do jogo. Os jogadores são desafiados a estudar cuidadosamente as suas escolhas, optando entre navios ágeis e manobráveis ou embarcações mais robustas e capazes de suportar grandes quantidades de danos. Cada peça e componente é crucial, com uma grande variedade de armas, sistemas de defesa e itens consumíveis. Esta diversidade permite uma experiência altamente personalizada, em que tens de combinar diferentes elementos para obteres eficácia tanto na navegação como nas batalhas navais.

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Esta proposta é principalmente cooperativa, onde o PvP fica em segundo plano, embora esteja presente, especialmente durante eventos específicos em que vários jogadores competem pelo mesmo prémio. Afundar os navios dos outros jogadores não é tarefa fácil, requer estratégia e um conhecimento profundo das capacidades do nosso navio. Os momentos de cooperação também desempenham um papel importante, pois oferecem uma ajuda valiosa quando solicitados ou em momentos espontâneos. Numa ocasião, enquanto caçava um monstro marinho, um jogador casual juntou-se à batalha sem ser convidado, criando-se um momento de interação interessante entre jogadores a lutar pelo mesmo objetivo.

Construir este mundo aberto a partir de uma base sólida até poderia resultar, mas nota-se desleixo, como se tudo tivesse sido feito à pressa. O sistema económico é mais um obstáculo do que uma ferramenta para o jogador, exige dezenas de horas de tarefas repetitivas para obter recursos. Com este processo de grinding, que consome demasiado tempo, são poucas as oportunidades de divertimento.

Para além da proposta já de si pouco consistente, o ponto mais fraco de Skull and Bones é o seu fraco grafismo na PlayStation 5, especialmente no modo de desempenho a 60 fotogramas por segundo. Visualmente, assemelha-se mais a um título de há duas gerações, com uma resolução extremamente baixa e texturas de qualidade muito duvidosa. É incompreensível como este padrão gráfico foi aprovado para as consolas da atual geração.

É importante reconhecer que, tecnicamente, Skull and Bones foi lançado sem problemas significativos, nomeadamente problemas nos servidores, erros graves ou bugs. Este é um ponto que vale a pena destacar, especialmente nos dias de hoje, quando muitos lançamentos sofrem de problemas que comprometem a experiência de quem pagou. Nesse sentido, a Ubisoft fez um trabalho robusto em termos técnicos, garante uma experiência estável e livre de contratempos, como é esperado de um jogo completo pronto para o lançamento.

Resultado constrangedor

Skull and Bones, infelizmente, não oferece muito mais do que uma experiência dececionante. A Ubisoft insistiu num projeto que, desde o início, não possuía os elementos necessários para resultar num produto final satisfatório. O resultado é em muitos pontos constrangedor: acaba por ser um dos jogos mais aborrecidos que experimentei nos últimos anos. A maior parte do tempo é passada numa busca interminável de recursos para melhorar a nossa embarcação, uma atividade tão monótona que a vontade de regressar é praticamente nula.

Prós: Contras:
  • Salva-se pelos combates navais
  • Boa personalização das embarcações e do personagem
  • Sem problemas técnicos evidentes
  • Visuais mesmo muito pobres
  • Narrativa sem ponta por onde se pegue
  • Muito maçador, mesmo aborrecido
  • Demasiado grinding

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